Blogs são a nova fronteira da batalha ideológica em Cuba

Provocado pelo sucesso de internautas independentes, governo reage com apoio a páginas em defesa da revolução Acesso à internet na ilha é mínimo e controlado, mas elite intelectual participa do debate; mercado negro dribla as restrições à rede

São só cerca de 260 mil computadores conectados à internet para 11 milhões de cubanos -um dos mais baixos índices de conectividade do mundo-, mas a modesta vida virtual da ilha virou um movimentado "campo de batalha ideológico", nas palavras do próprio governo, com ataques e estratégias para bloquear ou mimetizar blogs adversários.

A mais ilustre das páginas pessoais alimentadas em Cuba, o "Generación Y", da filóloga Yoani Sánchez, com 9 milhões de hits em maio e incensada na imprensa mundial, ganhou um aguerrido opositor, o Blog do Yohandry, que defende o governo e ataca a "outra Y".

Nas ruas de Havana, raros são os que sabem da guerra travada na elite tecnológica, que se espalha por comentários nos blogs animados por cubanos no país e no exílio e alcança outros sites. O portal desdecuba.com, que abriga o "Generación Y", tem um antípoda ideológico, desde-cuba.com.


IRONIA E RIGOR
O governo manifestou-se sobre o fenômeno. "Internet, sem dúvida, é um campo de batalha ideológico. Converteu-se também numa nova plataforma para agredir a revolução", disse o vice-ministro de Comunicação, Boris Moreno, em maio, quando queixou-se de que os blogs "a favor da revolução não têm a mesma visibilidade internacional que tem essa menina", em referência a Yoani Sánchez.

Com posts curtos e irônicos -e críticas ao cotidiano da ilha- Yoani provocou simpatia e dezenas de reportagens que explicam que da "geração Y" fazem parte os batizados com nomes iniciados com a letra, moda nos anos 70 e 80, de influência soviética na ilha.

Em abril, a blogueira ganhou o prêmio de jornalismo Ortega y Gasset, do jornal espanhol "El País", mas Havana não liberou o visto para que fosse a Madri. Mais comoção virtual.

O "Blog do Yohandry", com estilo duro e reprodução de reportagens oficiais, reagiu. Destacou um comentário anônimo que acusa Yoani de ser financiada pelo escritor cubano dissidente Carlos Montaner.

"As figuras políticas cubanas conhecem muito essas campanhas de difamação. Mas onde estão as provas? Não me interessa cair nesse ciclo de defender-me" , disse Yoani à Folha, em um café de Havana.

Os apoiadores da filóloga dizem que a página adversária é uma montagem do governo, feita por várias pessoas, e desafiam seu dono a postar uma foto. À Folha, por e-mail (ele se recusou a falar por telefone), o blogueiro pela revolução disse: "Não sou um coletivo, sou uma pessoal real. Talvez tenha de buscar ajuda, porque o blog cresce, mas agora estou só".

Até o mês passado, a página pró-governo estava hospedada no provedor de blogs do "El País", mas foi retirada. O blogueiro diz que foi censurado e mudou de endereço. O "El País" alega que não pode haver campanhas de difamação em seus domínios.

O "Generación Y" não pode ser acessado de hotéis da ilha, cujos provedores são estatais, comprovou a Folha, mas segundo Yoani é possível fazê-lo em empresas estrangeiras e por conexões particulares.


MERCADO NEGRO E UCI
Em Cuba, só médicos e pesquisadores, além da burocracia estatal, têm direito a internet em casa. O governo diz que, dadas as limitações técnicas, como o bloqueio econômico que impede a ligação por fibra ótica com a Flórida, a prioridade é conectar centros de estudo.

Mas, como tudo mais na ilha, há um crescente mercado negro. Muitos dos privilegiados repassam o acesso à rede por pouco mais de US$ 40 ao mês. Também clandestinamente, cresce em Havana a venda de filmes e séries baixados da internet (as americanas, como "House", têm destaque no canal oficial), e especula-se que parte do material venha da meca dos computadores da ilha: a Universidade de Ciências Informáticas (UCI), que ficou famosa fora de Cuba quando um vídeo com questionamentos de dois dirigentes estudantis caiu na rede, em janeiro.

Com 10 mil estudantes e a missão de liderar o salto de Cuba no setor, a UCI é a menina dos olhos do regime - a Folha tentou conversar com seus estudantes, mas foi informada que uma visita tem de ser agendada com semanas de antecedência e diretamente com o secretário particular de Fidel Castro, Carlos Valenciaga.

É também sobre a universidade -parte da "Batalha das Idéias", o programa lançado por Fidel para reconquistar corações e mentes para a revolução- que recaem as suspeitas sobre as dificuldades para acessar "Generación Y". "Dizem que vêm daí os soldados informáticos", diz a blogueira.

Ela promete usar parte dos 15 mil que ganhou no prêmio espanhol para "promover a blogosfera cubana". A batalha está apenas começando. Por Flávia Marreiro – Enviada especial a Havana – Folha de São Paulo





McCAIN DIZ QUE SE REÚNE COM CHÁVEZ SE ELE MUDAR DE COMPORTAMENTO


O candidato republicano à Casa Branca, John McCain, disse nesta sexta-feira que antes de se reunir com Hugo Chávez, terá que parar de insultar o presidente dos EUA e esclarecer sua relação com as FARC.

