A morte de 32 recém-nascidos na Santa Casa em 15 dias chama a atenção para os problemas da saúde no Pará. Por Luciana Cavalcante, de Belém, com Letícia Sorg e José Antonio Lima. Revista Época
Quando José Carlos Teixeira chegou à Santa Casa de Misericórdia de Belém na tarde da quinta-feira, sua sobrinha, Maria Clara Pimentel Silva, de 44 dias de vida, agonizava. Seu quadro, com vômito e perda de peso, havia se agravado. O bebê, que naquela mesma manhã não havia sido internado por falta de leito, morreu pouco depois de ser atendido. Era a 25a vítima de uma grave crise no hospital paraense. Depois dela, foram mais sete mortes, chegando a 32 até este fim de semana, num período de apenas 15 dias. Leia matéria completa aqui, na Revista Época
PERNIL GORDO - Por J.R. Guzzo– Revista Veja
"Para cada vez mais gente, e com o incentivo cada vez maior do poder público, empresas como Vale, Alcoa e Cargill são vistas como um pernil gordo, de onde sempre se pode tirar uma fatia – e sempre em nome dos pobres. Não há notícia, até hoje, de nenhum benefício concreto que esse tipo de postura tenha trazido para eles. Em vez de se tornarem cidadãos, são incentivados a se tornar parasitas"
A Vale, a maior empresa mineradora do Brasil, está envolvida em mais um problema no Pará. É apenas o último de uma série que não dá o menor sinal de estar perto do fim – algo perfeitamente natural quando se leva em conta que os "movimentos sociais", sempre com apoio de alguma facção da burocracia oficial, descobriram há tempos que criar caso com empresas de grande porte, dinheiro em caixa e uma reputação internacional a defender é um excelente negócio no Brasil de hoje. O incentivo para quem opera nesse ramo é a idéia geral, cada vez mais aceita, de que empresas como a Vale vivem em situação de pecado; se fazem tanto sucesso é porque estão, de algum jeito, do lado do mal. Sempre há ótimas chances, assim, de sair levando vantagem numa disputa com elas. Como uma companhia que se dedica à extração de minérios, opera na Amazônia e ocupa tanta terra para suas atividades pode ter razão em alguma coisa, seja lá o que for? Se do outro lado do conflito estiverem pessoas pobres, ou descritas como tal, fica tudo mais fácil ainda. No pior dos casos, acaba saindo uma "negociação" e a empresa concorda em ceder isso ou aquilo para livrar-se do problema – até aparecer o próximo.
O episódio mais recente da coleção, segundo relato dos repórteres Eduardo Scolese e João Carlos Magalhães, da Folha de S.Paulo, refere-se a uma possível queixa do Incra, na qual a Vale é citada por ter comprado, entre 2003 e 2007, o direito de ocupar os lotes de 53 assentados num projeto de reforma agrária no interior do Pará – na área onde está investindo cerca de 2 bilhões de dólares para a implantação, já avançada, de uma mina de níquel. A empresa pagou aos assentados até 9.500 reais o alqueire, o triplo do preço de mercado. Na hora de fechar o negócio, não parece ter havido objeções; todos receberam seu dinheiro e deixaram a área. Mas uma parte dos vendedores, agora, diz que foi iludida e se arrepende da transação. Não está claro se pretendem devolver o dinheiro que lhes foi pago. Informa-se, apenas, que estão infelizes e que autoridades do Incra, de quem receberam os lotes, estão mais infelizes ainda – estudam, no momento, que tipo de providências poderiam tomar contra a Vale.
Segundo as normas em vigor, os assentados em projetos de reforma agrária não podem vender os lotes que receberam; na teoria, quem não quer mais a sua área tem de devolvê-la ao Incra, que a entregará, também na teoria, a um novo interessado. Na prática, é claro, vive acontecendo a venda de lotes por assentados que ficam com o dinheiro, vão embora e eventualmente recebem um novo pedaço de terra em outro lugar. É igualmente claro que fica tudo por isso mesmo – a menos que o comprador seja alguém como a Vale. Aí aparece uma oportunidade de ganho, em dinheiro ou em ideologia, e a coisa fica complicada. Complicada só para o comprador, naturalmente, pois o vendedor é pobre, e em sua condição de pobre nunca pode estar errado, segundo a melhor doutrina em vigor na máquina pública brasileira.
