Guerra em Gaza - Brasileiro no 'front' por Israel

INVASÃO POR TERRA AGRAVA CONFLITO



Tanques e tropas israelenses entram em território palestino para capturar bases de foguetes do Hamas. Antes da operação, sargento brasileiro no front descreveu tensão:

“É uma guerra. Estamos dando a alma para defender Israel com unhas e dentes” - Luiz Cesar Barbosa, carioca, 22 anos, sargento das Forças de Defesa de Israel (IDF) - Por Rodrigo Craveiro da equipe do Correio

A palestina Asma Soliman, de 20 anos, pressentia o pesadelo se aproximar. Moradora do vilarejo de Al-Zawayda, a apenas 4km do território israelense, ela passou o dia de ontem escutando os primeiros disparos dos tanques e blindados do exército. “O som é contínuo, e não é tão forte como o vindo dos caças”, explica. “Meu maior medo é ver meu pai, minha mãe e meus dois irmãos morrerem na minha frente, porque eu não posso viver sem eles.”

Os inimigos de Asma romperam a fronteira por volta das 20h30 (16h30 em Brasília) e deram início à segunda etapa da operação Chumbo Grosso. Uma coluna de tanques entrou perto da cidade de Beit Hanun, acompanhada de helicópteros de artilharia. Entre os 10 mil soldados que começaram a se movimentar pela Faixa de Gaza, um brasileiro não escondia o temor diante dos perigos da guerra de guerrilha.

Cerca de duas horas antes da ofensiva terrestre, o Correio falou por telefone com o sargento Luiz Cesar Barbosa, um carioca de 22 anos que desde 17 de dezembro de 2006 faz parte do Givat — o pelotão de elite de combatentes das Forças de Defesa de Israel (IDF). “A ofensiva vai durar ao menos um mês, e a intenção é tomar e ocupar a Faixa de Gaza”, explicou. Ele demonstrava preocupação com o risco de ser sequestrado ou alvo de operações de martírio por parte de fundamentalistas islâmicos. “Eu me preparei para isso durante quase a vida inteira”, disse. “O Hamas é um grupo terrorista e também um exército. Temer a gente teme, mas não tenho muito o que fazer, não tenho escolha.” A adrenalina manteve Luiz Cesar acordado durante as últimas 72 horas.

O sargento brasileiro se recusou a dar indicações sobre a estratégia que seria utilizada, mas contou que entraria camuflado e sobre um blindado. “Na metade do caminho, vamos abandonar o veículo e entrar andando, para tomar as casas e os bairros árabes”, disse, admitindo preocupação especial com essa fase da operação. “Eles não têm tanques e aviões, mas lança-mísseis e mísseis antitanques. É uma guerra. Estamos dando a alma para defender Israel com unhas e dentes”, acrescentou.


OBJETIVO
Segundo a major Avital Leibovich, porta-voz das IDF, o objetivo é “destruir a infraestrutura de terror” do Hamas. “Vamos tomar algumas das áreas de lançamento usadas pelo Hamas”, explicou, referindo-se aos foguetes Qassam, Katyusha, Grad e Grad avançado, cujos alcances variam de 12km a 40km. Num sinal de que a operação seria longa, o gabinete israelense ordenou a convocação de 9 mil reservistas.

Por sua vez, o ministro da Defesa, Ehud Barak, disse que os israelenses “não querem guerra” e prometeu não abandonar os cidadãos “vitimados” pelo Hamas. “Eu não quero enganar ninguém. A operação em Gaza não será rápida e não será fácil”, alegou.

A ofensiva terrestre foi precedida pela intensificação dos ataques aéreos. Em Beit Lahiya, ao norte do campo de refugiados de Jabaliya, uma mesquita com 200 peregrinos foi alvo de caças israelenses. Pelo menos 13 morreram e 60 ficaram feridos. Um míssil também atingiu o carro de Azkariah Al-Jamal, matando o militante do Hamas acusado de ser o comandante dos esquadrões de lançamentos de foguete a partir de Gaza. Em oito dias de guerra, o número de mortos pelos bombardeios chegou a 450 palestinos.

Os preparativos para o avanço terrestre incluíram o lançamento de folhetos, a partir de aviões, alertando os moradores a “abandonarem imediatamente a área” para preservar sua segurança.

