OBAMA: O triunfo da cor da pele

“YES, WE CAN” (SIM, NÓS PODEMOS)



É o que atesta a imprensa mundial, hoje, ao estampar chamadas nas primeiras páginas trombeteando, uníssonas, o que julgam ser o ponto alto das qualidades de Barack Obama: “o primeiro presidente negro do país mais rico do mundo”.

Ganhou, portanto, a campanha global da vitimização racial e sua capacidade de conclamar o voto da condescendência, o voto dos negros, dos oprimidos, dos explorados, dos pobres e das vítimas, em geral; ganhou o alívio ontológico ao racismo atribuído ao homem branco – eterno refém moral de seu pecado original (coletivo) que o tornou um culpado de nascença - o mecanismo entranhado nas raízes do marxismo, que a campanha do democrata soube explorar como ninguém. Foi o triunfo da esperteza. Agora, só nos resta assistir de camarote. Por Gaúcho/Gabriela




QUESTÃO RACIAL
Um trecho da excelente análise de Reinaldo Azevedo sobre a vitória de Obama

“A história se encarregará, claro, de dissecar o fenômeno Obama, também um primor de organização de campanha, que soube aproveitar todos os recursos da moderna tecnologia, inclusive para arrecadar dinheiro. Mas é evidente que a questão racial, praticamente ausente de seu discurso, a não ser por alusões indiretas — E JUSTAMENTE PARA DESCARACTERTIZAR O RACISMO —, foi uma das chaves do seu sucesso. E continuou a sê-lo até o último momento.

Até o seu discurso de vitória. Suspeitava-se de um racismo envergonhado numa América que, desde as primárias do Partido Democrata, demonstrava, sim, apreço e respeito por Barack Obama. Criou-se a tese de que só esse racismo poderia derrotá-lo. E isso o transformou num candidato intocável. Obama só perderia a eleição se fosse sabotado!” – Leia o artigo completo
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O VOTO “LULAMA”
Brasileiro vota em Obama vendo características comuns com Lula


Dono de uma imobiliária em Framingham, o empresário brasileiro Pablo Maia e a sua mulher, Arleuza, foram em 2006 ao consulado do país em Boston para depositar o voto em Lula da Silva.

Dois anos depois, foi a vez de o casal marcar o candidato democrata Barack Obama numa escola judaica de Framingham, cidade da região metropolitana da capital de Massachusetts (nordeste dos EUA). "Obama e Lula têm algumas características parecidas. São pessoas pobres, que vieram de baixo. Não é como George Bush, um milionário", diz Maia, que ontem teve a companhia da filha Tracy. Nascida há 19 anos nos EUA, a estudante de biologia também depositou seu primeiro voto no democrata. Assinante da Folha lê mais aqui






MESSIAS OU DECEPÇÃO? SÓ O TEMPO DIRÁ

Por Simon Jenkis*, The Guardian
Via Estadão

Vendam Obamas agora: eles estão supervalorizados e os mercados futuros estão enlouquecidos por eles. Alguns meses depois de Barack virar presidente, a bolha vai estourar. Desde que ouvi falar dele pela primeira vez, há quatro anos, senti que havia um presidente em formação. Como o jovem Mandela, Obama parecia ter a aura de uma liderança nacional incipiente. Sua personificação do sonho americano era admirável.

O mundo não-americano queria que Obama vencesse. Essas pessoas não votaram. Mas o eleitorado dos EUA também deu preferência a ele. O mundo prefere Obama principalmente porque ele é negro; os americanos, porque ele não é republicano. Nenhuma dessas razões é sólida. Para a maioria dos não-americanos, negro ainda é um código para distância do establishment americano.