"Muitos dos comentários que ele fez não refletem o tipo de comportamento que se espera do líder de um país", disse o senador à agência Efe e a um pequeno grupo de jornalistas que o acompanharam a bordo de seu ônibus eleitoral durante uma visita ao Parque Nacional Everglades, na Flórida. "Imagine se sentar na mesma mesa com Chávez e ele te insultar. O que fazer... insultá-lo também? Se levantar e sair?", disse McCain.

McCain ainda criticou o virtual candidato presidencial democrata, Barack Obama, por dizer que se reuniria "incondicionalmente" com dirigentes como Chávez e o líder cubano Raúl Castro.

O republicano lembrou que o ex-presidente americano Ronald Reagan só se reuniu com o último presidente soviético, Mikhail Gorbachov, depois que ele dissesse estar "pronto para reverter as ambições da então União Soviética". "Richard Nixon foi à China após não sei quantas reuniões", lembrou McCain.

McCain disse estar "muito descontente com o que está ocorrendo na Venezuela" e explicou que gostaria que a acumulação de poder que aconteceu durante o governo de Chávez se "revertesse" por "privar a Venezuela" da democracia. O republicano falou também da necessidade de se analisar com muito cuidado a relação entre o líder venezuelano e as Farc. Efe/Via Folha-UOL, em Miami




EUA SE DISTANCIAM DA ONU
Os Estados Unidos ampliaram na sexta-feira sua distância em relação ao Conselho de Direitos Humanos da ONU, afirmando que só irão participar dele em caso de "profundo interesse nacional." Sean McCormack, porta-voz do Departamento de Estado, disse que a decisão, tomada recentemente pela secretária de Estado Condoleezza Rice, reflete a desconfiança de Washington em relação a esse órgão de 47 países, no qual os EUA atualmente têm status de observador.

"Nosso ceticismo a respeito do papel do Conselho de Direitos Humanos da ONU em termos de cumprir seu mandato e sua missão é bem conhecido. É um histórico bastante patético", disse McCormack a jornalistas.

"Nós vamos nos envolver no Conselho de Direitos Humanos só quando acreditarmos que há questões de profundo interesse nacional perante ele [...]. Vamos adotar uma abordagem mais discreta", acrescentou.

Fontes diplomáticas disseram que os EUA informaram discretamente aos seus aliados ocidentais na sexta-feira a intenção de abandonar o conselho. Desde que o conselho foi criado, há dois anos, os EUA nunca se candidataram a uma vaga, reservando-se o status de observador com direito a voz nas reuniões em Genebra.

Em debate na sexta-feira a respeito de Mianmar, os EUA deixaram de se pronunciar a respeito dessa questão em que até agora sempre se envolviam, em mais um sinal do distanciamento.

O Conselho de Direitos Humanos surgiu há dois anos para substituir a desacreditada Comissão de Direitos Humanos da ONU. Críticos dizem, porém, que o novo órgão está sob o controle de um bloco de países islâmicos e africanos, que se aliam a Rússia, China e Cuba para conseguir a maioria.

"Ao invés de focar em algumas das reais e profundas questões de direitos humanos pelo mundo, ele realmente se transformou em um fórum que parece estar unicamente voltado a esmagar Israel", disse McCormack. - (Reportagem de Sue Pleming e Stephanie Nebehay)
Portal G1





ANISTIA INTERNACIONAL CHILE EXPRESSA CONSTERNAÇÃO POR PRESSÃO POLICIAL


A Anistia Internacional (AI) seção Chile manifestou hoje sua "indignação e consternação" pelas denúncias jornalísticas que mostram dois carabineiros que disparavam suas armas de fogo durante uma manifestação estudantil em Santiago.

"O grave fato documentado pela 'Chilevisión' põe em interdição o interesse dos Carabineiros de manter um alto padrão no cumprimento de sua missão", disse Sergio Laurenti, diretor-executivo da AI no país.

Ele disse que este fato ocorreu pouco depois que a AI apresentou seu relatório 2008, no qual assinalou como motivo de grande preocupação os métodos de repressão policial às manifestações sociais. As imagens do canal de televisão mostram dois carabineiros da segunda delegacia de Santiago que disparam suas armas de fogo pelo menos seis vezes para controlar e amedrontar os manifestantes em um dos pontos mais conflituosos na mobilização de estudantes e professores que aconteceu na última quarta-feira.

Na opinião de Laurentis, "é repudiável e vergonhoso que manifestações pacíficas sejam constantemente reprimidas" no Chile.

A organização de direitos humanos sustentou em um breve comunicado que em duas oportunidades escreveu ao ministro do Interior, Edmundo Pérez Yoma, e ao alto comando de Carabineiros para destacar que "cada vez com mais freqüência se apela à força desproporcional" por parte dessa instituição armada "para a repressão de manifestações públicas".

A organização pediu energicamente ao Executivo e ao alto comando de Carabineiros que se averigúem imediatamente os atos recentes de repressão, e se coloque os responsáveis à disposição da justiça. EFE – Portal G1

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