Crescimento no Brasil se aproxima de zero em 2009

PARA OCDE, PAÍS TEM INDICADORES DE GOVERNANÇA “MEDIOCRES"

"A taxa de crescimento do Brasil neste ano deve ficar ligeiramente acima da linha [superior a zero]", disse Angel Gurría, secretário-geral da OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico), entidade com sede em Paris que reúne 30 das economias mais ricas do mundo.



O número será divulgado no fim do mês e acompanha a percepção do mercado. Segundo a pesquisa Focus, do Banco Central, a economia brasileira deve crescer 0,59% neste ano, depois de avançar 5,1% em 2008. Apesar da projeção, Luiz de Mello, chefe da área que reúne Brasil, América do Sul e Indonésia no Departamento Econômico da OCDE, definiu o país como "mais bem preparado do que há cinco ou dez anos".

A OCDE também divulgou estudo que avalia os efeitos da globalização e o desempenho dos países emergentes. Nesse item, a organização faz severas críticas ao Brasil, sobretudo à lenta liberalização.

Segundo o documento, o país tem indicadores de governança "medíocres" e as barreiras regulatórias são o maior obstáculo para o crescimento do comércio exterior e do investimento estrangeiro. E, embora as exportações tenham crescido bem acima da média mundial nas últimas duas décadas, a fatia do país no comércio do planeta congelou. Gitânio Fortes, enviado especial a Paris - Colaborou MARCELO NINIO, de Genebra -Folha de São Paulo




PESSIMISMO COM EMPREGO ATINGE RECORDE

Para 59%, nível de desemprego no país vai crescer _é o maior índice do governo Lula; em novembro, 44% tinham essa opinião´.Desemprego já é apontado, com a saúde, como o principal problema do país para 23% dos entrevistados; em novembro, eram 18%. Com a crise financeira internacional, aumentou o número de brasileiros que afirma que o desemprego vai crescer. E o desemprego, assim como a saúde, já é apontado como o principal problema do país.

Pesquisa do Datafolha realizada entre os dias 16 a 19 deste mês mostra que 59% acreditam que o desemprego crescerá nos próximos meses _maior índice do governo Lula. Em novembro, o percentual era de 44%.

"Esse aumento (de 44% para 59%) revela a preocupação dos brasileiros com os efeitos da crise financeira mundial no mercado de trabalho", afirma Mauro Paulino, diretor-geral do Datafolha.

O Brasil foi afetado pela crise mundial a partir do mês de setembro, quando ocorreu a quebra do banco de investimentos norte-americano Lehman Brothers. Com a desaceleração da economia brasileira, a falta de crédito e o temor de agravamento da crise, as empresas passaram a demitir. Entre novembro e janeiro, o país perdeu 797,5 mil empregos com carteira assinada, segundo o Ministério do Trabalho.

Maior problema

Na pesquisa do Datafolha, o desemprego é apontado espontaneamente _ao lado da saúde_ como o principal problema do país. Em novembro, a saúde era considerada a principal preocupação para 25% dos entrevistados; e o desemprego, para 18%. No levantamento encerrado ontem, esses percentuais passaram para 21% e 23%, respectivamente.

Aumentou também o percentual de trabalhadores no país que acreditam correr algum risco de perder o próprio emprego. A maioria dos brasileiros, entretanto, ainda não teme ser demitido.

Segundo a pesquisa, 65% dos brasileiros empregados (com ou sem carteira) dizem achar que não correm risco de perder o emprego. Em novembro, esse percentual era de 71%.

Já 22% julgam correr algum risco de ser demitido _ante 17% que acreditavam no mês de novembro estar nessa mesma condição. E 8% dos brasileiros consideram correr grande risco de demissão. Há quatro meses, esse percentual era 7%. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.

A avaliação do desempenho do governo Lula em relação ao combate ao desemprego é considerada regular por 42% dos entrevistados. Para 35%, é bom ou ótimo. Outros 21% consideram ruim ou péssimo.
Crise x consumo

Diminuiu também a disposição dos brasileiros de gastar nos próximos meses em razão da crise econômica mundial. No levantamento anterior do Datafolha, 76% dos entrevistados afirmaram que não haviam desistido de comprar algum produto ou bem por causa dos reflexos das incertezas financeiras no país. Nesta última pesquisa, o percentual passou para 65%.

"Continua chamando a atenção esse percentual elevado. A crise não afetou a intenção de consumo da maior parte dos brasileiros", diz Paulino.

Entre os 33% que desistiram de comprar algum produto ou bem, 7% declaram que deixaram de comprar automóveis; 4% imóveis; 4%, móveis; 4%, vestuário (roupas e calçados); 3%, motocicletas; 3%, eletrodomésticos (geladeira e televisor); 2%, computadores; 2%, material de construção. Em novembro eram 21% que haviam desistido de consumir.

Para o levantamento, foram ouvidas pelo Datafolha 11.204 pessoas, com idade acima de 16 anos, em 371 municípios. - Folha de São Paulo

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