As FARC planejavam ataque em Madri

As autoridades colombianas revelaram ontem (quarta-feira) que em um dos e-mails encontrados no computador de ‘Raúl Reyes’, o novo líder das FARC, ‘Alfonso Cano’, afirma que deve “elaborar um projeto” de fazer um atentando em Madri. Segundo as primeiras análises, as FARC planejavam atentados contra personalidades colombianas na capital espanhola.

- “Proponho que você elabore o projeto que orienta o camarada sobre o atentado em Madrid“, diz a mensagem que ‘Cano’ enviou aos membros do Secretariado (cúpula) das FARC.

A execução de 11 seqüestrados, por ‘erro’
Em outro correio eletrônico divulgado na terça-feira pelas autoridades, ‘Cano’ reconhece que a morte dos 11 deputados do departamento colombiano do Valle del Cauca (sudoeste), em 18 de junho do ano passado, deveu-se a um erro da guarda dos seqüestrados que confundiu uma unidade da guerrilha do ELN.

- “Por uma grave confusão com outra unidade das FARC que os confundiu com ‘elenos’ e os atacou, a guarda executou 11 dos 12 reféns porque pensavam que o Exército os atacava. Um grave equívoco que nos criará muitos problemas”, diz a mensagem encontrada no PC de “Reyes”.

A morte dos 11 dos 12 deputados seqüestrados em 2002 pelas FARC em Cali, capital de Valle del Cauca, aconteceu durante um fogo cruzado com um grupo militar não identificado”, segundo as FARC. A versão foi rechaçada pelo governo que os acusou de assassinato.

Em outro e-mail, ‘Cano’ diz ao comando rebelde que eles devem jogar a culpa no Exército, pela morte dos 11 deputados, e aconselha que uma boa estratégia seria atrair as tropas ao sítio do acontecimento “Se o Exército estiver por perto do lugar onde aconteceu o feito, podemos arrastá-los para esse lugar e jogar a culpa pelas mortes, sobre o inimigo”, diz a mensagem. Tradução: Arthur (MOVCC) 'Alfonso Cano', novo líder das FARC. (Foto: Reuters) – Fonte: El Mundo.es




E-MAIL ATRIBUIDO ÀS FARC CITA CHANCELER AMORIM


Uma troca de mensagens entre membros das FARC revela que a guerrilha esperava ter a proteção da cúpula do governo Lula para evitar a prisão do padre Olivério Medina, seu "embaixador" no Brasil. A mensagem cita o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim. Segundo fonte da inteligência colombiana, o texto fazia parte dos arquivos de computador de Raúl Reyes - o dirigente do grupo morto em 1º de março, em ataque da Colômbia em território equatoriano.

No e-mail, datado de 29 de julho de 2005, Medina demonstra estar informado do pedido de captura encaminhado pela Procuradoria da Colômbia à Interpol (polícia internacional). "Os amigos daqui me advertiram que deveria ficar atento, pois há uma comissão da Procuradoria que tem uma ordem de captura", escreveu. Ele acrescentou que, segundo os mesmos amigos, não deveria se preocupar, pois "a cúpula do governo com apoio de Celso Amorim estavam a par. Eles não apoiariam uma captura por crimes políticos". Por Cláudio Dantas – Folha de São Paulo



MILITARES DISTRIBUEM COMIDA NO HAITI ANTES DE LULA CHEGAR

Na véspera da chegada do presidente Lula ao Haiti, militares brasileiros que integram a missão de paz das Nações Unidas desde 2004 foram mobilizados na distribuição de 150 toneladas de comida em sete redutos pobres da capital, Porto Príncipe. No mês passado, uma nova onda de turbulência atingiu o país, conturbado pela fome. Parte da ação foi acompanhada pelo ministro Nelson Jobim (Defesa), que chegou ontem. A Embaixada do Brasil desembolsou US$ 200 mil na compra de alimentos para atender cerca de 10 mil famílias. Jobim negou que a distribuição tenha relação com a chegada de Lula para a segunda visita às tropas brasileiras. Por Letícia Sander – Folha de São Paulo



