E Lula comeu a oposição - El País

Na política brasileira foi produzido um fenômeno na América Latina e quiçá no mundo inteiro – Análise de Juan Arias

O carismático presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, e seu Executivo, que gozam de 84% de popularidade depois de seis anos de Governo, comeram a oposição. E não o fizeram com métodos antidemocráticos, mas sim, apropriando-se de suas bandeiras.

Já se sabia que Lula é um gênio político que soube vencer as reticências no seio de seu partido, o PT; de feito, se dispõe a eleger a uma mulher, à ministra Dilma Rousseff, como sua sucessora na candidatura à presidência em 2010, apesar dela nunca ter disputado eleições e de não ser uma personagem muito grata para o PT. Porém, o que ninguém imaginou jamais é que ele seria capaz de eliminar democraticamente a oposição. Tanto a de direita como a de esquerda.

¿Como foi que ele conseguiu? Com uma política que, pouco a pouco, foi ceifando a erva abaixo dos pés de seus opositores. Da direita, ele cortou as asas mediante uma política macroeconômica neoliberal que está lhe proporcionando bons resultados nesses momentos de crise financeira mundial graças às reservas acumuladas.

Ao mesmo tempo, colocou coto às ínfulas de alguns dos movimentos sociais mais radicais, como do MST, cujas ações ele criticou taxando-as de ilegais e às quais cominou a respeitar as leis

¿Porém, de verdade, será que não tem espaço para a oposição no Brasil?


Um aparte meu antes de continuarmos: O jornalista espanhol deve ser admirador do presidente ou então é mais uma matéria paga, porque no computo geral ela é puro elogio ao Lula – “o conciliador”. Não perderei tempo traduzindo essa parte. Mas acho que vale à pena traduzir a parte em que o analista tenta explicar esse “fenômeno mundial” de o Brasil não ter uma oposição ao Lula. Isto, de fato nos interessa.

Ele continua:
¿Porém, de verdade, será que não tem espaço para a oposição no Brasil? Porque, se assim for, existe quem considere isso um grave obstáculo para uma autêntica democracia. Poderia existir segundo vários analistas políticos, como Merval Pereira, porém, o problema radica no fato de que a oposição se assustou com a popularidade do Lula. Inclusive tem políticos opositores, sobretudo de Governos locais, que buscam uma foto junto de Lula para ganhar pontos ante seu eleitorado.

Se a oposição quisesse, dizem os especialistas, poderia exigir de Lula que ele levasse a cabo as grandes reformas que o país ainda necessita para crescer a nível mundial, como a reforma política (¿pode-se governar um Parlamento com 30 partidos?), a fiscal (Brasil é um dos países do mundo com maior carga tributaria: beira os 40%), da Seguridade Social (Lula só conseguiu lograr uma parte e, apesar de um escândalo de subornos a deputados para que votassem a favor, ela ficou pequena), a agrária (não saiu do papel), a da educação (no Brasil ainda não é obrigatório o ensino secundário e sua qualidade é uma das piores valoradas no mundo) e, por último, a penitenciária (os suicídios de presos aumentaram no ano passado em 40%).

Porém, tudo isso se choca com o muro da dialética política de Lula: seu carisma acaba neutralizando inclusive aqueles que antanho foram seus maiores antagonistas. Se quiser ler a parte dos elogios ao Lula está aqui (em espanhol). Tradução parcial de Arthur para os leitores do MOVCC




COMENTÁRIO
O analista espanhol deveria ler a entrevista do Senador Jarbas Vasconcelos para melhor entender e escrever sobre o fenômeno da "falta de oposição” no Brasil. Com certeza, ele vai perceber que as explicações que tentou dar, na verdade, deviam passar muito longe dos elogios rasgados que fez à capacidade de Lula. Ao contrário: Lula é um Governo MEDIOCRE que contaminou a classe política deste país. Só isto.

Se Lula foi capaz de alguma coisa, então foi nisto: ele “mediocrizou” geral, como afirmou o senador Jarbas Vasconcelos: "o Senado virou um teatro de mediocridades", e o maior partido político do Brasil (PMDB) adotou a estratégia de usufruir (negociatas) dos governos sem vencer eleição.

Quanto à popularidade de Lula, muito simples: ele usufrui do cabresto do maior programa oficial de compra de votos do mundo - o Bolsa Família.

Que dialética o quê? Lula apenas saliva. E outra: seu desgoverno nunca soube o que é ter uma oposição desde que assumiu o governo - porque se assim fosse, ele já teria perdido seu cargo desde que estourou o escândalo do Mensalão.

Portanto, Lula não pode comer aquilo que não estava para ser comido. A única coisa é que os políticos (a maioria) estão mais safados, mediocres e desarvegonhados ainda. Por Gaúcho/Gabriela