Governo paulista suspende diálogo com MST

PARABÉNS, JOSÉ SERRA


'Invasões de sem-terra em SP são políticas'. Secretário do estado diz que Rainha, que comandou invasões, deveria protestar em Brasília.

O Secretário de Justiça de São Paulo, Luiz Antônio Marrey, classificou de políticas as invasões de fazendas por sem-terra no Pontal do Paranapanema na segunda-feira, e afirmou que o governo paulista não revogará, em hipótese alguma, as duas portarias que excluem a participação de movimentos sociais nas comissões de seleção de assentados no estado. A revogação dessas portarias é uma das reivindicações feitas por José Rainha Júnior, que liderou as invasões no Pontal.

Marrey assegurou ainda que o estado vai agir com rigor nas reintegrações de posse determinadas pela Justiça, utilizando inclusive a força policial, se necessário. O secretário disse que a responsabilidade pela reforma agrária é do governo federal e que os movimentos deveriam protestar e cobrar novos assentamentos em Brasília.

- Os movimentos deveriam cobrar novos assentamentos na Esplanada dos Ministérios. O governo federal tem a faca e o queijo na mão para realizar a reforma agrária. Estamos no sétimo ano do governo Lula, que tem muita afinidade com os movimentos sociais. Aliás, soube que Rainha já recebeu cerca de R$10 milhões do governo federal e que o Ministério Público estaria apurando a aplicação desses recursos - disse Marrey.

Na madrugada de segunda-feira, movimentos ligados a Rainha, líder dissidente do MST, invadiram 20 fazendas em 15 municípios paulistas. Eles batizaram a operação de Carnaval Vermelho e protestaram contra o que chamaram de "descaso e falta de eficiência" do governo José Serra nos assentamentos. Os manifestantes reclamam ainda de um projeto que legaliza as terras públicas ocupadas por posseiros e reduz o número de assentamentos para a reforma agrária.

Uma reunião que Rainha teria com o secretário de Justiça amanhã foi cancelada depois das invasões desta semana.

Marrey foi taxativo:
- Não vamos revogar as portarias em hipótese alguma e nem mesmo retirar o projeto de lei que tramita na Assembleia Legislativa. O Legislativo é o fórum adequado para o aprimoramento de qualquer projeto sobre o assentamento em São Paulo. As invasões são políticas e não trazem resultado positivo. Pelo contrário, geram um clima de insegurança e rompimento da paz - disse o secretário de Justiça.

Segundo Marrey, embora o estado administre terras desapropriadas, a atribuição maior na reforma agrária é do governo federal. O secretário disse que o estado tem função subsidiária na arrecadação de terras devolutas e que em dois meses instalou dois novos assentamentos, em Presidente Venceslau e Euclides da Cunha. Segundo o secretário, outros dois assentamentos estão em fase de licença ambiental na região. Ele disse que, nas áreas onde o estado tem acesso, o assentamento é feito; e que São Paulo administra pelo menos cem assentamentos. Marrey afirmou que o governo estadual tem lista de pessoas para receber terras e não abrirá mão de assentar famílias com vocação rural.

-Vamos sempre dar preferência a quem tenha vocação rural e não a quem invadiu a terra simplesmente. Não é papel do governo fazer política de clientelismo do movimento sem-terra. O governo tem um cadastro de pessoas interessadas na terra e vai dar preferência a esta lista. Os movimentos sociais não vão controlar São Paulo. Eles querem dominar a escolha de famílias, mas não vão conseguir. Esses movimentos, que vivem de conflitos, querem infernizar os assentamentos, e nós não vamos dar o controle do processo a eles - disse o secretário de Justiça paulista.


Por Wagner Gomes – O Globo

3 comentários:

Anônimo disse...

Serra tem que baixar o sarrafo nesses marginais alimentos com verbas publicas. Rainha tem que ir prá cadeia!!!!!

Anônimo disse...

Prisão



A União Democrática Ruralista (UDR) pediu hoje a prisão de José Rainha e de seu braço direito, Sérgio Pantaleão, por terem articulado as invasões do "Carnaval Vermelho". Os pedidos foram protocolados pelo presidente da entidade, Luiz Antonio Nabhan Garcia, no Departamento de Polícia Judiciária do Interior (Deinter-8) de Presidente Prudente e na Procuradoria Geral de Justiça do Estado. A Procuradoria, órgão do Ministério Público Estadual, deve remeter o processo aos promotores criminais dos 16 municípios onde ocorreram invasões. A Polícia Civil informou que vários líderes das invasões já foram identificados e serão indiciados em inquérito.

RLocatelli Digital disse...

Muito bacana essa foto do Serra.