A Vale sustenta que não fez nada de ilegal: diz que o Incra acompanhou as transações diretamente, desde o começo, e que não pagou aos assentados pela propriedade da terra, mas sim a título de indenização pelas benfeitorias existentes nos lotes. O episódio, de uma forma ou de outra, acabará tendo o seu desfecho no devido tempo. A questão que fica, mais uma vez, é a crescente insegurança que tantas empresas enfrentam para tocar o seu negócio no Brasil atual, sobretudo em lugares como o Pará, onde os sinais da existência de leis na vida real vão se tornando a cada dia menos visíveis. Também ali, recentemente, outra empresa de mineração, a Alcoa, comprou uma área de mata nativa, vizinha ao local onde está instalando uma operação de beneficiamento de bauxita, para preservar o verde – e mostrar que a atividade industrial pode conviver com a defesa do ambiente. Má idéia. A mata foi invadida por sem-terra que derrubaram quase todas as árvores, na certeza de que destruir a propriedade de empresas como a Alcoa é hoje em dia um procedimento aceito como normal pela autoridade pública; faz parte da "dinâmica social". E a Alcoa? Se tiver sorte, não será multada pelo Ibama.
Empresas como Vale, Alcoa, Cargill (que há mais de um ano enfrenta todo tipo de dificuldade para operar um porto de exportação de soja em Santarém, também no Pará) e tantas outras não são consideradas como um fator de progresso num ambiente de miséria. Não se leva em conta que produzem renda, impostos, empregos e oportunidades, cumprem a legislação trabalhista e não operam com caixa dois. Para cada vez mais gente, e com o incentivo cada vez maior do poder público, são vistas como um pernil gordo, de onde sempre se pode tirar uma fatia – e sempre em nome dos pobres. Não há notícia, até hoje, de nenhum benefício concreto que esse tipo de postura tenha trazido para eles. Podem, aqui e ali, acabar levando uns trocados, mas sua vida não melhora em nada; em vez de se tornarem cidadãos, são incentivados a se tornar parasitas. Ganhar, mesmo, só ganham os profissionais do mercado da pobreza.
VERGONHA! MANIFESTO DEFENDE AÇÕES DOS SEM-TERRA
Promotores repudiam ações do MP gaúcho contra MST
O Movimento do Ministério Público Democrático, em nota assinada pelo seu presidente Roberto Livianu - divulgada nesta sexta-feira -, repudia o relatório do MP do Rio Grande do Sul que pediu a dissolução do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). Para o promotor gaúcho Gilberto Thums, o "MST é um braço de guerrilha da Via Campesina". Em entrevista a Terra Magazine, o promotor Livianu afirma que as quatro ações civis públicas contra o MST ferem "direitos fundamentais protegidos pela Constituição. Repudiamos esse tipo de iniciativa contra qualquer movimento social no Brasil. Leia matéria completa aqui, no Terra Magazine
Quando José Carlos Teixeira chegou à Santa Casa de Misericórdia de Belém na tarde da quinta-feira, sua sobrinha, Maria Clara Pimentel Silva, de 44 dias de vida, agonizava. Seu quadro, com vômito e perda de peso, havia se agravado. O bebê, que naquela mesma manhã não havia sido internado por falta de leito, morreu pouco depois de ser atendido. Era a 25a vítima de uma grave crise no hospital paraense. Depois dela, foram mais sete mortes, chegando a 32 até este fim de semana, num período de apenas 15 dias. Leia matéria completa aqui, na Revista Época
PERNIL GORDO - Por J.R. Guzzo– Revista Veja
"Para cada vez mais gente, e com o incentivo cada vez maior do poder público, empresas como Vale, Alcoa e Cargill são vistas como um pernil gordo, de onde sempre se pode tirar uma fatia – e sempre em nome dos pobres. Não há notícia, até hoje, de nenhum benefício concreto que esse tipo de postura tenha trazido para eles. Em vez de se tornarem cidadãos, são incentivados a se tornar parasitas"
A Vale, a maior empresa mineradora do Brasil, está envolvida em mais um problema no Pará. É apenas o último de uma série que não dá o menor sinal de estar perto do fim – algo perfeitamente natural quando se leva em conta que os "movimentos sociais", sempre com apoio de alguma facção da burocracia oficial, descobriram há tempos que criar caso com empresas de grande porte, dinheiro em caixa e uma reputação internacional a defender é um excelente negócio no Brasil de hoje. O incentivo para quem opera nesse ramo é a idéia geral, cada vez mais aceita, de que empresas como a Vale vivem em situação de pecado; se fazem tanto sucesso é porque estão, de algum jeito, do lado do mal. Sempre há ótimas chances, assim, de sair levando vantagem numa disputa com elas. Como uma companhia que se dedica à extração de minérios, opera na Amazônia e ocupa tanta terra para suas atividades pode ter razão em alguma coisa, seja lá o que for? Se do outro lado do conflito estiverem pessoas pobres, ou descritas como tal, fica tudo mais fácil ainda. No pior dos casos, acaba saindo uma "negociação" e a empresa concorda em ceder isso ou aquilo para livrar-se do problema – até aparecer o próximo.
