EDITORIAL
Logo após a vitória “democrática” do “referendo-emboscada” de Chávez - cujo resultado lhe concedeu Poder ilimitado - os adestrados “senadores” petistas e outras solidárias marionetes saíram logo com o discurso do INVERSO: que a eleição do domingo passado foi justa e democrática. Mas é claro, afinal, ela deu plenos poderes ao facínora venezuelano para perpetuar-se no poder, sem alternância.
Oportunistas e ordinários defenderam que a "democracia" é a inspiração da essência do povo - ainda que este povo seja enganado, ultrajado e violentado por ditadores que usam e abusam da máquina do Estado para se impor: manipular pesquisas e fraudar eleições/referendos
Imaginem, por exemplo, se os 39% que votaram em Alckimin nas eleições passadas se, por acaso, eles estão nessa vergonhosa soma dos 84% que aprovam o Lula? Isso, sem falar dos sonhadores ingênuos - fatalmente decepcionados - que caíram do telhado ao dar seu voto ao petista.
O Lula finge odiar os ricos, mas ele faz a festa dos banqueiros. Ele chama os países organizados e civilizados de imperialistas e os idiotas aplaudem, porque a inveja está intrínseca na alma desse povo revoltado, que acredita na saliva dos canalhas que só prometem, iludem e profetizam como se fossem Deus. Dessa feita, a massa amorfa raivosa fica esperando o milagre cair do céu, sem trabalho e sem perspectiva de futuro - só na base da esmolinha do Bolsa Família - a maior indústria de cabresto que o Mundo já viu, para fidelizar os votos e perpetuar a miséria neste país.
Aquele Senado fede pelo ranço dos discursos, aquilo não funciona mais, virou uma corte de negociatas. Com as devidas exceções, imagino que alguns poucos Senadores sintam-se aviltados na alma e na inteligência, no meio daquele mercadão. Quem agüenta aquele “trololó” de José Sarney? Aqueles defensores das Farc, dos Battistis, da delinqüência em geral. Isso, sem falar dos discursos dos anões mequetrefes reverenciando sem o menor constrangimento a imagem do anão-mor, Lula Saliva.
Afinal, para que serve aquele Senado Federal, aquela nuvem de gafanhotos? Aquilo virou um antro de lambedores de bota, de massageadores do traseiro de Lula, uma boca de porco, um point dos usurpadores.
Até mesmo o Sarney que era contra a entrada da Venezuela no Mercosul, já mudou seu discurso. Estamos diante da frieza dos mentecaptos, dos imorais que roubam e assassinam todos os sonhos de um povo, e ninguém fala nada. As prostitutas têm seu preço.
Lula e Chávez além de cínicos, os dois demonstram uma indiferença atroz às desgraças de seus povos. Eles jamais estarão comprometidos com o bem-estar do cidadão ou do país – que se dane o povo - desde que o apetite assassino e a mágica da fé desvairada (por eles) sejam subvertidos em poder incontrolável. Malditos!
A escalada da mediocridade é vital para essa canalha pornográfica e sádica, que abusa da máquina do Estado para forçar e submeter o povo às surras. Eis o Instituto (a carta magna) do instinto destruidor e dominador, que sempre procura afirmar o poder do seu EU - adotando, conforme as circunstâncias, atitudes na ofensiva e defensiva.
Temos que estar atentos porque a lavagem cerebral está a todo vapor: a democracia é o INSTITUTO AGRESSIVO que leva qualquer crápula a se eternizar no poder, sem alternância. E o Hugo Chávez - o titular da pasta da demência - ainda afirmou que “perpetuar-se no poder é um meio de se acabar com a corrupção”. Que “victoria de pirro, de mierda”!
