Populistas querem destruir a democracia

“TESTE DE PATRIOTISMO” NÃO PASSA DE ANÁTEMA

Exceto nos últimos 25 anos, a democracia - pelo menos as liberdades civis, a separação de poderes e as eleições livres – se tornou uma estranha na América Latina. Opinião de
Marifeli Perez-Stable.com



Até a década de 1950, o tradicional era a figura do homem-forte, onde as ditaduras eram freqüentes, mas não a norma. Na moderna década de 1960, a institucionalização das ditaduras entrou em palco. Então, no final dos anos 1970 começaram as ondas democráticas que varreram estes regimes militares.

Mas isso não é toda a história. No populismo – o povo que foi o beneficiário das políticas do governo - deixou uma impressão profunda na cultura política da região. Líderes como Juan Domingo Perón e Getúlio Vargas inauguraram suas políticas na Argentina e no Brasil, que incluíam os trabalhadores e a promessa de melhorar suas vidas. Nesse sentido, esta primeira geração de populistas inicialmente fez bem para a América Latina.

Ao final, porém, o populismo começou a falhar. Por razões variadas, mas, principalmente porque o liberalismo começou a atravessá-lo.

Populistas até então santificados pelo povo começaram a ser desprezados; o cidadão que inicialmente dependia de uma liderança começou a exercer seus direitos de forma mais independente, a conhecer melhor o lema do líder populista – que ignorava a separação entre os poderes. Finalmente, o populismo olhou de soslaio para os mercados e para os lucros e, obviamente, se deu conta de que não poderia sustentar o crescimento econômico.

No entanto, na edição deste ano do calendário eleitoral, a meta é colocar de volta o atual populismo, de frente e ao centro.

• Em Jan. 25, bolivianos foram às urnas e aprovaram uma nova Constituição.

• No domingo passado, segundo informação do partido opositor - Equador Alianza País (AP) - o partido do presidente Rafael Correa realizou uma primária onde nomeou o presidente e seu Vice Presidente para as eleições gerais em 29 de abril.

• Em 15 de fevereiro, a Venezuela fará um referendo de duvidosa legalidade sobre a reeleição indefinida do presidente Hugo Chávez e de todos os governantes eleitos.

O presidente boliviano Evo Morales tem agora uma Constituição onde ele obteve 60 por cento dos votos dos bolivianos. Mesmo assim, a Constituição não vai estar operacionalizada até que o legislativo aprove a execução de mais de 100 leis. Algumas dessas reformas terão de passar pelo atual Congresso, bem como deverão ter uma lei eleitoral, em tempo, para o concurso de dez novos presidentes do legislativo. A oposição controla o Senado, embora ela esteja agora dividida e poderá não ser capaz de bloquear a aprovação da nova legislação.

A nova Constituição, além disso, não colocará fim no conflito entre as províncias orientais de La Paz. No leste, os eleitores rejeitaram o charter em grande parte, tal como no ano passado, eles votaram a favor da autonomia regional em referendos considerados ilegais por La Paz. Se a desobediência civil voltar nestas províncias, como já aconteceu em setembro, a Bolívia poderá enfrentar novas ondas de violência.

No Equador, a primária foi aberta à participação de todos os cidadãos e acabou por ser problemática. Membros da AP denunciaram irregularidades, incluindo escrutínios insuficientes ou incompletos e, em alguns casos, até a suspensão da votação. Correa disse que se estes problemas alterarem o resultado das primárias, o principal não será reformulado. ''Estes incidentes são uma benção disfarçada, porque eles nos ajudam a limpar as nossas fileiras, ''observou o presidente, dizendo que os membros da AP que alegaram fraude são “infantis, imaturos, e primitivos. ''

Na Venezuela, as sondagens dão uma vantagem relativa ao SIM, mas Chávez é obrigado a ter vários truques escondidos na manga. Ele é certamente o grande invocador do espectro da violência contra a “oposição antipatriótica que quer ganhar o referendo na base da guerra, e o povo poderá perder tudo o que foi adquirido no âmbito da revolução''. '' Delegados chavistas recorreram à língua circinal para defender a questão da reeleição indeterminada. Parece claro que Chávez não poderá correr riscos novamente, sobretudo porque em 2 de Dezembro de 2007 os venezuelanos já disseram não ao seu poder para sempre.