LULA DEFENDERÁ AMPLIAÇÃO DE MISSÃO BRASILEIRA
Lula da Silva chega à capital haitiana, Porto Príncipe, nesta quarta-feira, onde irá se encontrar com o presidente do país, René Preval, e com membros do governo interino do Haiti. Durante sua visita, Lula deverá reforçar o papel dos militares brasileiros que comandam as forças de paz da ONU e defender a ampliação do número de soldados do Brasil na nação caribenha. Na terça-feira, a ONG britânica Save The Children acusou as forças de paz presentes no Haiti de praticarem abusos sexuais contra menores. BBC Brasil



COMENTÁRIO
Porque somos gatos escaldados e aprendemos durante esses anos de “lulismo”- que o presidente nunca que dá “ponto sem nó” em suas decisões, questionamos sim, sobre o porquê o Brasil insiste em aumentar seu contingente no Haiti e, por prazo indeterminado? E, justamente num momento em que os jornais do mundo inteiro estampam o escândalo dos crimes de abuso sexual com as crianças pelas tropas da ONU.

As tropas de paz no Haiti estão sob o comando do Exército Brasileiro. Obviamente, que general Carlos Alberto dos Santos Cruz está preocupado com esta notícia. Disse ele: “Esse tipo de notícia tem de ser muito bem amparada, porque senão se torna irresponsável. Se a gente tem qualquer informação concreta, abre uma investigação. Depois, a investigação segue para o país do infrator, para que sejam tomadas providências legais - explicou. No momento, segundo o general, não existe nenhuma investigação desse tipo em andamento. - Essa notícia pode espalhar uma idéia que não é correta, de que isso acontece muitas vezes. Mas, se acontece, é exceção - completa o general.”

Pois bem. Seria neurose demais imaginar, por exemplo, que o Lula possa estar expondo nosso Exército, propositalmente? Ou, então, é burrice demais. A força de paz naquele país é formada pelos exércitos do Paraguai, Argentina e outros vizinhos. Esse escândalo pode macular, ou, no mínimo, suscitar dúvidas sobre a capacidade de comando do nosso Exército.

Ainda é muito cedo para esquecermos que o Lula continua se digladiando com os estragos provocados pelas declarações do General Heleno, sobre a incompetência do Estado na questão da demarcação dos territórios indígenas.

A pergunta é: Por que mandar mais homens para o Haiti - se o momento é justamente o de separar o “joio do trigo”? Se estiver acontecendo este crime bárbaro por lá, o Brasil (que tem a responsabilidade do comando) deve ser o primeiro interessado em botar as mãos nos criminosos infiltrados na missão e, não, querer aumentar ainda mais o número de homens naquele país. Isto, para não falar que os nossos bravos andam por lá, organizando eventos dominicais e jogando baralho, conforme matéria que publicamos da Folha de São Paulo, recentemente. Por Gaúcho/Gabriela




MISSÕES CRIMINOSAS

Organização não-governamental britânica denuncia que crianças são vítimas de abuso por parte de ativistas e soldados das tropas de paz. Estupro, prostituição e troca de sexo por comida são algumas das acusações - Da Redação do Correio Braziliense

Crianças que vivem em áreas atingidas por conflitos ou desastres ainda são vítimas de abuso sexual por parte de agentes internacionais. A denúncia faz parte do relatório No one to turn to (Ninguém a quem recorrer), divulgado pela organização não-governamental britânica Save the Children. O documento é resultado de entrevistas feitas no decorrer do ano passado. A Save the Children baseou suas conclusões em visitas feitas no ano passado ao Haiti, ao sul do Sudão e à Costa do Marfim (veja o mapa - clique para ampliar).

Os funcionários da entidade realizaram 38 sessões de debates com 250 menores entre 10 e 17 anos (129 meninas e 121 meninos) e 90 adultos, além de pesquisas estatísticas. As vítimas dos abusos são de ambos os sexos, com idade a partir dos seis anos — a maioria dos casos refere-se a adolescentes de 14 e 15 anos. Entre as ofensas relatadas há estupro, prostituição infantil, escravidão sexual, pornografia, troca de sexo por comida, tráfico infantil para sexo e exposição a indecências.

