Será difícil Chávez financiar sua farsa bolivariana no continente

A DIFÍCIL RELAÇÃO ENTRE AS ESQUERDAS VEGETARIANA E A CARNÍVORA

Em sua coluna de hoje (segunda-feira) publicada no ABC de Madrid, Alvaro Vargas Llosa comenta os resultados de uma reunião com outros analistas no Departamento de Estado dos EUA acerca do impacto da crise financeira global na América Latina, e porque o Governo venezuelano se verá envergado para enfrentá-la.

Fui convidado, eu e mais dois analistas, pelo Departamento do Estado norte americano para compartilhar nossos pontos de vista com os diplomatas que estudam o hemisfério ocidental. Nós três concordamos em quase tudo com respeito ao impacto da crise internacional na região.

Apesar dos alarmes, a crise financeira e a recessão americana pegaram desprevenida a América Latina. Seus governos acreditavam que as épocas em que Estados Unidos espirravam e a região apenas se resfriava haviam ficado para trás. Que ilusão. Muitas das coisas que estavam beneficiando as economias latinoamericanas – o acesso aos mercados de capital, as inversões estrangeiras, as remessas dos imigrantes, o preço das matérias primas – dependem da saúde do mercado global. Quando os mercados bursáteis (bolsas de valores) estadunidenses perdem trinta bilhões de dólares (trilhões em inglês), dez vezes o que produz toda América Latina em um ano, é inevitável que a onda expansiva alcance o sul do Rio Grande.

Ao invés de empreender a reforma do Estado, cortar o gasto corrente e guardar algum dinheiro para as épocas de vacas magras, os governos preservaram a herança recebida e aumentaram o dispêndio fiscal em 10 por cento ao ano, adotando onerosos compromissos.

Agora vários deles estão curtos de fundos, no momento preciso em que suas autoridades oferecem um novo esbanjamento fiscal para defenderem-se da recessão global. A tentação de financiá-lo mediante a inflação será irresistível.

O fato de o capital estrangeiro fluir fazia a região crescer nos últimos anos (uns 100.000 milhões em 2007), o que levou esses governos a considerarem que não eram necessárias novas reformas. Porém, não obstante ao bom desempenho do Brasil, os níveis de inversão nesse país não alcançaram mais do que 18 por cento do PIB, a metade do nível alcançado pelos países asiáticos em seus melhores anos. No livro «Can Latin America Compete», editado por Jerry Haar e John Price, eles explicam que entre 2003 e 2006 a economia da região cresceu 54 por cento, porém, a produtividade foi de apenas 4 por cento.

Receber algo de capital estrangeiro e utilizar os benefícios da bonança exportadora em iniciativas assistencialistas inspiradas em «Oportunidades», o programa mexicano, não bastava para que a América Latina aproveitasse ao máximo esses bons anos e se protegesse da má situação internacional. Para seguir crescendo seria necessário remover os obstáculos ao espírito empreendedor e à inovação: os relacionados com os impostos, a burocracia, as leis trabalhistas e a interferência política nas instituições jurídicas. Também mudar a estrutura do erário público, esmagadoramente orientada ao gasto corrente em lugar de investimentos. O que não ocorreu.

Agora, os efeitos da crise chegaram ao continente. Claudio Loser, do Inter-American Dialogue, calcula que as perdas totais da região equivalem a 60 por cento de seu PIB.

O México cuja economia está entrelaçada com a dos EUA, sofrerá igualmente que a América Central. Os países dependentes dos «commodities» se verão em apuros. O Brasil, que depende deles só para a terceira parte de suas exportações, está, sem embargo, estreitamente vinculado aos mercados financeiros. Muitas de suas empresas investiram em instrumentos créditícios – foram as que desataram a hecatombe - para cobrirem-se contra os "vai e vens" monetários. A Bolsa brasileira já perdeu a metade de seu valor. Outros países que haviam diversificado suas exportações, como o Peru, terão problemas pela queda da demanda.

O orçamento de Hugo Chávez assume que o barril de petróleo custará 90 dólares; o preço do espesso cru venezuelano está hoje abaixo de 35 dólares. A outra boa notícia é que o modelo populista do Governo argentino, um caso tragicômico de autodestruição, já faz água. Finalmente, as relações entre a esquerda vegetariana e a esquerda carnívora serão bastante tensas, o que isolará mais ainda a segunda -. Venezuela e Equador - dois carnívoros que já declararam guerra política ao Brasil - um vegetariano - e se negam a saldar suas dívidas com o banco brasileiro de fomento (BNDES), fonte de financiamento para projetos de infraestrutura na América do Sul.

O perigo para América Latina não é tanto a revolução, mas a irrelevância. Muitos afirmam que os Estados Unidos não prestam suficiente atenção à região. Eram os latinoamericanos os que não prestavam atenção ao seu vizinho. Tradução de Arthur do MOVCC

La América Latina de Obama - Alvaro Vargas Llosa -© 2008, The Washington Post Writers Group
ABC, Madrid - “A Chávez le será difícil financiar su farsa bolivariana en el continente” - Via – Notícias 24




QUEDA DE 40 MIL EMPREGOS FORMAIS NO PAÍS
O Ministério do Trabalho e Emprego registrou queda no número de empregos formais criados no país em novembro. De acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados nesta segunda-feira (22), em novembro se registrou perda de 40.821 empregos em relação ao mês anterior, o que representa diminuição de 0,13%. Leia mais em:
Caged registra queda de 40 mil empregos formais no país – Via Blog do Noblat

2 comentários:

Anônimo disse...

Mis mejores deseos por un feliz recibimiento del Niño Dios. Abrazos y con afecto, Martha

Anônimo disse...

Oi Martha!

Compartilhamos juntos neste ano de 2008, e esperamos que 2009 seja repleto de grandes acontecimentos que possam mudar os rumos para melhorar a vida de todos nós. Desejamos a você e família, saúde e prosperidade em 2009. Um lindo Natal.


São os sinceros votos do Arthur e Gabriela