A verdade é que estamos enojados de tanto ouvir esses depravados nos palanques vomitando sua gosma. O Lula então, cansado de inventar sobre o PAC, agora resolveu fazer oposição ao seu próprio desgoverno, criticando a saúde e a educação, como se ele não fosse o único grande responsável pelas mazelas deste país. É preciso ser muito cínico para fazer esse papel medíocre. Por Gabriela/Gaúcho
O LÍDER E A HISTÓRIA
"A partir de hoje me consumirei a vida toda ao serviço do povo venezuelano." No momento da vitória no referendo, Hugo Chávez adicionou à paráfrase de São Paulo o seguinte: "Hoje vocês escreveram meu destino político, que é igual ao meu destino de vida." As ideias de consagração pessoal a uma causa transcendental e de comunhão absoluta entre a vida pública e a privada definem a persona do Líder revolucionário, uma figura que só deixa o poder na hora da morte. Por Demétrio Magnoli
Joseph Stalin, o "guia genial dos povos", governou a URSS durante quase três décadas, entre 1924 e 1953. Adolf Hitler, o Fuhrer, conduziu a Alemanha desde 1933 até a catástrofe nacional, que coincidiu com a imolação pessoal, em 1945. Benito Mussolini, o Duce, liderou a Itália por mais de 30 anos, até sua execução em praça pública. Mao Tsé-tung, o "farol da revolução", reinou no antigo Império do Centro durante 27 anos. Kim Il-sung, o "eterno presidente", mandou na Coreia do Norte ao longo de 45 anos e, antes de morrer, transmitiu o poder a seu filho. Fidel Castro, o "comandante", ultrapassou todos os demais, atormentando os cubanos por meio século antes de transmitir o cargo a seu irmão. Hugo I, da Venezuela, propõe-se a conduzir pessoalmente sua revolução até 2030, quando estaria com 76 anos e ultrapassaria a marca de três década no poder.
No plano imaginário, o Líder deve eternizar-se no poder pois é detentor de um tipo particular de carisma. Ele tem uma sabedoria indefinível, mas superior à dos demais: um pacto secreto com a História e uma consciência especial do destino de uma nação ou de toda a humanidade. "Chávez une o que é diverso: o povo", explica Aristóbulo Istúriz, dirigente do PSUV, o partido chavista. O Líder é infalível.
No plano político, a perpetuação do Líder funciona como solução para a carência de regras de sucessão típica dos regimes revolucionários. Como o sistema político se fecha em torno do partido da revolução, a competição pelo poder degrada-se em conspirações no interior do círculo dirigente. Para evitar a crônica instabilidade, em nome de uma ordem duradoura, o Líder governará até morrer. Nas palavras de Istúriz: "Na Venezuela, não há período de governo normal, tradicional. Não há programa de governo, e sim processo revolucionário. Isso requer tempo." Sim: muito tempo.
Para os revolucionários, História se escreve com maiúscula. Os democratas escrevem história com minúscula. A democracia sustenta-se sobre uma convicção negativa: a idéia de que a história não tem "leis" nem destino. A metáfora do "trem da História" expressa a crença dos revolucionários na existência de uma ordenação da aventura humana cuja fonte é natural, econômica ou divina. Esta crença lhes confere uma chave mágica dos portais do futuro e o lugar político especial de partido que fala em nome do progresso. A oposição a tal partido representa uma negação das "leis da História", um desvio que deve ser banido. Na democracia, pelo contrário, vigora o consenso de que a história não se dirige a nenhum lugar particular. Dele decorrem a crença de que ninguém detém uma verdade superior e o princípio pelo qual todos os partidos têm o direito legítimo de almejar o governo. A Venezuela encontra-se num ponto decisivo da transição entre a democracia e a tirania revolucionária.
O referendo venezuelano chamou os cidadãos a dizer se aprovavam uma emenda que "amplia os direitos do povo", permitindo a reeleição indefinida. O ministro Celso Amorim, vergonhosamente, defendeu a natureza democrática da emenda chavista. Mas democracia não é igual a vontade da maioria. Democracia é o regime que exprime a vontade da maioria pela mediação das instituições representativas, conserva o equilíbrio de poderes e preserva as liberdades públicas e os direitos da minoria. A vontade da maioria sem as demais qualificações é o fundamento da tirania. A passagem da democracia para a tirania se dá pela extinção do Estado como ente público. No caso dos regimes revolucionários, o Estado é convertido em apêndice do partido da revolução - e em instrumento da vontade do Líder.
As democracias protegem-se da subordinação das instituições públicas a um Líder pela limitação do direito à reeleição, uma garantia da alternância de dirigentes no poder. Mas, por si mesma, a aprovação da emenda que permite a reeleição indefinida não significa a implantação de uma tirania. A democracia estiola-se na Venezuela porque o Estado se transforma em patrimônio de uma corrente política particular. O resultado do referendo reflete a identificação crescente do Estado com o PSUV.