O informe afirma haver “clara disparidade entre os baixos níveis de abuso citados nas estatísticas oficiais e os altos níveis sugeridos pelas investigações de campo e outras provas”. Em 20 dos 38 grupos de discussão, os soldados da ONU foram identificados como os agressores mais prováveis. As testemunhas relacionaram 23 ONGs e organizações humanitárias nas entrevistas. “Os que cometem abusos podem ser encontrados em todo tipo de organização de paz e segurança, entre funcionários de todos os níveis e entre trabalhadores recrutados local e internacionalmente. As tropas de paz da ONU são uma fonte particular do abuso em várias localidades”, atesta o documento.

Um garoto da Costa do Marfim, que trabalha num quartel da ONU, contou: “Eles querem meninas da nossa idade. Às vezes são entre 8 e 10 homens que vão dividir duas ou três meninas. Quando eu sugeri uma mais velha, eles insistiram em uma mais jovem”.

Impunidade
Um funcionário humanitário da Costa do Marfim ironizou que “as agências da ONU e as ONGs julgam-se intocáveis”. O aspecto mais chocante é que a maioria dos casos não é denunciada e os responsáveis seguem impunes. Elizabeth (nome fictício), uma garota de 13 anos que vive na Costa do Marfim, foi estuprada por um grupo de 10 soldados de paz da ONU, que a deixaram no chão, sangrando, tremendo e vomitando. Nenhuma ação foi tomada contra os agressores. Uma haitiana de 15 anos contou que, durante passeio a um parque, ela e as amigas encontraram dois funcionários de agências humanitárias. “Eles nos chamaram, mostraram seus órgãos genitais e ofereceram cerca de US$ 2 para que fizéssemos sexo oral. Eu não quis, mas algumas das minhas amigas aceitaram”, lembra. Em alguns casos, foram oferecidos presentes caros, até mesmo aparelhos de telefonia celular.

Segundo a autora do documento, Carina Charky, as crianças não denunciam por medo de represálias. “Para fazer a pesquisa, tivemos que criar um alto nível de confiança e prometemos que não investigaríamos os casos de abuso identificados por elas”, afirmou. As pessoas também temem ficar em uma situação ainda pior. “Nós dependemos das agências”, alegou um adolescente no sul do Sudão. A Save the Children recomenda a criação de mecanismos locais e internacionais para lidar com o problema.

O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas aprovou uma resolução em 2005 determinando uma política de tolerância zero em casos de abuso sexual, mas ela não tem sido seguida à risca. O sul-coreano Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU, manifestou extrema preocupação com o problema. “O relatório é bem-vindo e estudaremos seu conteúdo atentamente. É imparcial e preciso”, afirmou, em nota divulgada pela jornalista haitiana Michèle Montas, porta-voz de Ban.




NA CHINA, PESAR DOS PAIS SE TRANSFORMA EM RAIVA

Por Andrew Jacobs* - em Dujiangyan, China - The New York Times

Pais enlutados, cujos filhos morreram esmagados em suas salas de aula durante o terremoto na província de Sichuan, transformaram as cerimônias de luto em eventos de protesto nos últimos dias, forçando as autoridades a tratar da crescente reação política negativa devido à construção de qualidade inferior de escolas públicas.

Os pais de cerca de 10 mil filhos que perderam suas vidas no terremoto se tornaram tão enfurecidos com o desmoronamento das escolas que deixaram de lado sua cautela habitual em relação a confrontar autoridades do Partido Comunista. Muitos dizem estar particularmente irritados com o fato de algumas escolas para estudantes pobres terem virado pó, enquanto prédios próximos do governo e escolas para a elite terem sobrevivido ao terremoto praticamente ilesos.

Na terça-feira, um encontro informal de pais em Dujiangyan para marcar o falecimento de seus filhos acabou dando lugar a uma fúria desenfreada. Um dos pais presentes, um trabalhador de pedreira chamado Liu Lifu, pegou o microfone e começou a exigir justiça. Sua filha de 15 anos, Liu Li, morreu juntamente com toda a classe dela durante uma aula de biologia.

"Nós exigimos que o governo puna severamente aqueles que causaram o colapso do prédio da escola", ele gritou. "Por favor, todos assinem a petição para que possamos descobrir a verdade."