Constituições devem limitar o poder. Isso, porém, não é a opinião de Chávez, Morales e Correa. Todos os três tentam permanecer no poder, tanto quanto possível, com o menor controle possível sobre suas decisões. Cada um está em um momento diferente na trajetória do populismo contemporâneo. A Bolívia e o Equador estão nas fases iniciais de suas novas constituições.

Chávez, porém, é quem mais se aproxima de um clímax. Se ele ganhar em 15 de fevereiro, o que ele pretende fazer com a oposição? Já os militares (...) pretendem abrir fogo contra os manifestantes? Se ele perder, ele pode muito bem incitar a violência já que agora ele é uma predição.

''A democracia é um sistema em que partidos perdem eleições'' – eis um ditado que os novos populistas não aceitam para si próprios. A troca de ideais políticos que transforma qualquer desacordo em teste de patriotismo é um anátema. Por essa via, a democracia finalmente morre. Em breve assistiremos a isso na Venezuela.


Marifeli Pérez-Stable é Vice Presidente da governança democrática - a Inter-American Dialogue, em Washington, DC, e professor na Universidade Internacional da Flórida.
The Miami HeraldTradução de Arthur



COMENTÁRIO:
A imprensa em geral, costuma poupar o Lula da Silva das críticas – vide a análise acima publicada no Miami Herald. Tratam do tema como se o petista não fosse uma peça vital nessa engrenagem latino populista que pavimenta sua permanência indefinida no Poder.

Aliás, muito pelo contrário, com freqüência, Lula é citado pela imprensa como um grande líder desenvolvimentista e democrático, um dos mais bem quistos na América Latina, atrás de Álvaro Uribe (Colômbia), segundo as pesquisas.

Essa ausência de criticas à política de Lula parece um complô da mídia fazendo sombra à manobra do governo petista (como se isso fosse possível), cuja atual fase demonstra grande despreocupação ao expor seus repentes de autoritarismo.

Os últimos acontecimentos no país, permitem essa elucubração. A esquerda mundial reunida no Fórum Social em Natal, tem duas agendas: Na interna o tom é radical e declaradamente bélico aos Direitos constituídos do país - na agenda externa, o discurso é manso, pois a esquerda mundial está em fina sintonia em torno de uma
unanimidade.

Outro acontecimento recente bastante crítico foi a não extradição do criminoso Battisti, uma demonstração arrepiante de descaso às leis italianas. Por fim, citamos a provável aceitação de terroristas de Guantánamo (a filial da Jihad) em território brasileiro - num acerto direto com Barack Obama.

Eis os fatos que dão o tom sobre o nosso futuro (ou a falta dele), e torna possível vislumbrar a oficialização do Estado autoritário em 2010, consoante a doutrina comunista do Continente, sob as bênçãos dos organismos internacionais dos países que compõe o Eixo do Mal, e tudo indica dos EUA.

Por isto, Lula está seguro em sua política de afrontas. Por Gaúcho/Gabriela

Um comentário:

Anônimo disse...

Olha a confusão mental. O botocudo confunde bebê com a podridão das idéias dele.

Mais um pouco de insanidade
Gentinha é gentinha sempre. Esse foi o tema do BOTOCUDO da Venezuela. O descompensado de tudo, crê que o mundo é contra o povo Venezuelano, quando na verdade, estamos saturados dessa excrescência que vomita sua bílis em cima dos palcos.

Genocida é ele, que ficará fedendo na lixeira, porque nem a história será capaz de perder tempo com esse sujeito anão de rodapé.

Um trecho do vômito.

"O que eu espero dele é que ele respeite o povo venezuelano", disse Chávez sobre Obama. "Estamos em compasso de espera, mas não tenho muita ilusão porque o império está intacto. Acabar com a prisão em Guantánamo foi um sinal, mas ele tem que devolver o território para Cuba."

Sobre o antecessor de Obama, Chávez foi mais direto: "Bush foi para a lixeira da história como genocida".

O discurso de Chávez durou 40 minutos, o dobro do estipulado pela organização do evento. O venezuelano aproveitou em seu discurso o slogan do Fórum Social Mundial ("um outro mundo é possível") e disse "um outro mundo é necessário" e "um outro mundo está nascendo na América do Sul e é como um bebê que temos que cuidar"