No país de Chávez, a presidência controla o Parlamento, o Judiciário e a comissão eleitoral. Os militares fazem a saudação chavista. O presidente da República é o presidente do PSUV. Os ministros são altos dirigentes do partido. Os funcionários públicos são compelidos a agir como ativistas do partido. A polícia reprime manifestações da oposição. Os recursos públicos financiam os "coletivos", grupos de militantes partidários que atuam em projetos sociais, nas periferias, e como milícias de choque oficialistas, atemorizando opositores. Capturado pelo chavismo, o Estado perde seu caráter público.
Segundo Chávez, o referendo é parte de "uma nova doutrina constitucional que tem como vanguarda a Venezuela". Processos plebiscitários costumam acompanhar a implantação das tiranias. Governos democráticos e ditaduras em crise terminal podem perder plebiscitos, mas regimes revolucionários não os perdem pois o Estado não será derrotado no jogo em que é parte e juiz. Depois do fracasso no referendo de 2007, Chávez aprendeu o segredo para vencer disputas plebiscitárias. Basta introduzir a violência de Estado na equação política, esvaziando de conteúdo as regras que asseguram as liberdades públicas. A democracia não tem lugar no "terceiro ciclo da revolução bolivariana".
Demétrio Magnoli é sociólogo e doutor em Geografia Humana pela USP. - O Estado de São Paulo
CÁ ENTRE NÓS
Pois é, enquanto a "internacional antichavista" faz mágicas para continuar alimentando a imprensa sul-americana, vem do mundo de Barack Obama uma novidade que não parece ocasional.
O Departamento de Estado atesta que o referendo vencido por Hugo Chávez foi "totalmente coerente com o processo democrático". Como sobremesa, o democrata "Washington Post" define as novas constituições de Venezuela, Bolívia e Equador como "processos pacíficos" que se destinam a "refundar aquelas nações para corrigir injustiças históricas". (Dois fatos em pequenas notícias na Folha de ontem).
No que nos respeita, são sinais quase inacreditáveis de uma inovação inacreditável. Por importante que seja, seu aspecto político é o de menos. A mudança de percepção e de concepção é ainda mais assombrosa.
Lembra uma palavra que nunca passou de sua sonoridade: Panamericanismo. Não faz mal imaginar que aqueles fatos sejam uma insinuação esboçada de vida em comum nas nossas bandas. Por Jânio de Freitas - Folha de São Paulo
Logo após a vitória “democrática” do “referendo-emboscada” de Chávez - cujo resultado lhe concedeu Poder ilimitado - os adestrados “senadores” petistas e outras solidárias marionetes saíram logo com o discurso do INVERSO: que a eleição do domingo passado foi justa e democrática. Mas é claro, afinal, ela deu plenos poderes ao facínora venezuelano para perpetuar-se no poder, sem alternância.
Oportunistas e ordinários defenderam que a "democracia" é a inspiração da essência do povo - ainda que este povo seja enganado, ultrajado e violentado por ditadores que usam e abusam da máquina do Estado para se impor: manipular pesquisas e fraudar eleições/referendos
Imaginem, por exemplo, se os 39% que votaram em Alckimin nas eleições passadas se, por acaso, eles estão nessa vergonhosa soma dos 84% que aprovam o Lula? Isso, sem falar dos sonhadores ingênuos - fatalmente decepcionados - que caíram do telhado ao dar seu voto ao petista.
O Lula finge odiar os ricos, mas ele faz a festa dos banqueiros. Ele chama os países organizados e civilizados de imperialistas e os idiotas aplaudem, porque a inveja está intrínseca na alma desse povo revoltado, que acredita na saliva dos canalhas que só prometem, iludem e profetizam como se fossem Deus. Dessa feita, a massa amorfa raivosa fica esperando o milagre cair do céu, sem trabalho e sem perspectiva de futuro - só na base da esmolinha do Bolsa Família - a maior indústria de cabresto que o Mundo já viu, para fidelizar os votos e perpetuar a miséria neste país.
Aquele Senado fede pelo ranço dos discursos, aquilo não funciona mais, virou uma corte de negociatas. Com as devidas exceções, imagino que alguns poucos Senadores sintam-se aviltados na alma e na inteligência, no meio daquele mercadão. Quem agüenta aquele “trololó” de José Sarney? Aqueles defensores das Farc, dos Battistis, da delinqüência em geral. Isso, sem falar dos discursos dos anões mequetrefes reverenciando sem o menor constrangimento a imagem do anão-mor, Lula Saliva.
