Vinte quarto horas
antes de ter a prisão
preventiva decretada pela Justiça, o
assessor especial da Presidência da República Eduardo Gaievski concedeu uma
entrevista a VEJA. Acusado de abusar de menores de idade, Gaievski, que
despachava no quarto andar do Palácio do Planalto, está foragido desde a última
sexta-feira. Seus advogados tentam revogar o decreto de prisão emitido pelo
Fórum de Realeza, no Paraná, cidade que ele comandou de 2005 a 2012. Uma
investigação do Ministério Público e da polícia reuniu depoimentos de
menores acusando o ex-prefeito petista de oferecer dinheiro e emprego na
prefeitura em troca de favores sexuais. Segundo os depoimentos, o assessor
pagava entre 150 e 200 reais a meninas pobres da cidade para manter relações sexuais
com elas. Exonerado do cargo no último sábado, Gaievski era encarregado de
coordenar importantes programas sociais do governo, como o de combate ao crack
e o de construção de creches. Ele se diz vítima de perseguição política
promovida por adversários.
O senhor está sendo acusado de abusar sexualmente de
menores. Para trabalhar na Casa Civil eu apresentei todas as
certidões negativas. Fui ao Tribunal de Justiça, fui à Comarca de Realeza e não
tinha nenhuma acusação contra mim. Estou sendo vítima de perseguição política.
Quem está perseguindo o senhor? Denunciei toda a máfia da minha prefeitura, da cidade.
Denunciei a promotora, o delegado, porque vendiam bebida alcoólica dentro das
escolas. Eu combato o álcool. Tenho família, tenho 27 anos de casado. Tenho
honradez, idoneidade.
Há vários depoimento de menores que dizem
que o senhor pagou por favores sexuais. Jamais, jamais...
Consta que no inquérito existem mais de
vinte testemunhas. O que quero é me defender, mostrar que não fiz isso.
Não concordo é com tentarem me destruir pessoalmente. Por que não tem nenhum
processo, por que não me processaram? Por que não me pegaram em flagrante? Era
só me seguir.
Entrevistamos três meninas que confirmaram
as acusações. Imagina numa cidade que é desse (sic) tamainho.
Por que não me prenderam? Quando você começa a denunciar, que você entra nessa
desgraça da política, você arruma inimigos, porque todo mundo quer assaltar a
prefeitura. A promotora lá é mulher do delegado. Um dia falei para o delegado:
“Doutor, a cidade inteira está comentando que o senhor está cobrando propina
daquele motel para deixar a prostituição correr".
O senhor chegou a formalizar essa
denúncia? Não. Estava esperando eu ser denunciado primeiro, o
que nunca aconteceu. Tenho tudo gravado. As armações que fizeram. Tenho noção
de três a quatro pessoas que a promotora levou para depor. Tem uma funcionária
que demiti entre as pessoas que me acusam. A mãe dela me ligou. Ela foi lá na
promotora chorar as pitangas. Tem uma médica que demiti. Foi lá, dizendo que eu
não tinha pago. Mandei ela fazer a denúncia.
Seriam mais de vinte testemunhas. Você está falando de uma cidade de
16.000 habitantes e você está falando de vinte pessoas. Duvido que tenham
conseguido arrumar vinte adolescentes contra mim. Por que não me deram um
flagrante? 'Vamos pegar ele aqui, com uma bendita menor'.
O senhor chegou a denunciar essa “armação”
da promotora contra o senhor? Eu estou esperando que me denunciem. Quando me
denunciarem... Por que não me denunciam? Até o dia 21 de janeiro, quando vim
aqui conversar com a ministra Gleisi, não tinha nenhum processo contra mim.
O senhor nunca teve acesso à investigação? Não tenho acesso a nada, porque não foi feita
denúncia. Eu não tenho nada a ver com isso. Eu sou a vítima. Você está me dando
o direito de me defender. Eu fui reeleito com 84% dos votos, numa cidade
pequenininha. Falar em vinte meninas desse jeito, não tem como. Eu não
tenho medo, porque eu não fiz coisa errada. Site da Revista VEJA
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