ISTO, É COMUNISMO

A multidão ficou mais agitada. Alguns pais disseram que as autoridades locais sabiam há anos que a escola era insegura, mas se recusaram a agir. Outros lembraram que levou duas horas para os agentes de resgate chegarem; mesmo assim, eles interromperam os trabalhos às 22h da noite do terremoto e só retomaram as buscas às 9h do dia seguinte.

No final, mais de 200 corpos foram retirados da escola. "As pessoas responsáveis por isto devem ser trazidas aqui e uma bala deve ser disparada em suas cabeças", disse Luo Guanmin, um agricultor que carregava uma foto de sua filha de 16 anos, Luo Dan.

Confrontos entre manifestantes e autoridades tiveram início no fim de semana em várias cidades no norte de Sichuan. Centenas de pais cujos filhos morreram na Escola Primária Fuxin Nº2, na cidade de Mianzhu, promoveram um comício improvisado no sábado. Eles cercaram uma autoridade que tentava tranqüilizá-los que suas queixas seriam levadas a sério, bradando e gritando diante do rosto dela até que ela desmaiou.

No dia seguinte, a maior autoridade do Partido Comunista em Mianzhu veio conversar com os pais e impedi-los de marchar até Chengdu, a maior cidade na região, onde buscavam persuadir autoridades superiores a investigarem. O chefe local do partido, Jiang Guohua, caiu de joelhos e implorou que abandonassem o protesto, mas os pais gritaram com ele e continuaram sua marcha.

Posteriormente, à medida que a multidão já somava centenas, alguns pais entraram em choque com a polícia, deixando vários sangrando e tremendo de agitação.

Os protestos ameaçam minar as tentativas do governo de promover sua resposta ao terremoto como eficaz e de acentuar os esforços heróicos de resgate do Exército de Libertação do Povo, que enviou 150 mil soldados para a região. Os censores bloquearam reportagens detalhando a controvérsia das escolas na mídia estatal, mas uma foto de Jiang ajoelhado diante dos manifestantes virou sensação em alguns fóruns na Internet, dando ao incidente atenção nacional.

Uma das publicações mais ousadas da China, a revista de negócios "Caijing", usou seu principal artigo de comentário em sua edição mais recente para exigir que o governo aumente as investigações da construção de má qualidade de escolas. A "Xinhua", a agência oficial de notícias, também emitiu um comentário dizendo que uma resposta oficial rápida é necessária.

As autoridades em Pequim parecem reconhecer a delicadeza do assunto. Na segunda-feira, um porta-voz do Ministério da Educação, Wang Xuming, prometeu uma reavaliação dos prédios escolares em zonas de terremoto, acrescentando que os responsáveis por não cumprirem as especificações exigidas na construção de escolas seriam "punidos severamente".

As autoridades locais por toda a Sichuan também se curvaram à pressão.

Em Beichuan, as autoridades anunciaram uma investigação do colapso de uma escola de ensino médio onde morreram 1.300 crianças. Contatadas por telefone na terça-feira, duas autoridades provinciais em Chengdu prometeram uma resposta vigorosa, apesar de terem sugerido que as investigações em grande escala devem ficar em segundo plano diante das necessidades dos sobreviventes.

"Nós não estamos oficialmente investigando os problemas de qualidade nos prédios escolares, mas certamente o faremos, após terminarmos de alojar temporariamente os refugiados", disse Tian Liya, o secretário do partido do departamento de emergência do Birô de Construção de Sichuan.

A julgar pelos acessos dos últimos dias, qualquer atraso apenas enfureceria ainda mais os pais. Ao confrontarem as autoridades do Partido Comunista no sábado, os pais cercaram a vice-secretária do governo municipal de Mianzhu e a chamaram de mentirosa por seu relatório sobre o colapso da escola Fuxin, que não mencionou que 127 estudantes tinham morrido.

"Por que não fazem as coisas certas para nós?" eles gritavam. "Por que nos enganam?" Nos 20 minutos seguintes eles gritaram contra ela até que desmaiasse e tivesse que ser carregada por um assessor.

No dia seguinte, os pais direcionaram sua ira contra Jiang. Quando suas respostas provaram ser insatisfatórias, eles iniciaram sua marcha até Chengdu. Jiang se ajoelhou várias vezes implorando para que parassem. "Por favor, acreditem que o comitê do partido em Mianzhu pode resolver a questão", ele disse. Eles continuaram marchando.