Afinal, para que serve aquele Senado Federal, aquela nuvem de gafanhotos? Aquilo virou um antro de lambedores de bota, de massageadores do traseiro de Lula, uma boca de porco, um point dos usurpadores.
Até mesmo o Sarney que era contra a entrada da Venezuela no Mercosul, já mudou seu discurso. Estamos diante da frieza dos mentecaptos, dos imorais que roubam e assassinam todos os sonhos de um povo, e ninguém fala nada. As prostitutas têm seu preço.
Lula e Chávez além de cínicos, os dois demonstram uma indiferença atroz às desgraças de seus povos. Eles jamais estarão comprometidos com o bem-estar do cidadão ou do país – que se dane o povo - desde que o apetite assassino e a mágica da fé desvairada (por eles) sejam subvertidos em poder incontrolável. Malditos!
A escalada da mediocridade é vital para essa canalha pornográfica e sádica, que abusa da máquina do Estado para forçar e submeter o povo às surras. Eis o Instituto (a carta magna) do instinto destruidor e dominador, que sempre procura afirmar o poder do seu EU - adotando, conforme as circunstâncias, atitudes na ofensiva e defensiva.
Temos que estar atentos porque a lavagem cerebral está a todo vapor: a democracia é o INSTITUTO AGRESSIVO que leva qualquer crápula a se eternizar no poder, sem alternância. E o Hugo Chávez - o titular da pasta da demência - ainda afirmou que “perpetuar-se no poder é um meio de se acabar com a corrupção”. Que “victoria de pirro, de mierda”!
A verdade é que estamos enojados de tanto ouvir esses depravados nos palanques vomitando sua gosma. O Lula então, cansado de inventar sobre o PAC, agora resolveu fazer oposição ao seu próprio desgoverno, criticando a saúde e a educação, como se ele não fosse o único grande responsável pelas mazelas deste país. É preciso ser muito cínico para fazer esse papel medíocre. Por Gabriela/Gaúcho
O LÍDER E A HISTÓRIA
"A partir de hoje me consumirei a vida toda ao serviço do povo venezuelano." No momento da vitória no referendo, Hugo Chávez adicionou à paráfrase de São Paulo o seguinte: "Hoje vocês escreveram meu destino político, que é igual ao meu destino de vida." As ideias de consagração pessoal a uma causa transcendental e de comunhão absoluta entre a vida pública e a privada definem a persona do Líder revolucionário, uma figura que só deixa o poder na hora da morte. Por Demétrio Magnoli
Joseph Stalin, o "guia genial dos povos", governou a URSS durante quase três décadas, entre 1924 e 1953. Adolf Hitler, o Fuhrer, conduziu a Alemanha desde 1933 até a catástrofe nacional, que coincidiu com a imolação pessoal, em 1945. Benito Mussolini, o Duce, liderou a Itália por mais de 30 anos, até sua execução em praça pública. Mao Tsé-tung, o "farol da revolução", reinou no antigo Império do Centro durante 27 anos. Kim Il-sung, o "eterno presidente", mandou na Coreia do Norte ao longo de 45 anos e, antes de morrer, transmitiu o poder a seu filho. Fidel Castro, o "comandante", ultrapassou todos os demais, atormentando os cubanos por meio século antes de transmitir o cargo a seu irmão. Hugo I, da Venezuela, propõe-se a conduzir pessoalmente sua revolução até 2030, quando estaria com 76 anos e ultrapassaria a marca de três década no poder.
No plano imaginário, o Líder deve eternizar-se no poder pois é detentor de um tipo particular de carisma. Ele tem uma sabedoria indefinível, mas superior à dos demais: um pacto secreto com a História e uma consciência especial do destino de uma nação ou de toda a humanidade. "Chávez une o que é diverso: o povo", explica Aristóbulo Istúriz, dirigente do PSUV, o partido chavista. O Líder é infalível.
No plano político, a perpetuação do Líder funciona como solução para a carência de regras de sucessão típica dos regimes revolucionários. Como o sistema político se fecha em torno do partido da revolução, a competição pelo poder degrada-se em conspirações no interior do círculo dirigente. Para evitar a crônica instabilidade, em nome de uma ordem duradoura, o Líder governará até morrer. Nas palavras de Istúriz: "Na Venezuela, não há período de governo normal, tradicional. Não há programa de governo, e sim processo revolucionário. Isso requer tempo." Sim: muito tempo.
