"A taxa de crescimento do Brasil neste ano deve ficar ligeiramente acima da linha [superior a zero]", disse Angel Gurría, secretário-geral da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico), entidade com sede em Paris que reúne 30 das economias mais ricas do mundo.
O número será divulgado no fim do mês e acompanha a percepção do mercado. Segundo a pesquisa Focus, do Banco Central, a economia brasileira deve crescer 0,59% neste ano, depois de avançar 5,1% em 2008. Apesar da projeção, Luiz de Mello, chefe da área que reúne Brasil, América do Sul e Indonésia no Departamento Econômico da OCDE, definiu o país como "mais bem preparado do que há cinco ou dez anos".
A OCDE também divulgou estudo que avalia os efeitos da globalização e o desempenho dos países emergentes. Nesse item, a organização faz severas críticas ao Brasil, sobretudo à lenta liberalização.
Segundo o documento, o país tem indicadores de governança "medíocres" e as barreiras regulatórias são o maior obstáculo para o crescimento do comércio exterior e do investimento estrangeiro. E, embora as exportações tenham crescido bem acima da média mundial nas últimas duas décadas, a fatia do país no comércio do planeta congelou. Gitânio Fortes, enviado especial a Paris - Colaborou MARCELO NINIO, de Genebra -Folha de São Paulo
PESSIMISMO COM EMPREGO ATINGE RECORDE
Para 59%, nível de desemprego no país vai crescer _é o maior índice do governo Lula; em novembro, 44% tinham essa opinião´.Desemprego já é apontado, com a saúde, como o principal problema do país para 23% dos entrevistados; em novembro, eram 18%. Com a crise financeira internacional, aumentou o número de brasileiros que afirma que o desemprego vai crescer. E o desemprego, assim como a saúde, já é apontado como o principal problema do país.
Pesquisa do Datafolha realizada entre os dias 16 a 19 deste mês mostra que 59% acreditam que o desemprego crescerá nos próximos meses _maior índice do governo Lula. Em novembro, o percentual era de 44%.
"Esse aumento (de 44% para 59%) revela a preocupação dos brasileiros com os efeitos da crise financeira mundial no mercado de trabalho", afirma Mauro Paulino, diretor-geral do Datafolha.
O Brasil foi afetado pela crise mundial a partir do mês de setembro, quando ocorreu a quebra do banco de investimentos norte-americano Lehman Brothers. Com a desaceleração da economia brasileira, a falta de crédito e o temor de agravamento da crise, as empresas passaram a demitir. Entre novembro e janeiro, o país perdeu 797,5 mil empregos com carteira assinada, segundo o Ministério do Trabalho.
Maior problema
Na pesquisa do Datafolha, o desemprego é apontado espontaneamente _ao lado da saúde_ como o principal problema do país. Em novembro, a saúde era considerada a principal preocupação para 25% dos entrevistados; e o desemprego, para 18%. No levantamento encerrado ontem, esses percentuais passaram para 21% e 23%, respectivamente.
Aumentou também o percentual de trabalhadores no país que acreditam correr algum risco de perder o próprio emprego. A maioria dos brasileiros, entretanto, ainda não teme ser demitido.
Segundo a pesquisa, 65% dos brasileiros empregados (com ou sem carteira) dizem achar que não correm risco de perder o emprego. Em novembro, esse percentual era de 71%.
Já 22% julgam correr algum risco de ser demitido _ante 17% que acreditavam no mês de novembro estar nessa mesma condição. E 8% dos brasileiros consideram correr grande risco de demissão. Há quatro meses, esse percentual era 7%. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
A avaliação do desempenho do governo Lula em relação ao combate ao desemprego é considerada regular por 42% dos entrevistados. Para 35%, é bom ou ótimo. Outros 21% consideram ruim ou péssimo.
Crise x consumo
Diminuiu também a disposição dos brasileiros de gastar nos próximos meses em razão da crise econômica mundial. No levantamento anterior do Datafolha, 76% dos entrevistados afirmaram que não haviam desistido de comprar algum produto ou bem por causa dos reflexos das incertezas financeiras no país. Nesta última pesquisa, o percentual passou para 65%.
"Continua chamando a atenção esse percentual elevado. A crise não afetou a intenção de consumo da maior parte dos brasileiros", diz Paulino.
Entre os 33% que desistiram de comprar algum produto ou bem, 7% declaram que deixaram de comprar automóveis; 4% imóveis; 4%, móveis; 4%, vestuário (roupas e calçados); 3%, motocicletas; 3%, eletrodomésticos (geladeira e televisor); 2%, computadores; 2%, material de construção. Em novembro eram 21% que haviam desistido de consumir.
Para o levantamento, foram ouvidas pelo Datafolha 11.204 pessoas, com idade acima de 16 anos, em 371 municípios. - Folha de São Paulo
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