O episódio mais recente da coleção, segundo relato dos repórteres Eduardo Scolese e João Carlos Magalhães, da Folha de S.Paulo, refere-se a uma possível queixa do Incra, na qual a Vale é citada por ter comprado, entre 2003 e 2007, o direito de ocupar os lotes de 53 assentados num projeto de reforma agrária no interior do Pará – na área onde está investindo cerca de 2 bilhões de dólares para a implantação, já avançada, de uma mina de níquel. A empresa pagou aos assentados até 9.500 reais o alqueire, o triplo do preço de mercado. Na hora de fechar o negócio, não parece ter havido objeções; todos receberam seu dinheiro e deixaram a área. Mas uma parte dos vendedores, agora, diz que foi iludida e se arrepende da transação. Não está claro se pretendem devolver o dinheiro que lhes foi pago. Informa-se, apenas, que estão infelizes e que autoridades do Incra, de quem receberam os lotes, estão mais infelizes ainda – estudam, no momento, que tipo de providências poderiam tomar contra a Vale.
Segundo as normas em vigor, os assentados em projetos de reforma agrária não podem vender os lotes que receberam; na teoria, quem não quer mais a sua área tem de devolvê-la ao Incra, que a entregará, também na teoria, a um novo interessado. Na prática, é claro, vive acontecendo a venda de lotes por assentados que ficam com o dinheiro, vão embora e eventualmente recebem um novo pedaço de terra em outro lugar. É igualmente claro que fica tudo por isso mesmo – a menos que o comprador seja alguém como a Vale. Aí aparece uma oportunidade de ganho, em dinheiro ou em ideologia, e a coisa fica complicada. Complicada só para o comprador, naturalmente, pois o vendedor é pobre, e em sua condição de pobre nunca pode estar errado, segundo a melhor doutrina em vigor na máquina pública brasileira.
A Vale sustenta que não fez nada de ilegal: diz que o Incra acompanhou as transações diretamente, desde o começo, e que não pagou aos assentados pela propriedade da terra, mas sim a título de indenização pelas benfeitorias existentes nos lotes. O episódio, de uma forma ou de outra, acabará tendo o seu desfecho no devido tempo. A questão que fica, mais uma vez, é a crescente insegurança que tantas empresas enfrentam para tocar o seu negócio no Brasil atual, sobretudo em lugares como o Pará, onde os sinais da existência de leis na vida real vão se tornando a cada dia menos visíveis. Também ali, recentemente, outra empresa de mineração, a Alcoa, comprou uma área de mata nativa, vizinha ao local onde está instalando uma operação de beneficiamento de bauxita, para preservar o verde – e mostrar que a atividade industrial pode conviver com a defesa do ambiente. Má idéia. A mata foi invadida por sem-terra que derrubaram quase todas as árvores, na certeza de que destruir a propriedade de empresas como a Alcoa é hoje em dia um procedimento aceito como normal pela autoridade pública; faz parte da "dinâmica social". E a Alcoa? Se tiver sorte, não será multada pelo Ibama.
Empresas como Vale, Alcoa, Cargill (que há mais de um ano enfrenta todo tipo de dificuldade para operar um porto de exportação de soja em Santarém, também no Pará) e tantas outras não são consideradas como um fator de progresso num ambiente de miséria. Não se leva em conta que produzem renda, impostos, empregos e oportunidades, cumprem a legislação trabalhista e não operam com caixa dois. Para cada vez mais gente, e com o incentivo cada vez maior do poder público, são vistas como um pernil gordo, de onde sempre se pode tirar uma fatia – e sempre em nome dos pobres. Não há notícia, até hoje, de nenhum benefício concreto que esse tipo de postura tenha trazido para eles. Podem, aqui e ali, acabar levando uns trocados, mas sua vida não melhora em nada; em vez de se tornarem cidadãos, são incentivados a se tornar parasitas. Ganhar, mesmo, só ganham os profissionais do mercado da pobreza.