Para os revolucionários, História se escreve com maiúscula. Os democratas escrevem história com minúscula. A democracia sustenta-se sobre uma convicção negativa: a idéia de que a história não tem "leis" nem destino. A metáfora do "trem da História" expressa a crença dos revolucionários na existência de uma ordenação da aventura humana cuja fonte é natural, econômica ou divina. Esta crença lhes confere uma chave mágica dos portais do futuro e o lugar político especial de partido que fala em nome do progresso. A oposição a tal partido representa uma negação das "leis da História", um desvio que deve ser banido. Na democracia, pelo contrário, vigora o consenso de que a história não se dirige a nenhum lugar particular. Dele decorrem a crença de que ninguém detém uma verdade superior e o princípio pelo qual todos os partidos têm o direito legítimo de almejar o governo. A Venezuela encontra-se num ponto decisivo da transição entre a democracia e a tirania revolucionária.
O referendo venezuelano chamou os cidadãos a dizer se aprovavam uma emenda que "amplia os direitos do povo", permitindo a reeleição indefinida. O ministro Celso Amorim, vergonhosamente, defendeu a natureza democrática da emenda chavista. Mas democracia não é igual a vontade da maioria. Democracia é o regime que exprime a vontade da maioria pela mediação das instituições representativas, conserva o equilíbrio de poderes e preserva as liberdades públicas e os direitos da minoria. A vontade da maioria sem as demais qualificações é o fundamento da tirania. A passagem da democracia para a tirania se dá pela extinção do Estado como ente público. No caso dos regimes revolucionários, o Estado é convertido em apêndice do partido da revolução - e em instrumento da vontade do Líder.
As democracias protegem-se da subordinação das instituições públicas a um Líder pela limitação do direito à reeleição, uma garantia da alternância de dirigentes no poder. Mas, por si mesma, a aprovação da emenda que permite a reeleição indefinida não significa a implantação de uma tirania. A democracia estiola-se na Venezuela porque o Estado se transforma em patrimônio de uma corrente política particular. O resultado do referendo reflete a identificação crescente do Estado com o PSUV.
No país de Chávez, a presidência controla o Parlamento, o Judiciário e a comissão eleitoral. Os militares fazem a saudação chavista. O presidente da República é o presidente do PSUV. Os ministros são altos dirigentes do partido. Os funcionários públicos são compelidos a agir como ativistas do partido. A polícia reprime manifestações da oposição. Os recursos públicos financiam os "coletivos", grupos de militantes partidários que atuam em projetos sociais, nas periferias, e como milícias de choque oficialistas, atemorizando opositores. Capturado pelo chavismo, o Estado perde seu caráter público.
Segundo Chávez, o referendo é parte de "uma nova doutrina constitucional que tem como vanguarda a Venezuela". Processos plebiscitários costumam acompanhar a implantação das tiranias. Governos democráticos e ditaduras em crise terminal podem perder plebiscitos, mas regimes revolucionários não os perdem pois o Estado não será derrotado no jogo em que é parte e juiz. Depois do fracasso no referendo de 2007, Chávez aprendeu o segredo para vencer disputas plebiscitárias. Basta introduzir a violência de Estado na equação política, esvaziando de conteúdo as regras que asseguram as liberdades públicas. A democracia não tem lugar no "terceiro ciclo da revolução bolivariana".
Demétrio Magnoli é sociólogo e doutor em Geografia Humana pela USP. - O Estado de São Paulo
CÁ ENTRE NÓS
Pois é, enquanto a "internacional antichavista" faz mágicas para continuar alimentando a imprensa sul-americana, vem do mundo de Barack Obama uma novidade que não parece ocasional.
O Departamento de Estado atesta que o referendo vencido por Hugo Chávez foi "totalmente coerente com o processo democrático". Como sobremesa, o democrata "Washington Post" define as novas constituições de Venezuela, Bolívia e Equador como "processos pacíficos" que se destinam a "refundar aquelas nações para corrigir injustiças históricas". (Dois fatos em pequenas notícias na Folha de ontem).
No que nos respeita, são sinais quase inacreditáveis de uma inovação inacreditável. Por importante que seja, seu aspecto político é o de menos. A mudança de percepção e de concepção é ainda mais assombrosa.
Lembra uma palavra que nunca passou de sua sonoridade: Panamericanismo. Não faz mal imaginar que aqueles fatos sejam uma insinuação esboçada de vida em comum nas nossas bandas. Por Jânio de Freitas - Folha de São Paulo
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