Jornalistas estavam desinformados ou se prestaram a manipulação
Um dia alguém ainda vai contar direito a história da decisão de quarta-feira no Supremo Tribunal Federal (STF). Uma acachapante maioria de oito votos -por ora, pois faltam três - confirmou a homologação em formato contínuo da Terra Indígena Raposa/Serra do Sol. – Por Marcelo Leite – Folha de São Paulo
A meia dúzia de arrozeiros que inflamou Roraima e tantos preconceitos antiindígenas adormecidos Brasil afora terá de abandonar a área. O governador José Anchieta Júnior (PSDB) e os senadores roraimenses Augusto Botelho (PT) e Mozarildo Cavalcanti (PTB), patrocinadores da causa contra os índios, ficaram dependurados na brocha.
Não era bem o que se esperava, para dizer o mínimo. O próprio STF se encarregou de atrair os holofotes sobre si e sobre a hipótese de uma decisão desfavorável à continuidade da terra indígena com um ato de ativismo judiciário explícito: a viagem de três ministros à terra indígena, em 22 de maio deste ano.
Disse na época o presidente do STF, ministro Gilmar Mendes, um dos excursionistas: "Temos uma tríplice fronteira, temos comunidades indígenas, que têm parentes em outros países, temos uma presença bastante grande -e este é um dos reclamos - de organizações não-governamentais de toda índole. Tudo está em discussão, de certa forma, no processo".
Para bom entendedor, suas tantas palavras sobre o tema sempre bastaram. Ainda que de modo inadvertido, faziam dupla com pronunciamentos bem mais diretos de oficiais como o general Augusto Heleno, ninguém menos que o comandante militar da Amazônia. Para Heleno, a política indigenista brasileira, tal como é praticada pela Funai com base nos artigos 231 e 232 da Constituição, é "lamentável, para não dizer caótica".
O STF entendeu diferente, ao menos no que respeita ao processo de homologação de Raposa/Serra do Sol contestado pelos fazendeiros, que chegaram a participar de manifestações em unidades militares de Roraima. Há dúvida ainda sobre o alcance das 18 exigências formuladas pelo ministro Direito e referendadas pela maioria dos votos, mas não há como falar nem em vitória parcial da coalizão antiindígena.
Dito de outra maneira, o Supremo pariu um rato. Bem o oposto do que vinha sugerindo o noticiário dos últimos meses. Nos dias anteriores à decisão de quarta, não faltaram reportagens antecipando a suposta tendência do STF favorável aos rizicultores e à homologação descontínua.
Basta juntar dois e dois para concluir que ou os jornalistas e suas fontes estavam desinformados, ou se prestaram -por ingenuidade ou má-fé - a uma tentativa canhestra de manipulação. Uma aposta, talvez, em que o preconceito antiindígena aliado a interesses latifundiários e militar-nacionalistas acabaria por constranger o Supremo.
Pois bem: deu oito a zero. Contra a homologação descontínua. Os ministros que já votaram no Supremo, mesmo com ressalvas à Funai e ONGs, aplicaram uma espécie de cala-boca na turma contra Raposa/Serra do Sol. A tensão subjacente ao caso emergiu até entre ministros. Marco Aurélio Mello reagiu à proposta do relator Carlos Ayres Britto de suspender a liminar a favor dos fazendeiros, diante da maioria contrária a seu pleito, reafirmando seu direito de sustar o julgamento com um novo pedido de vista.
Gilmar Mendes ficou do seu lado. A decisão final, para 2009. E os fazendeiros, mais algumas semanas em seus arrozais.
MARCELO LEITE é autor dos livros "Ciência - Use com Cuidado" (Editora da Unicamp, 2008) e "Brasil, Paisagens Naturais - Espaço, Sociedade e Biodiversidade nos Grandes Biomas Brasileiros" (Editora Ática, 2007). Blog: Ciência em Dia
PARAGUAI:- SEM-TERRA PÕE FOGO EM SEDE DE FAZENDA NO SUL
Sem-terra paraguaios incendiaram galpões e destruíram máquinas agrícolas em uma fazenda no município de Tavai, no departamento de Caazapá (sul, a cerca de 300 km da capital, Assunção), informaram ontem meios de comunicação locais.
O episódio é mais um no país decorrente do conflito entre agricultores sem terra e grandes produtores rurais, que desde a posse do presidente Fernando Lugo, em agosto, ameaça ganhar dimensão -o que até agora não ocorreu.
Os sem-terra apoiaram a eleição do ex-bispo, em abril, e agora exigem uma ampla reforma agrária para não levar a cabo uma onda de invasões. O alvo principal das reivindicações são os latifúndios dos "brasiguaios" - brasileiros ou descendentes residentes no país, em sua maioria grandes produtores de soja. Da France Presse
GARCIA FAZ SUCESSO ENTRE VIZINHOS
Augusto Nunes – JB Online
Assessor para Assuntos Internacionais da Presidência da República, disfarça o cartão de Marco Aurélio Garcia, há sete anos no cargo de chanceler só na América do Sul. Nesse período, o Brasil foi desmoralizado por dribles desmoralizantes e chutes no tornozelo aplicados pela Bolívia, pelo Equador e pela Venezuela. Como fez de conta que nem doeu, o Paraguai animou-se a liquidar a dívida colossal contraída na construção de Itaipu com um pagamento simbólico. Se fizesse uma pesquisa nesses países, o Ibope constataria que o desempenho de Garcia é considerado ótimo ou bom por 99% dos cucarachas.
Um comentário:
É uma região vital para a segurança nacional, esse projeto está errado desde a sua concepção e se aprovado na integra irá gerar maiores conflitos.
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