VERGONHA! MANIFESTO DEFENDE AÇÕES DOS SEM-TERRA
Promotores repudiam ações do MP gaúcho contra MST
O Movimento do Ministério Público Democrático, em nota assinada pelo seu presidente Roberto Livianu - divulgada nesta sexta-feira -, repudia o relatório do MP do Rio Grande do Sul que pediu a dissolução do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). Para o promotor gaúcho Gilberto Thums, o "MST é um braço de guerrilha da Via Campesina". Em entrevista a Terra Magazine, o promotor Livianu afirma que as quatro ações civis públicas contra o MST ferem "direitos fundamentais protegidos pela Constituição. Repudiamos esse tipo de iniciativa contra qualquer movimento social no Brasil. Leia matéria completa aqui, no Terra Magazine
Por Omar Mahmoud – do Blog Sarraceno e Moderador do MOVCC
A sociedade brasileira de ornitologia, aquela que congrega as pessoas especializadas em aves, certamente deve estar em polvorosa. Afinal, não é todo dia que surgem novas espécies de pássaros e, principalmente, quando são as aves que vem de encontro ao homem, saindo de seu habitat natural desafiando os perigos do selvagem mundo do homem branco, o homo sapiens politicus.
Semana passada, durante a cerimônia de apresentação do programa, do Ministério da Educação, "Computador Portátil para Professores" um incomum visitante surgiu do lado de fora do palácio, mostrando um enorme interesse sobre o que acontecia dentro daquele auditório. As lentes das câmeras dos jornalistas não puderam deixar de notar o insistente balé de um urubu que chamou a atenção de todos, inclusive do primaz Lula e, de seu projeto presidenciável, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff.
Não foi de admirar que, imediatamente, diversos comentários a respeito da agourenta ave, fossem feitos por quase todos ali presentes. Os mais otimistas, a turma do governo, afirmava que o projeto era tão importante que atraia a atenção até das aves mais estranhas. Os pessimistas, a turma da oposição, dizia que se tratava de mau presságio e que, o projeto nascia amaldiçoado. As senhoras presentes, uniram-se em uma corrente de oração, tirando de suas bolsas Louis Vuitton terços abençoados, tentando afugentar qualquer intervenção do capeta.
Funcionários ligados ao Ministério da Saúde, mais do que depressa organizaram uma força-tarefa, para analisar as condições de higiene do parapeito do edifício, lá onde a ave passeava tranquilamente. Enfim, todos buscavam uma explicação plausível para aquela estranha presença. Até mesmo o Ministério da Justiça acionou uma equipe da Polícia Federal para que a ave fosse imediatamente detida e levada a interrogatório. Claro que diante desta atitude, o Ministério do Meio Ambiente, através de seu máximo representante que, fechava o último botão de seu colete psicodélico, vociferou contra os algozes da pobre ave catartidiforme: "Tremei Federais!" O Ministro do Planejamento de Longo Prazo, irrompeu com uma teoria harvardiana: "Só a longo prrrazo, poderremos, explicarrr esta fenômeno".
Enquanto isso, o Ministro da Educação, protagonista daquela cerimônia, parecia não entender nada e, tentava a todo custo dar continuidade ao seu pronunciamento o qual, já havia perdido o foco da atenção de todos: "Urubu também é cultura!" Foi neste momento que, passando por ali o Ministro da Cultura, não podia deixar de palpitar sobre o ocorrido e, de violão a tiracolo, justificou cantando: "A morte é rainha que reina sozinha/Não precisa do nosso chamado/Recado/Pra chegar" e, aproveitando o momento, distribuiu seu novo CD aos presentes, devidamente autografado.
Foi, sem dúvida alguma, uma das mais conturbadas cerimônias, já ocorridas no Planalto e, teria avançado madrugada adentro, se não fosse pelo minucioso olhar de um garçon que servia alguns acepipes aos convidados. O humilde rapaz, notou que a cada pulo da ave, sua plumagem assumia tons distintos de cores, ora apresentando cores amarelas, vermelhas, azuis e brancas. Aproximando-se então à janela que o separava da ave, notou tratar-se de uma rara aparição. Estavam todos ali frente à uma nova espécie de pássaro. Só não sabiam dizer se era um urubu com cabeça de tucano ou, um tucano com corpo de urubu. Então, lá do fundo da platéia, uma voz fininha, feminina, fraquinha que lembrava muito a da ex-ministra do Meio Ambiente gritou: "É um urucano ou um Turubú"!
Pronto, estava desfeito o mistério. Lula se levanta e chama um de seus assessores, ao pé do ouvido lhe ordena: "Envie uma declaração à imprensa imediatamente, dizendo que um tucano disfarçado de urubu, tentou invadir e amaldiçoar o palácio. A polícia federal já está investigando, através da operação Urucano Turubu!" Sentou-se, olhou de soslaio para a pobre ave que, por não encontrar nada de interessante, simplesmente bateu asas. Na verdade, o que ela queria mesmo era um pouco de carne putrefata para se alimentar, mas, ao sentir o cheiro que exalava daquele ambiente, percebeu que até os urubus, tem estômago fraco.
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