Exército no morro: Episódio era "ultraprevisível", diz general

Presidente do Clube Militar, o general Figueiredo diz que não é a missão do Exército estar na Providência e lamenta a morte de jovens.

Presidente do Clube Militar, com sede no Rio de Janeiro, o general Gilberto Barbosa Figueiredo considera "lamentável" o episódio. Além disso, ele reforça que não havia a necessidade e nem era o momento para que o Exército instalasse tropas ali.

- O Exército não está preparado para atuar dessa maneira que está atuando lá porque essa não é a missão do Exército - pontua. As tropas do Exército estão instaladas há seis meses no morro da Providência, com a missão de garantir a segurança dos trabalhadores que atuam no projeto conhecido como Cimento Social, o qual pretende restaurar a fachada de 782 casas da comunidade.
Para o general Figueiredo, colocar os militares nessa missão foi uma decisão política. Ele sublinha ainda que colocar o Exército numa comunidade controlada por traficantes obviamente "atrapalha o negócio deles".

- Ora, que ia acontecer alguma coisa mais cedo ou mais tarde, era ultraprevisível - alega. Por Daniel Milazzo – Terra Magazine – Leia entrevista completa aqui





ACORDO COM BANDIDOS
Relatório já apontava desvios de conduta


Um relatório do Serviço de Inteligência do Exército mostra que a chegada do projeto Cimento Social ao Morro da Providência teria sido precedida de negociações, feitas por supostos colaboradores do senador Marcelo Crivella, com traficantes da área, que teriam oferecido trégua se não fossem incomodados pela tropa. O acerto teria sido informado ao Exército durante uma reunião na Associação de Moradores, da qual participaram o coronel Alberto Tavares da Silva, o tenente-coronel Fernando dos Santos Raulino e o capitão Ademar Barros Moura Filho. A informação consta de um relatório do Serviço de Inteligência do Exército, como informou o jornal "Extra" em abril.

No documento, constam os nomes também do ex-presidente da associação, Nelson Gomes, e dois homens identificados apenas como Gilmar e Eduardo, que seria o responsável por levar a proposta do tráfico. O relatório os classifica como assessores do senador Marcelo Crivella. O documento apontava ainda para desvios de conduta da tropa. Escutas mostraram que militares que participaram da ocupação teriam pedido dinheiro ("arrego") a traficantes para não interferirem na venda de drogas. O Comando Militar do Leste não disse que providências tomou após o relatório. O Globo




RASTEIRAS

O desapego de Lula pela formalidade institucional cria situações como essa do uso de militares no Morro da Providência para garantir segurança a obras de benfeitorias feitas na medida exata do projeto político do senador Marcelo Crivella.

Qualquer empecilho no caminho das vitórias almejadas é motivo de amuo, crítica, ou de chacota por parte do presidente. Assim acontece com a legislação eleitoral, com as normas para licitações, com todo tipo de contraditório - seja do Legislativo, do Judiciário, da imprensa ou de uma platéia com vontade de vaiar -, com a desmoralização dos partidos e, agora, com a inoculação no Exército do vírus do aparelhamento do Estado.

Só o comandante-chefe das Forças Armadas teria autoridade para levar os militares a recuar da decisão tomada em 2006, de o Exército só voltar às favelas para “ações de maior envergadura”, conforme disse na época o chefe do Estado-Maior do Comando Militar do Leste, general Hélio Chagas de Macedo Júnior.

Há dois anos, o Exército levou um baile vexatório do crime organizado. Durante 10 dias os militares ocuparam 11 morros do Rio atrás de armas roubadas de um quartel, sem conseguir achar nada. Uma pistola e alguns fuzis só foram recuperados quando o tráfico houve por bem devolver. Os militares negaram a existência de qualquer acordo, mas saíram dos morros prometendo nunca mais voltar. Pelo visto, o projeto Crivella de maquiagem de fachadas na favela foi elevado ao patamar superior na escala de “ações de envergadura” do governo federal. O Estado de São Paulo





O HUMILDE VAIDOSO

Nelson Jobim descobriu na terça-feira que, para se fazer notar no governo, não precisa se embrenhar fardado na selva determinado a mostrar a cobra ou posar de amigo da onça. Basta visitar uma comunidade pobre qualquer e assumir a culpa pela tragédia permanente da vida nesses lugares. Não há favelado que resista a um homenzarrão daquele tamanho, todo pimpão, vindo de Brasília só pra lhe pedir desculpas. A avant-première do ministro da Defesa no Morro da Providência foi aquele sucesso que todo mundo viu: deu primeira página em todos os jornais do País.

Ontem, logo cedo, o deputado Raul Jungmann tentou repetir o gesto - foi ao morro pedir desculpas aos favelados -, mas o povo já havia se identificado com Nelson Jobim, a quem chama carinhosamente de ministro "Não é o Tom Jobim". O homem está que não cabe em seu 1,90 m de pura altivez. - Desculpaí, ó!" - começa a ensaiar discurso para as próximas lambanças do governo. Lula está pensando em utilizá-lo como uma espécie de "pedidor-geral de perdão da União". Alguém precisa fazer esse papel.