Menos de uma hora após o início do avanço das tropas, o Hamas anunciou que seus guerrilheiros haviam matado alguns soldados israelenses, mas a informação não pôde ser confirmada. Segundo a TV 2 de Israel, dezenas de atiradores do grupo foram abatidos durante a invasão.

Antes da invasão, Mohammed Ali, membro do Hamas em Gaza e assessor de Gazy Hamd — um dos líderes do Hamas — relatou ao Correio que o comando da facção tentava ontem se esconder, e previu uma batalha difícil. “Israel pode destruir Gaza em dois minutos, mas temos longa experiência na batalha contra a ocupação e vamos fazer emboscadas e disparar contra eles”, prometeu. “Estamos nos organizando para atacar Israel em qualquer parte, aumentaremos o alcance de nossos mísseis.” O discurso se radicalizou com a invasão. Um dos porta-vozes do Hamas afirmou que Gaza seria transformada no “túmulo” dos israelenses. “Vocês não terão mais paz.”

O Hamas não parece ter sentido a morte de Al-Jamal. Durante todo o dia, o grupo lançou 34 foguetes em direção ao sul de Israel. Um deles destruiu uma casa na cidade de Netivot, ferindo uma israelense. Mais cedo, duas pessoas ficaram levemente machucadas quando um foguete Grad caiu sobre um prédio em Ashdod. Outros três civis receberam atendimento médico, em estado de choque. Até o fechamento desta edição, a reportagem não havia recebido notícias sobre a situação da palestina Asma Soliman e do brasileiro Luiz Cesar.






ESQUERDA PRESSIONA OBAMA A SE PRONUNCIAR

Analistas dizem temer que o silêncio do presidente eleito sobre Gaza mine boa vontade entre árabes e muçulmanos. Ofensiva de Israel pode fortalecer idéia de que novo presidente deva cuidar do desafio iraniano antes da questão Israel-palestina

Quando o assunto é o abismo econômico em que se meteu os EUA, o presidente eleito Barack Obama não espera até a posse, no próximo dia 20, para apresentar estratégias de ação. O caso da ofensiva israelense em Gaza, porém, desperta reação diferente: sua equipe adere ao mantra "só temos um presidente de cada vez", repetido após a invasão de ontem, irritando a opinião pública árabe e preocupando os que esperam uma nova abordagem da política para o Oriente Médio.

As pressões partem principalmente de analistas da esquerda americana. Eles alertam que o silêncio atual não ajuda Obama a construir a confiança necessária para avançar as negociações de paz entre Israel e os palestinos.

"Negligenciar o engajamento neste estágio crítico envia a mensagem errada sobre a seriedade com a qual Obama perseguirá um "papel ativo" [no conflito]", escreveu o comentarista John Nichols na revista esquerdista "The Nation".

"Suas opções são limitadas, assim como sua oportunidade de fazer a diferença e sinalizar um novo começo. Ele pode ter apenas uma chance", afirmou o colunista Simon Tisdall no jornal britânico "The Guardian".

Fora dos EUA, as críticas ecoam entre palestinos e seus simpatizantes. Na sexta, a liderança do Hamas mostrou que tentará tirar proveito político do silêncio de Obama. "O senhor começa mal", disse Khaled Meshaal, líder do grupo em Damasco. "Condenou os ataques em Mumbai [Índia], mas não diz nada enquanto centenas de palestinos são mortos. Ocidente, estamos cansados de ver dois pesos, duas medidas." Assinante da Folha – leia mais
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COMENTÁRIO: O SILENCIO “ATENTO” DE OBAMA
Tradicionalmente, o silencio para o bom entendedor costuma bastar. No entanto, a esquerda parece estar tentando fazer ouvidos moucos ao se negar a ouvir o barulho do “silêncio” de Obama, para o nosso alívio – dos que ainda não têm certeza sobre as intenções do novo presidente dos EUA.

Se o presidente americano está cumprindo com sua palavra dada durante a campanha presidencial, de que ele também reagiria caso suas filhas fossem machucadas dentro de sua casa, então seu silencio é um alívio.

O Bush ao contrário da unanimidade, tem se pronunciado incansavelmente sobre as provocações do Hamas. Tudo indica que o novo presidente pode estar seguindo essa mesma orientação ao não se pronunciar sobre o assunto.

