Brasileiro trabalha cinco meses do ano para pagar os impostos

Quem pode paga, mas a maioria tem mesmo que enfrentar um tormento diário. Quando se pára e faz as contas acaba se assustando.

Saúde, educação, segurança são direitos básicos. Todo brasileiro deveria ter acesso a eles, mas faltam eficiência e qualidade. Quem paga a conta de todos esses maus serviços é o trabalhador. Cinco meses de trabalho vão para os impostos.

No resto do ano, tudo que entra na conta é gasto com os mesmos serviços na rede particular. Quem pode paga, mas a maioria tem mesmo que enfrentar um tormento diário. Na saúde, então, os gastos são surpreendentes. Quando se pára e faz as contas acaba se assustando.

De acordo com um estudo do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), o contribuinte trabalha, em média, 157 dias por ano só para pagar impostos. São mais de cinco meses. Ao todo, 40,5% de tudo que o trabalhador receber este ano vai entregar ao governo até o fim de dezembro por meio de impostos, tributos e contribuições. “Após pagar todos os tributos, essa classe média tem que trabalhar para comprar serviços privados em substituição aos serviços públicos: segurança privada, educação privada, previdência privada, saúde privada. Isso também consome uma parcela significativa da renda da classe média”, explica Gilberto Amaral, presidente do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT).

Os ministros do Planejamento, Paulo Bernardo, e da Fazenda, Guido Mantega não quiseram comentar a pesquisa. Leia matéria completa
aqui, no Bom Dia Brasil – Globo




METALÚRGICOS AMIGOS DE LULA RECEBEM INDENIZAÇÃO
Comissão aprova indenizações para 39 sindicalistas do ABC – O Globo

A Comissão de Anistia aprovou ontem reparações econômicas para 39 ex-companheiros do Lula nas greves do ABC, nos anos 70 e 80. Para 27 deles, as indenizações aprovadas são de R$264 mil e mais R$2.078 por mês. A indenização mais alta é de R$474 mil, mais uma pensão mensal de R$2.200, para Francisco das Chagas Souza. Doze metalúrgicos terão uma indenização única, de R$78 mil, em média.

- Embora tardiamente, fizemos alguma justiça com a peãozada do ABC. Foi uma coincidência histórica muito grande eles terem sido anistiados exatamente neste governo do antigo companheiro de lutas deles - disse o presidente da Comissão, Paulo Abrão.

Chagas Souza, que receberá R$ 474 mil, achou pequena a indenização. - Se eu tivesse continuado a trabalhar na Cofap, teria recebido muito mais do que isso no período em que fiquei sem emprego.

No total, foram julgados 41 processos, mas dois foram interrompidos por pedidos de vista. Foi o caso de Dorgival da Silva, ex-metalúrgico da Volkswagen, preso por cinco dias na greve geral de 1987 e demitido em seguida.

- Foi o Lula, que era deputado constituinte, quem me tirou da prisão. De lá virei "piolho de gabinete" de vereador, ganhando muito menos, nunca mais consegui um emprego decente. Para João Paulo de Oliveira, diretor da Associação dos Metalúrgicos Anistiados do ABC, o resultado do julgamento foi razoável: - Mas alguns continuaram injustiçados e vamos recorrer. Agora, para a nossa história esse reconhecimento é mais um avanço.




EQUADOR AVALIA SE PAGARÁ EMPRÉSTIMO DE US$200 MI AO BRASIL
O presidente do Equador, Rafael Correa, disse nesta quarta-feira que está avaliando se irá ou não pagar o empréstimo bilateral de 200 milhões de dólares do Brasil, vinculado à construtora Odebrecht, companhia expulsa do país pelo mandatário no dia anterior. Correa, que tem preocupado investidores com ameaças de não pagar parte da dívida externa, afirmou que revisou na noite de terça-feira diversas partes dos débitos estrangeiros do país. Na terça-feira, o Equador expulsou a construtora Odebrecht, mandando tropas do Exército para confiscar projetos no país no valor de 800 milhões de dólares. Reuters






DOIS MILHÕES DE JOVENS VÃO À ESCOLA SEM SABER LER E ESCREVER

Mesmo dentro de sala de aula, os brasileiros ainda não conseguiram transpor uma barreira que mantém o Brasil distante de países desenvolvidos: o analfabetismo. Há 2,1 milhões de crianças entre 7 e 14 anos no país que, embora freqüentem a escola, continuam analfabetas. É o que mostra a Síntese de Indicadores Sociais do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), divulgada nesta quarta-feira.

O estudo revela que 87,2% das crianças e adolescentes entre 7 e 14 anos que não sabem ler e escrever --2,1 milhões- freqüentavam a escola regularmente em 2007. Para os pesquisadores, a contradição revela falhas na qualidade de ensino e pode ter como causa o sistema de aprovação automática em escolas. A taxa brasileira, como mostrou a Pnad semana passada, também é uma das piores da América Latina e está atrás de países como Bolívia, Suriname e Peru. Leia mais aqui, na Folha Online





NO CORAÇÃO DO PODER, SOB O NARIZ DA COMISSÃO DE COMBATE À PEDOFILIA

Sexo com crianças é vendido a R$ 3 no coração de Brasília

Todo fim de manhã de sexta-feira, logo depois da aula, Rita, Jaqueline e Paula pegam o ônibus em Planaltina de Goiás com destino a Brasília. Antes da viagem, as meninas tomam banho e trocam os uniformes por roupas de passear: saias, shorts e blusas coloridas ou de alcinha. Até domingo, a casa delas será a Rodoviária do Plano Piloto, onde vendem balas e chicletes aos passageiros que esperam nas filas. Na mesma plataforma onde ganham o sustento para as famílias, elas são exploradas sexualmente. “Por R$ 3, os moços mexem na gente”, diz Rita. Mexer é tocar no corpo das meninas e fazê-las praticar sexo oral. Ela tem 9 anos. Jaqueline acaba de completar 10 e Paula tem 11 anos.

