Centenas de pessoas participaram ontem de uma carreata em protesto contra a atuação da Polícia Federal (PF), na terra indígena Raposa Serra do Sol. Os manifestantes pediam a saída imediata da PF na região e a intervenção do Exército Brasileiro. Eles entregaram uma carta com 8 mil assinaturas ao comandante da 1ª Brigada de Infantaria de Selva, general Elieser Girão Monteiro.
Segundo a Polícia Militar, mais de 800 pessoas participaram da manifestação, que reuniu indígenas ligados à Sociedade em Defesa dos Indígenas do Norte de Roraima (Sodiur) – favoráveis à permanência de habitantes não-índios na área conflagrada –, empresários do setor agropecuário e membros da sociedade civil. Não foi registrado nenhum incidente.
A concentração iniciou às 14h30, sob o viaduto Pery Cardoso Lago, localizado no bairro Pricumã. Munidos de faixas e cartazes, os manifestantes discursavam contra a ação da Polícia Federal nos conflitos registrados na reserva.
Para o presidente da Sodiur, o índio macuxi Silvio da Silva, 42, a PF tem atuado de forma parcial, em favor dos índios do Conselho Indígena de Roraima (CIR) – que exigem o cumprimento do decreto presidencial de 2005, onde determina o usufruto da Raposa Serra do Sol apenas pelos indígenas.
“Não aceitamos mais a Polícia Federal como mediadora desse conflito, pois ela já apresentou ter lado. O confronto de índio com índio existe e ela mostrou-se incapaz de solucionar”, criticou.
Conforme Silva, a saída pacífica para o entrave está nas mãos das Forças Armadas. “Os militares sabem como agir, têm honra e dignidade. Saberão nos devolver a paz”, defendeu.
Com o mesmo pensamento, o tuxaua da Comunidade de Santa Rita, localizada no Município de Uiramutã (a 360 quilômetros da Capital), Avelino Pereira, 48, também pediu a intervenção do Exército na mediação dos conflitos. Ele trouxe 10 moradores da comunidade indígena para o protesto.
“Na minha comunidade, que tem 34 famílias, todos querem saúde, educação e desenvolvimento, e não o isolamento. Acreditamos que índios e não-índios podem viver juntos e em paz, só que a PF não tem condições de ser a mediadora dessa situação”, afirmou.
Representantes do setor produtivo de Roraima também estiveram presentes na manifestação. Em tom de desagravo à PF, engrossaram o coro do “não à Polícia Federal, e sim ao Exército Brasileiro”.
“É preciso que o Governo Federal entenda que Roraima não nasceu de ‘joelhos’ e que a Polícia Federal não está aqui para fazer leis, e sim para respeitá-las. Não aceitaremos mais esse tipo de humilhação”, discursou o presidente da Associação de Criadores de Gado, José Luiz Zago, referindo-se aos bloqueios feitos pelos índios do CIR, recentemente, nas estradas de escoamento do arroz, na terra indígena.
O rizicultor Genor Faccio, 50, proprietário da fazenda Canadá, localizada na Vila Surumu, dentro da Raposa Serra do Sol, lembrou da prisão do também rizicultor e prefeito de Pacaraima, Paulo César Quartiero (DEM), na terça-feira, pela PF, acusado de formação de quadrilha e posse de artefatos explosivos.
“A PF diz que Quartiero é nosso ‘líder’ e acharam que prendendo ele nos calaria. Mas estamos aqui nesse protesto hoje [ontem] para mostrar que mesmo com o nosso chefe preso continuaremos lutando pela nossa terra e contra a homologação de forma contínua e da ação arbitrária da PF”, protestou.
Carta com oito mil assinaturas é entregue à 1ª Brigada de Infantaria.
A carreata, que reuniu mais de 70 veículos, entre caminhões, máquinas agrícolas, veículos de passeio e motos, além de pedestres, saiu do ponto de concentração às 16h, em direção à Praça do Centro Cívico e retornou em direção à 1ª Brigada de Infantaria de Selva. O percurso de cerca de 20 quilômetros foi realizado em duas horas.
Ao chegarem próximo do Exército, uma barreira feita pelos militares impediu o acesso de todos os manifestantes à área militar. Após uma negociação pacífica, o general Monteiro aceitou receber uma comitiva de representantes dos manifestantes. Antes de ingressarem na unidade, eles leram a carta em conjunto e cantaram o Hino Nacional Brasileiro.
Já na Brigada, o deputado federal Márcio Junqueira (DEM), que acompanhou toda a manifestação, leu a carta para o general, que pede uma ação pacífica da instituição nos conflitos da terra indígena em substituição à Polícia Federal, e a entregou junto com 8 mil assinaturas.
O general Elieser Monteiro limitou-se a falar que a questão sobre a Raposa Serra do Sol já foi bastante discutida por todos os setores, inclusive pelo próprio Exército, e pediu que aguardassem pela decisão do Supremo Tribunal Federal – que deve sair nos próximos dias.
“O Exército Brasileiro tem que se manter constitucionalista sempre. Sei que a comoção envolve a todos, sei que algumas pessoas estão com seus direitos cerceados, mas peço que busquem sempre a lei como solução para os conflitos”, pediu.
Ao final do encontro, o general de Brigada se comprometeu a encaminhar o mais breve possível a carta com as assinaturas ao comandante militar da Amazônia, general Augusto Heleno.
PF diz que manifestação não condiz com realidade
O superintendente regional da PF, José Maria Fonseca, reagiu à manifestação. “Essa denúncia de parcialidade não condiz com a realidade. A polícia não tem lado. Estamos aqui para cumprir a lei e o que o Supremo Tribunal Federal decidir nós vamos cumprir”, afirmou.
O superintendente explicou ainda que o trabalho realizado na Raposa Serra do Sol é de segurança pública, ação que está fora das atribuições do Exército, que é responsável pela soberania nacional. “Nós estamos cumprindo com o nosso dever. Estamos desobstruindo rodovias e desfazendo manifestações dos indígenas”, disse. Folha de Boa Vista
Conforme Silva, a saída pacífica para o entrave está nas mãos das Forças Armadas. “Os militares sabem como agir, têm honra e dignidade. Saberão nos devolver a paz”, defendeu.
Com o mesmo pensamento, o tuxaua da Comunidade de Santa Rita, localizada no Município de Uiramutã (a 360 quilômetros da Capital), Avelino Pereira, 48, também pediu a intervenção do Exército na mediação dos conflitos. Ele trouxe 10 moradores da comunidade indígena para o protesto.
“Na minha comunidade, que tem 34 famílias, todos querem saúde, educação e desenvolvimento, e não o isolamento. Acreditamos que índios e não-índios podem viver juntos e em paz, só que a PF não tem condições de ser a mediadora dessa situação”, afirmou.
Representantes do setor produtivo de Roraima também estiveram presentes na manifestação. Em tom de desagravo à PF, engrossaram o coro do “não à Polícia Federal, e sim ao Exército Brasileiro”.
“É preciso que o Governo Federal entenda que Roraima não nasceu de ‘joelhos’ e que a Polícia Federal não está aqui para fazer leis, e sim para respeitá-las. Não aceitaremos mais esse tipo de humilhação”, discursou o presidente da Associação de Criadores de Gado, José Luiz Zago, referindo-se aos bloqueios feitos pelos índios do CIR, recentemente, nas estradas de escoamento do arroz, na terra indígena.
O rizicultor Genor Faccio, 50, proprietário da fazenda Canadá, localizada na Vila Surumu, dentro da Raposa Serra do Sol, lembrou da prisão do também rizicultor e prefeito de Pacaraima, Paulo César Quartiero (DEM), na terça-feira, pela PF, acusado de formação de quadrilha e posse de artefatos explosivos.
“A PF diz que Quartiero é nosso ‘líder’ e acharam que prendendo ele nos calaria. Mas estamos aqui nesse protesto hoje [ontem] para mostrar que mesmo com o nosso chefe preso continuaremos lutando pela nossa terra e contra a homologação de forma contínua e da ação arbitrária da PF”, protestou.
Carta com oito mil assinaturas é entregue à 1ª Brigada de Infantaria.
A carreata, que reuniu mais de 70 veículos, entre caminhões, máquinas agrícolas, veículos de passeio e motos, além de pedestres, saiu do ponto de concentração às 16h, em direção à Praça do Centro Cívico e retornou em direção à 1ª Brigada de Infantaria de Selva. O percurso de cerca de 20 quilômetros foi realizado em duas horas.
Ao chegarem próximo do Exército, uma barreira feita pelos militares impediu o acesso de todos os manifestantes à área militar. Após uma negociação pacífica, o general Monteiro aceitou receber uma comitiva de representantes dos manifestantes. Antes de ingressarem na unidade, eles leram a carta em conjunto e cantaram o Hino Nacional Brasileiro.
Já na Brigada, o deputado federal Márcio Junqueira (DEM), que acompanhou toda a manifestação, leu a carta para o general, que pede uma ação pacífica da instituição nos conflitos da terra indígena em substituição à Polícia Federal, e a entregou junto com 8 mil assinaturas.
O general Elieser Monteiro limitou-se a falar que a questão sobre a Raposa Serra do Sol já foi bastante discutida por todos os setores, inclusive pelo próprio Exército, e pediu que aguardassem pela decisão do Supremo Tribunal Federal – que deve sair nos próximos dias.
“O Exército Brasileiro tem que se manter constitucionalista sempre. Sei que a comoção envolve a todos, sei que algumas pessoas estão com seus direitos cerceados, mas peço que busquem sempre a lei como solução para os conflitos”, pediu.
Ao final do encontro, o general de Brigada se comprometeu a encaminhar o mais breve possível a carta com as assinaturas ao comandante militar da Amazônia, general Augusto Heleno.
PF diz que manifestação não condiz com realidade
O superintendente regional da PF, José Maria Fonseca, reagiu à manifestação. “Essa denúncia de parcialidade não condiz com a realidade. A polícia não tem lado. Estamos aqui para cumprir a lei e o que o Supremo Tribunal Federal decidir nós vamos cumprir”, afirmou.
O superintendente explicou ainda que o trabalho realizado na Raposa Serra do Sol é de segurança pública, ação que está fora das atribuições do Exército, que é responsável pela soberania nacional. “Nós estamos cumprindo com o nosso dever. Estamos desobstruindo rodovias e desfazendo manifestações dos indígenas”, disse. Folha de Boa Vista
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