Sobre os temores da esquerda, sem dúvida, não são os mesmos que os nossos, que enxergamos nas ambições nucleares do Irã (que está por trás do Hamas) um perigo eminente que deve ser combatido.

A possibilidade de que os EUA possam conviver com um Irã nuclearizado, isto sim, deve ser o temor da direita mundial. Portanto, se o silencio de Obama sugere alguma ação nesta direção – ótimo! Esta possível resposta “silenciosa” (ao Irã?) tem tudo para ser, inclusive, o fiel da balança no conflito entre Israel-palestina. Por Gaúcho/Gabriela





PROMOTOR-CHEFE DA ESPANHA DIZ QUE TERRORISMO DEVE PREOCUPAR ATÉ O BRASIL
Javier Zaragoza, promotor-chefe da Audiencia Nacional - principal instância penal espanhola, equivalente ao Supremo Tribunal Federal (STF) no Brasil -, afirma que os países da América Latina, inclusive o Brasil, deveriam estar mais preparados para enfrentar o terrorismo.

"Não importa que um país não tenha atos terroristas. Esse país tem de ter a legislação necessária e os instrumentos políticos suficientes para que sua ajuda seja eficaz no combate ao terrorismo."

Zaragoza coordenou as investigações e conduziu a acusação contra os responsáveis por um dos mais sangrentos atentados terroristas dos últimos anos, que matou 191 pessoas após uma série de explosões em trens de Madri, em 11 de março de 2004. "Alguns países, que já foram vítimas do problema do terrorismo, estão mais preocupados", ressalta, citando Bolívia, Colômbia e Peru. "Mas creio que todo o espaço político ibero-americano deveria ter uma posição mais avançada, mais inovadora e mais positiva para permitir combater o terrorismo."

"O narcoterrorismo se inventou na Hispano-América e o grande risco que existe é que as atividades de narcotráfico gerem uma dinâmica terrorista", observa, para acrescentar ao grupo os ibéricos Espanha e Portugal. "O problema não é somente daqueles países que têm grupos terroristas. Creio que todos, em geral, de alguma forma, deveriam se preparar para combater o problema."

DESCONFORTO
No caso brasileiro, a discussão do tema causa incômodo em especial no Palácio do Planalto. Temendo que definições legais detalhadas sobre o crime de terrorismo pudessem ser utilizadas contra movimentos sociais, o governo enterrou um projeto de lei amplo sobre o tema. Para atender a um dispositivo da Convenção Internacional para Supressão do Financiamento do Terrorismo, o governo desistiu de um projeto de 50 artigos sugerido pela Estratégia Nacional de Combate à Corrupção e Lavagem de Dinheiro (Enccla) e adotou outra solução. Decidiu incluir uma emenda ao texto de uma proposta de ampliação da lei de combate à lavagem de dinheiro, em tramitação no Congresso, fixando pena de 4 a 12 anos de prisão para o crime de financiamento do terrorismo.

Na Espanha, a preocupação com o tema se aprofundou a partir de 2004. As investigações concluíram que, nos ataques em Madrid, havia entre os 29 acusados - 21 dos quais foram condenados - um grupo de criminosos espanhóis responsáveis pelo fornecimento de explosivos em troca de drogas. "A Espanha sentiu na própria carne. Nós concluímos que prevenir o atentado terrorista é muito mais importante que investigar um ato terrorista depois de cometido", explica Zaragoza, para quem o terrorismo é "uma forma especial" de crime organizado. "Tem uma formula ideológica muito forte interna e religião entendida de forma patológica, mas os instrumentos são os mesmos." Por Sônia Filgueiras, Brasília –
O Estado de São Paulo



''CRIME ORGANIZADO É COMO O TERROR''
Fausto Zuccarelli: promotor italiano; segundo ele, criminosos são movidos por objetivo tão forte quanto a religião, que é ganhar dinheiro ilicitamente Leia matéria completa no
Estadão

Um comentário:

Anônimo disse...

Essa esquerda PORCA e CORRUPTA, espera que o presidente americano se una a eles. Só que o presidente Obama, se cercou de um ministério bastante radical a esses malandros do tipinho Lula da Silva e outros Chávez da vida.