Três horas depois, a polícia tentou intervir. Durante o confronto que se seguiu, o vidro quebrado dos retratos das crianças mortas deixou vários pais sangrando. Após um impasse tenso, os manifestantes concordaram em embarcar nos ônibus do governo que os levaram até Deyang, a sede do governo local. Lá, eles se encontraram com o vice-prefeito, que prometeu que daria início à investigação no dia seguinte.

"Eu espero que vocês possam se libertar deste sentimento de tristeza", disse Zhang Jinming, o vice-prefeito, antes de se despedir deles. "O governo montará uma equipe de investigação e lhes dará um resultado satisfatório."

Os pais que perderam seus filhos na Escola de Ensino Médio Juyuan disseram que ainda precisam ouvir as autoridades de Dujiangyan. Alguns poucos pais disseram ter sido abordados por professores, que lhes disseram que seriam bem compensados por sua perda - cerca de US$ 4.500 por filho - caso parassem com sua campanha pública cada vez mais ruidosa.

"Nós não queremos dinheiro, queremos apenas o fim dessa corrupção", disse Luo, o agricultor, enquanto outros concordavam com a cabeça. Muitos pais disseram ter se sentido insultado por ninguém da escola ou do governo ter vindo para oferecer condolências.

A única presença oficial no encontro de terça-feira em Dujiangyan foi um par de caminhões-tanque cheios de desinfetante, que chegaram no início da cerimônia. Enquanto os pais começavam a acender velas e incenso, um funcionário apontava sua mangueira para um monte de escombros. O forte cheiro de água sanitária logo envolveu a multidão. Então, talvez pressentindo o confronto potencial, os trabalhadores partiram.

Os pais foram informados a se agruparem segundo as turmas de seus filhos. Enquanto faziam fila, eles trocavam histórias de perda de forma entorpecida. "Quando retiraram meu menino, ele ficava implorando por água, mas então ele morreu", disse Wang Chaoping, segurando uma foto do tamanho da usada em passaporte de seu filho de 16 anos, Wang Tinghai. "Ele não era o melhor aluno, mas adorava esportes."

Alguns pais vieram abraçados em fotos emolduradas e diplomas de mérito surrados, os colocando no local onde seus filhos e filhas morreram sob pilhas de concreto partido. Os homens dispararam fogos para espantar os espíritos ruins enquanto rolos de dinheiro queimavam em meio aos escombros.

Então uma lamentação começou a ser ouvida pelo alto-falante, e ao mesmo tempo as mulheres se dobraram em agonia, um coro de 100 mães chorando a perda de seus únicos filhos. Os maridos choravam em silêncio, paralisados pela tempestade de emoção.

"Nós trabalhamos tão arduamente para criar você, e então você nos deixou repentinamente", gritava uma mulher, batendo com seus punhos nas ruínas da Escola Juyuan. "Como pôde nos abandonar para envelhecermos sozinhos?"

Outra mulher empurrou uma foto de suas filhas gêmeas em um círculo. "Eram meninas tão boas", disse a mulher, Zhao Deqin, chorando. "Nos fins de semana, elas apenas queriam cozinhar, limpar e facilitar minha vida."

Os pais cujos filhos freqüentavam Juyuan eram na maioria agricultores e operários de fábrica, e a dureza de suas vidas, e sua perda, estavam gravadas em seus rostos. Muitos, como Li Ping, 43 anos, disse que vivia frugalmente para pagar as taxas obrigatórias para refeições e uma cama no dormitório, que suportou ao terremoto quase sem nenhuma rachadura.

"Eu depositei toda minha esperança no meu único filho", disse Li, que está incapacitado de trabalhar por causa de uma doença crônica no fígado. "As crianças deviam cuidar de nós na velhice." Seus olhos começaram a ficar marejados, mas então ele se conteve. "Nós não estamos pedindo dinheiro ao governo", ele disse. "Nós só queremos que eles nos digam por que elas morreram."

*Huang Yuanxi contribuiu com pesquisa para este artigo Tradução: George El Khouri Andolfato – Via UOL Internacional

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