A reportagem do Correio descobriu que a realidade dessas três crianças se tornou comum no coração da capital do país. A Rodoviária do Plano Piloto, localizada na avenida do poder brasileiro, virou palco da exploração sexual de crianças e adolescentes. São histórias de meninos e meninas que conhecem a rua ao serem vítimas do trabalho infantil ou pedindo dinheiro a estranhos. Acabam sucumbindo à pressão de aliciadores e exploradores. Reportagem completa aqui, no Correio Braziliense





BOLSA FAMÍLIA SUSTENTA NOVO VOTO DE CABRESTO NO NORDESTE

Candidatos ameaçam tirar o benefício de eleitores que pretendem votar na oposição.

Principal programa social do país, o Bolsa Família tem sido utilizado nesta campanha municipal como uma nova modalidade de cabresto eleitoral. Candidatos a prefeito e a vereador usam o programa federal de transferência de renda (cuja base de dados para a seleção dos beneficiários é controlada pelos municípios) tanto para agradar ao eleitor, oferecendo-lhe um cartão de beneficiário em troca do voto, como para ameaçá-lo, condicionando sua permanência no programa à vitória de um dado político.

Neste ano, o governo reajustou em 8% o valor do benefício, anunciou um programa de qualificação de profissionais específico aos beneficiários e estendeu o benefício a jovens de 16 e 17 anos - iniciativas tidas como eleitoreiras pela oposição.

À época do reajuste, o TSE disse que a medida poderia ser contestada no tribunal, mas até hoje ela não o foi. Ao contrário, a oposição também exalta o programa na campanha.

As eleições deste ano são, na prática, a primeira grande experiência municipal do uso do Bolsa Família para arregimentar votos. Em 2004, o programa ainda tomava corpo, beneficiando 4,5 milhões de famílias. Hoje são 10,8 milhões de famílias contempladas, que recebem entre R$ 20 e R$ 182. Nas últimas três semanas, a Folha encontrou casos de uso eleitoral do programa no interior de Ceará e Piauí e ouviu denúncias informais em Paraíba, Bahia e Rio Grande do Norte.

Promotores dizem que o principal obstáculo à fiscalização é o medo dos eleitores de serem perseguidos após a denúncia.Em Pedro Laurentino (PI), o candidato à reeleição, Gilson Rodrigues (PTB), encaixou no programa famílias de cidades vizinhas. Em troca, a condição que transferissem títulos eleitorais para Pedro Laurentino.

"Antes da eleição [de 2004, quando Rodrigues foi eleito] chegaram pra mim e falaram: "Transfere o título pra lá [Pedro Laurentino] e a gente dá um jeito de colocar você no cadastro'", disse Luciene Rodrigues, 28, que vive com o filho Walison, 7, em Socorro do Piauí.

Outro morador do município que recebe o Bolsa Família pela cota de Pedro Laurentino é Luiz Gonzaga Pires, 50. "[Em 2004] transferi o título e lá, depois, o prefeito [Rodrigues] ajeitou um Bolsa aí pra gente."

O prefeito e candidato à reeleição alega um "problema de regularização fundiária". Segundo ele, há cerca de 300 famílias que, por viverem próximas à divisa com outros municípios, votam e recebem o Bolsa Família em Pedro Laurentino, mas são contados pelo IBGE como habitantes de outras cidades. A Folha, porém, encontrou famílias com essa particularidade não apenas nos limites dos municípios: algumas delas vivem num bairro pobre no centro de São João do Piauí, a 50 km de Pedro Laurentino.

Outro uso do Bolsa Família na eleição ocorreu em Acopiara (CE). Enquanto respondia a uma pesquisa encomendada pela campanha do prefeito, Antonio Almeida (PTB), Maria Aparecida Pereira, 51, foi surpreendida com uma pergunta sobre o Bolsa Família. A Folha teve acesso ao questionário. "A senhora ou alguém que mora na sua casa recebe o Bolsa Família?", quis saber o pesquisador. "Sim, eu recebo", respondeu Maria Aparecida. Na seqüência, duas perguntas sobre eleição. Em quem votará para vereador e para prefeito.

"Quando eu disse que votaria no Vilmar [adversário do prefeito], ele perguntou se eu não tinha medo de perder o benefício", diz a dona-de-casa, que completa: "Fiquei com muito medo de perder". Mãe de seis filhos, ela saiu gritando pela rua, e o caso foi parar na Promotoria eleitoral, que abriu investigação. O prefeito nega a prática e diz que a denúncia é uma tentativa do adversário para prejudicá-lo.

Em Aroeiras do Itaim (PI), um lavrador procurou o Ministério Público para denunciar a responsável da prefeitura pelo Cadastro Único, licenciada do cargo para concorrer à vereadora, de tirar-lhe o benefício se não votasse nela. "Do jeito que eu dou o cartão [do Bolsa Família], eu também retiro", disse a candidata, segundo relato do lavrador aos promotores. Por Eduardo Scolese - Folha de São Paulo

Nenhum comentário: