Reunião de líderes na Bahia: rir para não chorar

SÓ FALTOU “ESTEBAN”

Chefes de estado latino-americanos produziram muitas piadas na Costa do Sauípe e nenhuma proposta de interesse dos seus povos. Foi uma homenagem a Fidel, o "Comediante en Jefe" – Por Reinaldo Azevedo -Revista Veja

Líderes de 33 países da América Latina e do Caribe reuniram-se na Costa do Sauípe, na semana passada, para sessões de banhos de mar e relaxamento em que o ponto forte foi um concurso de piadas. Como manda a boa etiqueta, o nível do humor foi ditado pelo anfitrião. O presidente Lula colocou a barra lá em cima. "Gente, por favor. Ninguém tire o sapato porque, aqui, como é muito calor, a gente vai perceber antes de alguém decidir jogá-lo, por causa do chulé", disse o presidente brasileiro, divertindo-se à custa do episódio recente em que George W. Bush, presidente dos Estados Unidos, numa visita a Bagdá, teve de se desviar de um sapato arremessado por um jornalista iraquiano. Na tentativa de manter o nível, Evo Morales, presidente da Bolívia, saiu-se com uma finíssima, ao melhor estilo Austin Powers: "Vamos dar um prazo ao novo governo dos EUA para suspender o bloqueio econômico a Cuba... Se não fizer isso... retiraremos os embaixadores", ameaçou o "Doctor Evo" do altiplano. Em gesto de estadista, diga-se a seu favor que ele nem cogitou acionar a marinha de guerra boliviana, preferindo, por enquanto, exercer apenas pressão diplomática sobre Washington. Evitou, assim, que uma piadinha pudesse dar origem a uma crise militar entre as duas potências.

Pena que não valia piada velha. "Doctor Evo" certamente teria repetido uma que sempre faz enorme sucesso. Ela envolve também os Estados Unidos, mas exige especial domínio de economia para ser entendida: "A queda do preço do petróleo foi um golpe do império contra Hugo Chávez". Falando no venezuelano Chávez, é claro que ele não poderia deixar Lula e Morales dominarem a cena em uma especialidade que, todos sabem, é dele. Não senhor! Bolivariano que se preze não perde concurso de piada. Chávez, então, disparou: "Cuba é a essência do coração e da dignidade dos povos da América Latina e do Caribe...". A piada só tem efeito cômico, claro, quando se esquece que a atual dupla de anciãos ditadores, Fidel e Raúl Castro, há meio século no poder, matou quase 100 000 cubanos – sem falar nos mortos de fome, de raiva e de tédio. Mas a platéia na Costa do Sauípe era bem selecionada, entendeu o espírito da coisa e Chávez saiu se até bem. Uma pena que só os ditadores cubanos e seus cupinchas podem sair da ilha. Se as pessoas comuns do povo cubano pudessem viajar, mais gente saberia que Fidel era chamado de "Comediante en Jefe". Mais gente saberia por que o apelido predileto dos cubanos para Fidel é "Esteban"... Nenhum cubano vai se arriscar a vir ao Brasil para ser preso pela polícia petista e repatriado, como aqueles pobres pugilistas dos Jogos Pan-Americanos, então nós contamos: "Esteban" é a abreviatura de "este bandido...!".

Mas isso é piada de povo... Voltemos aos profissionais. Com a liderança ameaçada por Evo Morales e Chávez, Lula deu sua cartada final. Referindo-se à América Latina, o presidente brasileiro disse: "Éramos um continente de surdos, que não nos enxergávamos". Não tem graça? Leia de novo. É uma variante bem mais inteligente, sutil e burilada da piada clássica do Napoleão de hospício que se dependura no lustre e se recusa a descer para não deixar o quarto às escuras. Foi nesse momento que Rafael Correa, presidente do Equador, vislumbrou uma oportunidade. Correa escolheu como tema o calote que deu no Brasil e atacou: "Foi um problema comercial e econômico lamentavelmente transformado em problema diplomático". Em outro ambiente, teria levado uma sapatada... Mas a Bahia não é Bagdá, Correa não é Bush e todo mundo estava ali mesmo é para relaxar e se divertir. Parecia que o encontro caminharia para seu fim sem um vencedor inconteste. Não contavam com a astúcia de Chávez. Sua piada vencedora era algo reciclada, mas levou a platéia ao delírio: "O socialismo não está morto. Está mais vivo do que nunca. O que está morto é o capitalismo". Alguém jura ter ouvido de um concorrente inconformado com a derrota um lamento inaudível: "Vai sifu...!".




VAI “SIFU” É ESTA DECLARAÇÃO DE LULA, AOS BRASILEIROS
Lula diz que Brasil deve ser "generoso" com vizinhos frágeis

"Não se pode ser réu com as palavras.
[O Brasil] tem de ser generoso com os mais frágeis, não pode ter estresse com os vizinhos, e forte com quem está no mesmo nível. Não pode politizar um debate", disse o presidente. Lula se referiu ao embate com o Equador e Paraguai a quem sutilmente chamou de economias "frágeis" e daí defendeu a generosidade. "Às vezes, querem que a gente seja duro. Não é assim que funciona", disse ele.




LULA FAZ OUVIDOS MOUCOS. E TAMBÉM A IMPRENSA
Lula da Silva se disse ontem surpreendido positivamente com a proposta apresentada pelo presidente cubano, Raúl Castro, de soltar os mais de 200 presos políticos da ilha em troca da libertação, pelos EUA, de cinco cubanos condenados na Flórida por espionagem. "Espero que Obama tenha ouvido isso", disse Lula durante café da manhã com jornalistas. Material da Folha de São Paulo



COMENTÁRIO
Lula, aquele que nada vê, que nada sabe e nada ouve.

Já no dia 18 (quinta-feira) a Casa Branca deu sua resposta aos dois indecentes, Raúl e Lula. Nós publicamos aqui:
Lula e Raul Castro levam uma invertida da Casa Branca“Washington condiciona o diálogo com Cuba à libertação “imediata” dos dissidentes, sem trocas". Para os nossos leitores de língua espanhola, a resposta americana aos infames pode ser lida aqui, no El País.




PRIMEIROS PASSOS

A primeira visita de Raúl Castro ao Brasil mostrou que ele ainda precisa se adaptar ao contraditório e à democracia. Uma simples pergunta de um jornalista sobre dissidentes provocou no líder cubano uma explosão de fúria. O Globo


A colunista Maria Helena Rubinato escreveu em seu artigo no Noblat:

“O ALGODÃO DOCE MELOU” - Recebemos no Brasil a muy ilustre visita de Castro II. Parecia simpático, não? Cordial, grato pelo convite.

Ontem, no entanto, já raspou o verniz e deu um piti quando um jornalista fez a pergunta mais adequada a ser feita a um dirigente cubano: o que ele teria a dizer sobre os dissidentes que Fidel mandou para o paredão?

A simpatia e a cordialidade foram para o espaço e ele, irritado, e no tom preferido de uns e outros, vermelho malagueta, respondeu com a educação e gentileza com que os jornalistas "audaciosos" são tratados em Cuba: aos gritos. Audácia que com certeza lá só acontece uma vez. Quer dizer, Castro II respondeu é modo de dizer. Saiu-se com uma patética história de cinco heróis presos nos EUA. Heróis!





WASHINGTON POST: CHÁVEZ SÓ CONSEGUE REELEIÇÃO COM FRAUDE

O presidente venezuelano, Hugo Chávez, não poderá ganhar o plebiscito sobre a emenda constitucional para permitir a reeleição presidencial ilimitada sem recorrer à fraude ou o uso da força, afirmou nesta sexta o jornal americano Washington Post.

O jornal repercutiu assim, em editorial, a aprovação em primeira discussão pela Assembléia Nacional venezuelana de um projeto de emenda constitucional para permitir a reeleição presidencial ilimitada que Chávez tenta aprovar a fim de poder se candidatar pela terceira vez, em 2012, à presidência da Venezuela. Chávez quebrou, assim, sua palavra de que respeitaria a derrota no referendo de dezembro do ano passado que, caso vencesse, lhe permitira justamente se candidatar novamente.

O Post afirma que, com a emenda, Chávez quer "se eternizar" no poder e evitar que lhe "escape" a oportunidade de chefiar um bloco de Estados autoritários e antiamericanos na América Latina - Leia matéria completa em “
Chávez só consegue reeleição com fraude”




BUSH E A SAPATADA

Depois de ler centenas de matérias sobre o assunto, uma mais ridícula que a outra, eis que finalmente encontrei uma análise diferenciada, escrita por
Adolfo Sachsida - doutor em Economia - e que reproduzimos abaixo. Unanimidade é sempre aquilo mesmo! Por Gaúcho/Gabriela

O mundo parece ter adorado o evento dos sapatos atirados no Presidente Americano George W. Bush. Eu interpreto o ocorrido sob um prisma diferente: nunca vi nenhum jornalista atirar sapatos em Saddam Hussein. Aliás, tivesse o nobre jornalista atirado sapatos em Saddam Hussein e já teria sido fuzilado. Mas agora, desfrutando da liberdade propiciada pela ação americana, atirar sapatos no Iraque já não é tão perigoso assim. Interessante notar como as pessoas, e a imprensa, deixaram esse fato passar despercebido.

Os sapatos atirados em Bush são a prova definitiva de que o Iraque está melhor hoje do que há 10 anos atrás. Dada a antiga força de Saddam Hussein, e as recentes altas nos preços do petróleo, seria de se esperar que a ditadura de Hussein durasse ainda muitos anos. Foi graças a interferência americana, liderada por Bush, que hoje o Iraque desfruta de liberdade. Liberdade até para atirar sapatos nos outros.

A maioria de nós é incapaz de compreender um fato histórico: liberdade não é o estado natural da humanidade. O normal é a ditadura, a opressão e a escravidão. Mesmo na antiguidade clássica a escravidão era a norma. Gregos e romanos escravizaram várias civilizações; no mundo oriental a escravidão também era fato corriqueiro. O novo mundo também não teve problema algum em aceitar escravos. Foi apenas ao final do século XIX que a palavra liberdade começou a ganhar o sentido pelo qual a conhecemos hoje.

Defender a liberdade não é isento de custos ou sacrifícios. Defender a liberdade é uma tarefa contínua e custosa. Defender a liberdade chega mesmo a ser uma tarefa ingrata em alguns momentos. Mas defender a liberdade é equivalente a defender o nosso direito à existência. Se permitirmos que nos usurpem esse direito, estamos desistindo também do nosso direito à vida. Hoje o Iraque é um lugar muito melhor de se viver do que há 10 anos atrás por um motivo simples: hoje o povo iraquiano tem mais liberdade, tem mais capacidade de exercer seu sagrado direito à liberdade de escolha. Gostem disso ou não, esse foi um bem gerado ao povo iraquiano por George W. Bush, pelas tropas americanas e por seus aliados no Iraque.




CHINA – “O PARTIDO COMUNISTA VAI SE ROMPER SE A ECONOMIA SEGUIR CAINDO”

O dinheiro é capaz de operar milagres, mas a falta dele tem o poder de desmontar falácias, como a da “igualdade”
e da “justiça social”, por exemplo.

Parasitária e dependente do capital e do trabalho alheio, as ideologias de esquerda, em geral, são as que primeiro sucumbem diante da falta de dinheiro, pois manter toda força de coerção custa caro ao Estado.

A falta de capital para irrigar as ideologias fascistas tem o mesmo efeito do insenticida no inseto: o veneno age no sistema nervoso central do bicho, travando sua movimentação e respiração, até provocar-lhe a morte por falência múltipla dos órgãos

Honestamente falando, se o capital (a falta dele) tem este poder de expor as entranhas das grandes aberrações do Mundo (como a da China, Rússia, e os ensaios na América Latina) – então, sou um dos que torcem por essa crise econômica. Parece que ela (a crise) trás consigo, não só a questão da desestabilidade, em geral, mas, principalmente, a possibilidade de desintegrar com as mentiras do Mal absoluto (do comunismo, socialismo etc.).

Começo a acreditar, seriamente, na possibilidade de um realinhamento de nossas forças morais e vitais - fundamentais - para a reconstrução de um futuro mais limpo e digno. Por Gaúcho/Gabriela




ENTREVISTA COM MINXIN PEI NO EL PAÍS:

Um dos mais reconhecidos sinólogos nos EUA. Ele afirma que milhões de trabalhadores desempregados estão sendo forçados a voltarem para suas aldeias, e que o Governo chinês deveria investir em programas sociais que acalmem a inquietude reinante entre os 1.350 milhões de habitantes do país. A imensa maioria da população não tem seguridade social, nem atenção médica, nem educação gratuita.

Faço aqui, um aparte, trazendo à lembrança um dos episódios mais chocantes do comunismo e que, seguramente, explica a inquietação dos chineses: foram 65 milhões de mortos, em meados dos anos 50, a maioria dizimada pela fome desencadeada pelo desastroso projeto de auto-suficiência implantado por Mao Tsé-tung. Tratou-se da pior fome da História, acompanhada de ondas de canibalismo e de campanhas de terror contra camponeses acusados de esconder comida.

Voltando à entrevista: Questionado sobre se haveria fome na China, Pei afirmou que não, mas disse que haverá um perigoso aumento da delinqüência, sobretudo nas zonas rurais, para onde retornarão milhares de camponeses desempregados na cidade, e sequer terão terra para cultivar, pois elas foram confiscadas.

Pei acredita que o prolongamento da crise na China poderá dividir a elite governante do país, que só se mantêm unida porque tem dádivas a repartir entre si, mas, que essa união se romperá caso a economia siga caindo, pois começarão a buscar culpados entre si, e a depurar responsabilidades. O estudioso chinês comenta que boa parte dos ricos são membros do Partido Comunista, e que não permitirão nenhuma atitude que venha a mexer com suas riquezas.

O repórter lembrou sobre a predição de Pei feita em 2006, que o futuro de China não é a democracia senão a desintegração, e ele respondeu:

A desintegração do regime. Este sistema corrupto e cheio de contradições não pode continuar. Uma pequena elite não pode apropriar-se de todos os benefícios nas costas dos cidadãos. Não creio que o êxito econômico se estenda por muito tempo sob um regime autoritário. Leia matéria completa:
El Partido Comunista se romperá si sigue cayendo la economía"




A PANELA DE PRESSÃO ESTÁ APITANDO
Polícia chinesa prende operários em fábrica para evitar protesto. Demissões em pólo exportador acirram tensão social; Pequim admite que desemprego é "muito maior" do que dado oficial. Fechamento de fábrica sem o pagamento integral de salários provocou protesto; operários relatam agressões e criticam o poder local

Centenas de trabalhadores chineses foram mantidos pela polícia em uma fábrica para impedir que protestassem em Dongguan, na Província de Cantão, pólo de exportação duramente atingido pela crise econômica global. Mais de 7.000 empresas da Província fecharam ou se mudaram nos últimos nove meses, segundo o jornal estatal "China Daily".

O prédio da fábrica de malas Jianrong e o dormitório dos operários foram cercados pela polícia e, segundo Zhang Guohua, um líder dos trabalhadores ouvido pela Associated Press, cerca de 300 pessoas ficaram retidas nos edifícios.

O conflito começou na última segunda-feira, quando a fábrica encerrou atividades e, segundo Guohua, propôs pagar aos funcionários apenas 60% dos salários dos últimos dois meses. Revoltados, os operários marcharam até a sede do governo local, onde fizeram vigília até serem forçados pela polícia a voltar para a fábrica.

"Uma menina tentou sair do dormitório, mas bateram na cabeça dela com um cassetete metálico e ela foi internada com lesões graves. Não querem que a gente proteste. Se tentarmos sair, eles baterão na gente ainda mais", disse Guohua, por celular, do dormitório. Os operários de Dongguan são com freqüência migrantes camponeses que vivem nas próprias fábricas, longe das famílias.

"Eles estão tentando nos trancar porque não querem que a gente saia e a imprensa internacional registre nosso protesto", afirmou Dai Houxue, que escapou com cerca de cem colegas do cerco policial.

Demissões e retração salarial têm acirrado tensões em Cantão, Província vizinha a Hong Kong, e em outras zonas industriais chinesas. O retorno maciço de migrantes, expulsos das cidades pelo desemprego, foi noticiado ontem pela agência estatal Xinhua, que enfatizou os esforços dos governos regionais para conter a crise social.

"O desemprego real é muito mais grave do que mostram as estatísticas oficiais, baseadas no registrado entre trabalhadores urbanos", admitiu ontem o conselheiro de Estado Chen Quansheng . Ele estima que 6,7 milhões de postos de trabalho tenham sido extintos, muitos deles em Cantão.

Segundo relatório da Academia Chinesa de Ciências Sociais publicado nesta semana, o desemprego urbano atingiu 9,4% -o dobro do índice oficial. Jovens migrantes e recém-formados são os mais atingidos.

Pequim teme que o arrefecimento do "milagre econômico" chinês acirre as tensões sociais, mitigadas pela melhoria contínua do padrão de vida dos chineses nas duas últimas décadas, apesar do aumento das desigualdades. A China anunciou, no mês passado, um pacote de estimulo econômico de US$ 586 bilhões, focado em obras de infra-estrutura e no estímulo ao consumo doméstico.
Folha de São Paulo

Um comentário:

Anônimo disse...

Na minha opinião, não são líderes, e sim, os trombadões da AL.