Qualquer um que vá à Europa, à África ou ao mundo muçulmano fica chocado com a antipatia aos EUA, que vai além da ideologia: é uma aversão visceral, não relacionada com qualquer apreço pessoal aos americanos individuais ou ao seu invejado modo de vida. Mas o mesmo visitante fica impressionado com a freqüência com que lhe asseguram que uma presidência Obama "mudaria tudo". A razão disso não é que Obama seja contra a guerra e a favor dos palestinos ou da esquerda ou da direita. É que suas origens fazem dele a coisa que ele nega com a maior veemência, a de não ser um americano comum.

Para esse mundo, Obama é um suposto representante de uma classe oprimida, por mais que seu discurso, modos e carreira digam o contrário. Ele é negro. Simboliza o fim da supremacia "wasp" (a elite americana branca protestante). O motivo de sua candidatura ter incomodado muitos americanos é o motivo pelo qual o mundo ficou eletrizado por ela: Obama é meta-americano.

Mas Obama é um político. Sabe que terá de fazer mais do que belos discursos. Terá de enfrentar os destroços da economia mundial cujo colapso se deveu, em grande parte, à má gestão das finanças americanas, de cuja responsabilidade, como senador, ele não pode de todo se eximir. Terá de restaurar o crédito para os mercados e a confiança para o comércio. Terá de trazer saúde e bem-estar para um país cujos pobres parecerão mais "Terceiro Mundo" quando o desemprego começar a morder. Para milhões, parecerá um messias. Outros milhões poderão se decepcionar.

No exterior, terá de encerrar duas guerras e trazer sanidade mental a uma diplomacia caótica. A expectativa de que será um arauto de paz e da salvação econômica é provavelmente a maior desde Roosevelt. O ônus da expectativa é espantoso.

O carisma e a retórica de Obama até combinam com esses desafios. Suas políticas declaradas, não. Seu desejo de sair do Iraque não é muito diferente do desejo de Bush e do governo iraquiano. Mas seu desejo de fortalecer a guerra no Afeganistão é temerário. Obama aprovou o bombardeio de alvos no Paquistão, recuou da conciliação com o Irã e nada fez sobre a provocação exibicionista da Rússia.

Em casa, poderia ser um democrata convencional, a favor de impostos, gastos públicos e proteção tarifária. Embora parte disso seja assunto dos EUA, a economia mundial precisa tanto de um americano protecionista como de uma bala na cabeça.

Há uma perspectiva ainda mais alarmante: a de que um presidente democrata, com um Congresso a seu favor, deve se abster de parecer mole ou "apaziguador do terror". Na política, quanto mais liberal o homem, de modo mais iliberal ele pode se comportar, como foi o caso com Clinton e Blair. Obama precisa se distanciar dos atos patrióticos da guerra ao terror de Bush.

Obama se proclama a revolução da vida pública americana. Mas seu histórico é tudo menos radical. Ele apóia até mesmo o porte de armas. Não fosse sua cor, seria um candidato concorrendo numa chapa democrata convencional, com poucas políticas mais construtivas que as de seu adversário.

Nada disso é argumento para não gostar de Obama. Na Washington de hoje, uma modesta competência poderia parecer revolucionária. Mas a liderança democrata é como Ícaro: suas asas derretem assim que voa para perto do Sol. Obama está voando bem perto.

* Simon Jenkins é jornalista e escreve para o jornal The Guardian

2 comentários:

Anônimo disse...

Só podia ser brasileiro para fazer esse comentário de primo pobre e primo rico. Esses que comparam o iletrado Lula da Silva a Obama. Nós brasileiros conhecemos o discurso da "transformação", e esses malditos vêm com uma sede incrível para ROUBAR e DESTRUIR o que foi feito de bom para a humanidade.

Agora sim, vamos começar a ver o final dos tempos.

Anônimo disse...

Segundo o "La Nación", o voto dos latinos foi decisivo para a vitória de Obama: entre abril de 2000 e julho de 2007, a população de origem latina cresceu de 10,2 milhões para 45,5 milhões nos EUA.

Ou seja: os botocudos não satisfeitos com a porcaria que fazem por aqui, foram lá emporcalhar a vida dos americanos.