Despesa, no valor de R$ 3.808, feita em viagem de Lula em 2004, foi classificada pelo governo como "sigilosa" e está sendo analisada pelo TCU e pela CPI
A Presidência usou cartão corporativo para comprar 595 marmitas e o mesmo número de refrigerantes durante uma viagem do Lula da Silva ao Pará, em fevereiro de 2004, na qual 40 auxiliares de apoio acompanharam a comitiva, que passou cerca de quatro horas no Estado e chegou após o almoço.
A despesa foi classificada como "sigilosa" e está sob análise da CPI dos Cartões e entre documentos requisitados pelo TCU (Tribunal de Contas da União) para auditoria.
A compra foi feita no restaurante Sinhá Norte Comércio e Representação, que vende comida popular, por um dos ecônomos (servidor que cuida dos gastos) que serve ao presidente, Clever Pereira Fialho. O custo foi de R$ 3.808. Cada marmita custou R$ 5 e os refrigerantes, R$ 1,40, segundo a nota fiscal 1.142, a que a Folha teve acesso.
Na viagem, o ecônomo pagou R$ 8.155 no hotel Hilton por hospedagem de assessores. Notas indicam que 40 funcionários acompanharam Lula. Há despesa de R$ 259 com refeição de 37 motoristas no hotel no dia 26, mesma data em que as marmitas foram compradas.
Francielle Sebonatto que informou ser dona do restaurante, contou que marmitas foram levadas ao evento pela equipe de Lula e que foi informada de que eram para a comitiva.
O pedido, disse Franciele, foi para que se colocasse comida simples como arroz, feijão, bife e salada. A comida, disse, foi servida na hora do almoço.Ela disse que, após ser questionada pela Folha, a Presidência a procurou querendo saber se a nota não era fria. "Me ligaram para ver a veracidade, se a gente é um restaurante."
A Folha questionou por três dias a Casa Civil para que informasse o motivo da compra de 595 marmitas e qual a comitiva que acompanhou Lula. Após três dias de contato, a assessoria da Casa Civil informou que o órgão não iria se pronunciar.
O único compromisso de Lula em Belém naquele 26 de fevereiro de 2004 foi uma visita à bacia de Tucunduba. Ficou cerca de quatro horas na cidade, depois foi para a Venezuela, para reunião do G15.
Seu discurso estava marcado para as 15h30, mas, segundo jornais locais, só começou às 18h. Lula teria desembarcado às 15h50. Antes de ir para o palanque, visitou as obras. Apesar do atraso, centenas de pessoas participaram do evento.
Lula estava acompanhado dos então ministros José Dirceu (Casa Civil), Ricardo Berzoini (Previdência), Ciro Gomes (Integração Nacional) e dos atuais Marina Silva (Meio Ambiente) e Celso Amorim (Relações Exteriores). O gasto chamou a atenção de oposicionistas, que acusam o governo de ter oferecido "bolsa marmita" para manter o público no ato. "Se foram compradas 595 refeições num dia, se demonstra um gasto injustificado e que demandará investigação de TCU e CPI", disse o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), sub-relator de sistematização da CPI. Para o deputado Vic Pires Franco (DEM-PA), não é possível que a comitiva reúna 595 pessoas nem que quentinhas a R$ 5 tenham sido servidas aos ministros.
Governistas defendem o gasto. "O presidente fez uma visita ao Complexo do Alemão, no Rio, imagine a logística que isso envolve", comparou o relator, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ).
A CGU entende que o cartão não pode ser usado para pagar refeição a terceiros, mas não comenta o caso por se tratar de despesa da Presidência, que tem órgão de controle interno. Por Andrea Matais da Sucursal de Brasília – Folha de São Paulo
Após três dias, a Casa Civil informou à Folha que não iria comentar a compra das quentinhas e dos refrigerantes distribuídos no ato do Pará porque só tratará dos gastos analisados pela CPI dos Cartões depois que a investigação estiver concluída. Essa tem sido a atitude da Casa Civil quando consultada sobre gastos da Presidência.
O GSI (Gabinete de Segurança Institucional), responsável pela logística das viagens do presidente, também não comentou o assunto. O CGU (Controladoria Geral da União) afirmou que não se manifestaria porque a Presidência está fora de sua área de atuação. Presidência, Abin (Agência Brasileira de Inteligência) e Ministério das Relações Exteriores têm órgãos próprios de controle e são fiscalizados pelo TCU.
A Folha apurou que na nota apresentada pela Presidência para justificar o gasto e que está entre documentos para análise do TCU não há justificativa para a compra. Da Sucursal de Brasília - FSP
COMENTÁRIO
E muito fácil avaliar o peso da "confiança" quando autorizamos a guarda de um Cofre. Imagine se você daria as chaves da sua empresa ou da sua casa para ficarem sob a guarda do Lula da Silva, ou de qualquer um dessa corja? Nunca!
Faltou à massa ignorante somar 2+2=4. Nós brasileiros conscientes e trabalhadores, que pagamos impostos altíssimos, dormimos angustiados todas as noites porque sabemos que as chaves do cofre do Brasil estão sob a guarda de um irresponsável, que supostamente é o chefe de toda essa quadrilha espalhada de norte a sul do país. Só mesmo os que sempre esperam poder dividir o produto do roubo podem estar tranqüilos com este desgoverno.
Foge à nossa compreensão que o Collor tenha sofrido o Impeachment porque seus adversários encontraram a prova cabal: a “Elba" - Como compreender a paralisia da “oposição”, que nada encontra diante de tanta lambança do desgoverno Lula da Silva? Quer dizer que ele pode tudo, o coitadinho do ex-operário cínico e mentiroso?
As quentinhas servem para forrar a pança dos vagabundos que Lula utiliza para aplaudir seus arrotos. Nunca, jamais em 500 anos vimos tanta sujeira! Por Gabriela/Gaúcho
A CULPA DO GOVERNO E DO PT NO CASO PAULINHO
Editorial do Valor Econômico
A meia volta dada pelo PT na votação do imposto sindical, a infiltração na máquina governamental de pessoas intimamente ligadas a entidades sindicais e a transformação do Ministério do Trabalho num braço da Força Sindical - tudo isso soma evidências de que o governo do Partido dos Trabalhadores, que deveria teoricamente ser o coroamento do movimento sindical que, há 30 anos, colocou em questão o sindicalismo vinculado ao Estado, pode ficar para a história como o governo que, por excesso de tolerância com seus pares, consolidou o processo de burocratização do "novo sindicalismo" dos anos 1978 e o trouxe de volta à estreita dependência do governo.
A bancada petista (e a governista) no Congresso e o governo Lula estão dando a sua contribuição ao fortalecimento de lideranças sindicais que não têm qualquer compromisso com suas bases, usam de suas entidades para conseguir barganhar cargos e favores e não separam de nenhuma forma o público (a entidade sindical ou as posições que ocupam no governo por força dessa posição sindical) do privado (sua vida, suas ambições pessoais ou seu próprio bolso). O caso do deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força, é flagrante: quanto mais a Polícia Federal mexe na Operação Santa Tereza, mais encontra rastros do parlamentar, ex-presidente da Força e protegido pelo foro privilegiado.
Não é desprovida de lógica a defesa que os líderes petistas fazem das excessivas nomeações de ex-sindicalistas para cargos no governo federal - é natural que o Partido dos Trabalhadores os tenha em bom número em seus quadros, e é deles que lança mão para preencher cargos de confiança. Essa elite, todavia, já estava consolidada na máquina sindical da CUT (ou da Força), ocupou parte da máquina do PT (e do PDT, no caso de Paulinho) e hoje é governo - e cada posição alcançada por ela reforça suas posições nas entidades sindicais, impedindo uma renovação de quadros e de posições políticas nas entidades que dominam. A fonte do poder no governo acaba sendo o sindicato, e a inserção no governo a fonte de poder que os perpetua na entidade sindical. Para os partidos hoje no Executivo, pode ser normal o aparelhamento do Estado pelos sindicalistas que apóiam o governo. Para o sindicalismo, no entanto, a excessiva vinculação das entidades com o Estado é fatal. Não existem sindicatos livres e, ao mesmo tempo, vinculados ao Estado.
Tanto é assim que o sindicalismo de 1978 tinha como bandeiras o fim do imposto sindical e da unicidade sindical. Eram, de fato, os dois vícios do sindicalismo que o fizeram dependente do Estado desde sua institucionalização, no governo de Getúlio Vargas. A obrigatoriedade de funcionamento de apenas um sindicato por categoria dava vida legal ao sindicato que obtivesse o registro do Ministério do Trabalho. O imposto sindical, por sua vez, era a lei do menor esforço para os sindicalistas: quer representassem a base, quer não; quer filiassem sócios ou não; fossem combativos ou não - em quaisquer circunstâncias, eles tinham em seu caixa um dia de trabalho anual de cada empregado do setor que representavam.
CUT, Força Sindical e os parlamentares oriundos das centrais se mobilizaram na votação da reforma trabalhista para manter o status quo do sindicalismo. A unicidade e o imposto sindical ficaram no lugar onde sempre estiveram, com a diferença de que as centrais sindicais passaram a ter parte desse bolo. O escândalo da Força Sindical dá a dimensão dessa opção. Em última instância, ela significa dar a uma Força dominada por Paulinho dinheiro certo em caixa, e aos sindicatos que apóiam a central o monopólio da representação de seus filiados - que estão legalmente obrigados a sustentá-los. Assim também é com a CUT.
O movimento sindical, naturalmente desmobilizado por um longo período de crise econômica que tirou o poder de barganha dos trabalhadores, perdeu a representatividade. E a perde cada vez mais, na medida em que se mistura com o Estado. É este o papel que o governo Lula e o seu PT estão desempenhando, ao manter o status quo dos sindicatos, ao trazer para dentro do governo a nova versão dos velhos pelegos e ao abrir os cofres para que os mesmos se mantenham no poder sindical sem terem se dado ao trabalho de trazer um único filiado para dentro de seus sindicatos.
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