ALIADO DE PESO
Sérgio Cabral tem ainda uma carta na manga para recuperar sua autoridade no Morro da Providência. O governador vai tentar convencer o príncipe herdeiro Naruhito a ir com ele pedir desculpas aos favelados.


I’M SORRY!
Tem roteiro novo na oferta de safáris turísticos nas favelas do Rio. Subir o Morro da Providência para pedir desculpas ao pessoal já é um dos programas mais requisitados nos hotéis da cidade.


A VEZ DO PAPA
Depois do Exército, do governo e do Congresso, quando, afinal, a Igreja vai pedir desculpas ao Morro da Providência? Só se fala disso no Vaticano. O Estado de São Paulo





TRE-RJ INVESTIGA O USO DA MÁQUINA PÚBLICA

Projeto que autoriza o governo a criar programa ainda não foi aprovado pelo Senado. Ministérios da Defesa e das Cidades não forneceram as informações sobre a obra, pedidas pelo tribunal - Dimmi Amora – O Globo

O Tribunal Regional Eleitoral do Rio de Janeiro (TRE-RJ) abriu um procedimento para investigar o possível uso da máquina pública em benefício de candidato, nas obras do projeto Cimento Social. Desde o início do projeto do governo federal, ele é atribuído ao senador Marcelo Crivella (PRB), pré-candidato à prefeitura do Rio que é do partido do vice-presidente, e aliado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Os ministérios da Defesa e das Cidades, responsáveis pela obra, já receberam ofícios do tribunal pedido informações sobre a obra, mas, até hoje, não responderam.

De acordo com o chefe da fiscalização da propaganda eleitoral do TRE-RJ, Luiz Fernando Santa Brígida, o procedimento foi iniciado logo depois das obras, através de uma denúncia anônima que chegou ao tribunal. Na denúncia, há um DVD com imagens do pré-candidato na favela. Há também um cartão impresso com uma foto pequena do morro como está atualmente, uma imagem grande mostrando como ficará a favela após a obra e uma foto do senador, com a inscrição: "senador Marcelo Crivella".

Vice-presidente do TRE já encaminhou ofícios
O chefe de fiscalização da propaganda afirmou que o vice-presidente do Tribunal, Alberto Mota Moraes, aguarda a resposta aos ofícios do TRE para dar prosseguimento ao procedimento investigatório: - Dependemos agora das respostas dos ministérios, que estão atrasadas, para continuar o trabalho - disse.

Apesar de afirmar que o projeto Cimento Social é de sua autoria, o senador Marcelo Crivella ainda não conseguiu aprovar no senado o projeto 541/2007 em que autoriza o governo a criar "programa de melhoria habitacional em áreas urbanas de risco sob coordenação do Comando do Exército". O projeto prevê que sejam feitas melhorias nas habitações, como na Providência. Mesmo sem autorização legislativa, que não era necessária por lei, o Ministério do Exército fez o programa. O dinheiro para a obra é do orçamento do Ministério das Cidades. Das 13 emendas parlamentares apresentadas por Crivella em 2007, nenhuma é para a cidade do Rio. As emendas para construção de casas são para municípios do interior e da Baixada: Vassouras, Caxias, Meriti, Teresópolis e Resende.




CRIVELA USA IMAGENS DA OBRA EM PANFLETO PRÉ-ELEITORAL
Apesar de o Ministério da Defesa e o comando do Exército negarem o uso político da Força na melhoria de casas no Morro da Providência, o senador Marcelo Crivella (PRB), pré-candidato à prefeitura do Rio, já fazia propaganda ligando seu nome ao projeto Cimento Social fora do período eleitoral. A iniciativa é fruto de um projeto de lei de sua autoria. Em março, quando Lula visitou três favelas para dar início às obras do PAC, militantes do senador distribuíram panfletos com a foto dele ao lado de uma simulação das fachadas do morro após as obras. No verso do panfleto, o senador informa que já havia apresentado o Cimento Social em 2004, quando perdeu a eleição. O panfleto traz links para vídeos do senador no YouTube exaltando o projeto. O Estado de São Paulo




LULA É QUEM DEVE PAGAR, DO SEU BOLSO, PELAS INDENIZAÇÕES


O Lula da Silva também defendeu ontem o pagamento de indenização para as famílias dos rapazes mortos. "O que nós precisamos agora é trabalhar para fazer Justiça. Acho que o Estado tem de fazer uma reparação àquelas famílias e dar continuidade às obras, que são para melhorar as condições de moradia das pessoas", disse Lula. Quem burlou e burla a lei é Lula da Silva, como sempre. O programa do morro da Providência foi criado por ele, e sem a autorização do Senado. Quem está usando a máquina pública em benefício de candidato é o Lula. Portanto, essa indenização é de sua responsabilidade. Chega de pagar pela incompetência de um desgoverno malandro, irresponsável e, principalmente, inapto. Por Gaúcho/Gabriela

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