Candidato de ex-guerrilha encerra 20 anos de governo conservador com promessa de mudança e pragmatismo
El Salvador celebrou ontem a eleição de seu primeiro presidente de esquerda depois de duas décadas de governo conservador da Aliança Republicana Nacionalista (Arena), com a vitória apertada de Mauricio Funes, candidato da ex-guerrilha marxista Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional (FMLN) - que abandonou as armas e se converteu em partido político em 1992.
Os eleitores seguiram a onda esquerdista do continente e apostaram no discurso moderado e pragmático de Funes. O esquerdista, um popular jornalista de TV e ex-correspondente da CNN, venceu o candidato da Arena, Rodrigo Ávila, por 2,5 pontos percentuais, com mais de 90% das urnas apuradas.
A eleição foi uma vitória também do marqueteiro petista João Santana, responsável pela campanha focada na promessa de mudança inspirada na de Lula da Silva, que classificou a vitória de uma "conquista de toda a América Latina". "Sempre acompanhei com muito carinho a luta do povo salvadorenho", disse Lula ontem em nota oficial. "Espero podermos nos encontrar em breve para também aprofundar a parceria entre nossos dois países."
Funes terá pela frente o desafio de distanciar sua imagem da de Hugo Chávez, depois que seus adversários focaram a campanha na acusação de que o esquerdista seria uma marionete do venezuelano. No discurso de vitória, o presidente eleito, que nunca se envolveu com a guerrilha e só se filiou ao partido para concorrer, garantiu que respeitaria a Constituição e clamou por um governo de unidade.
- Convido as diferentes forças sociais e políticas para que construamos juntos essa unidade que deve ser baseada na tolerância, no respeito às diferenças e na identificação de objetivos comuns - disse.
Futura primeira-dama é representante do PT
Funes e Santana se conhecem há anos. Além de ter tido contatos com lideranças petistas como jornalista, Funes é casado com a brasileira e petista Vanda Pignato, funcionária da embaixada brasileira em San Salvador. Vanda, filiada ao PT desde a fundação do partido, é diretora do Centro de Estudos Brasileiros, na embaixada brasileira, desde 1993, não fazendo parte do corpo diplomático do país. Em 2005, foi indicada pelo PT como representante do partido para a América Central.
Segundo o secretário de Relações Internacionais do PT, Valter Pomar, que acompanhou as eleições em San Salvador, a futura primeira-dama pode manter a filiação petista, mas possivelmente preferirá interromper a função de representação para evitar uma duplicidade de sua posição no novo governo, que se inicia em 1º de junho.
O embaixador brasileiro em San Salvador, Luiz Felipe Mendonça Filho, acredita que as relações entre Brasil e El Salvador são promissoras, mas ressalta que San Salvador deve continuar mantendo foco na América Central e nos EUA, para onde destina 70% das exportações e de onde vêm cerca de 17% do PIB do país, via remessas enviadas por cidadãos no exterior. Sabrina Valle - O Globo – Foto: El País: Mauricio Funes e sua esposa, celebram a vitória- REUTERS
LEIA TAMBÉM: Revendo a História
17 de março de 1982 — A guerrilha de El Salvador
Os guerrilheiros da Frente Farabundo Marti de Libertação Nacional (FMLN) abriram uma nova frente de luta na guerra civil de El Salvador, desta vez em plena capital. Até uma ano antes os guerrilheiros se restringiam às zonas rurais, só realizando ataques rápidos a cidades do interior. Os confrontos entre rebeldes e o exército salvadorenho, este último financiado pelos Estados Unidos, começaram em 1980 e se estenderam por 12 anos. O conflito deixou 75 mil mortos, 8 mil desaparecidos, 1 milhão de desabrigados e 1 milhão de exilados.
Comentário: Tragédia pouca é bobagem!
El Salvador celebrou ontem a eleição de seu primeiro presidente de esquerda depois de duas décadas de governo conservador da Aliança Republicana Nacionalista (Arena), com a vitória apertada de Mauricio Funes, candidato da ex-guerrilha marxista Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional (FMLN) - que abandonou as armas e se converteu em partido político em 1992.
Os eleitores seguiram a onda esquerdista do continente e apostaram no discurso moderado e pragmático de Funes. O esquerdista, um popular jornalista de TV e ex-correspondente da CNN, venceu o candidato da Arena, Rodrigo Ávila, por 2,5 pontos percentuais, com mais de 90% das urnas apuradas.
A eleição foi uma vitória também do marqueteiro petista João Santana, responsável pela campanha focada na promessa de mudança inspirada na de Lula da Silva, que classificou a vitória de uma "conquista de toda a América Latina". "Sempre acompanhei com muito carinho a luta do povo salvadorenho", disse Lula ontem em nota oficial. "Espero podermos nos encontrar em breve para também aprofundar a parceria entre nossos dois países."
Funes terá pela frente o desafio de distanciar sua imagem da de Hugo Chávez, depois que seus adversários focaram a campanha na acusação de que o esquerdista seria uma marionete do venezuelano. No discurso de vitória, o presidente eleito, que nunca se envolveu com a guerrilha e só se filiou ao partido para concorrer, garantiu que respeitaria a Constituição e clamou por um governo de unidade.
- Convido as diferentes forças sociais e políticas para que construamos juntos essa unidade que deve ser baseada na tolerância, no respeito às diferenças e na identificação de objetivos comuns - disse.
Futura primeira-dama é representante do PT
Funes e Santana se conhecem há anos. Além de ter tido contatos com lideranças petistas como jornalista, Funes é casado com a brasileira e petista Vanda Pignato, funcionária da embaixada brasileira em San Salvador. Vanda, filiada ao PT desde a fundação do partido, é diretora do Centro de Estudos Brasileiros, na embaixada brasileira, desde 1993, não fazendo parte do corpo diplomático do país. Em 2005, foi indicada pelo PT como representante do partido para a América Central.
Segundo o secretário de Relações Internacionais do PT, Valter Pomar, que acompanhou as eleições em San Salvador, a futura primeira-dama pode manter a filiação petista, mas possivelmente preferirá interromper a função de representação para evitar uma duplicidade de sua posição no novo governo, que se inicia em 1º de junho.
O embaixador brasileiro em San Salvador, Luiz Felipe Mendonça Filho, acredita que as relações entre Brasil e El Salvador são promissoras, mas ressalta que San Salvador deve continuar mantendo foco na América Central e nos EUA, para onde destina 70% das exportações e de onde vêm cerca de 17% do PIB do país, via remessas enviadas por cidadãos no exterior. Sabrina Valle - O Globo – Foto: El País: Mauricio Funes e sua esposa, celebram a vitória- REUTERS
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17 de março de 1982 — A guerrilha de El Salvador
Os guerrilheiros da Frente Farabundo Marti de Libertação Nacional (FMLN) abriram uma nova frente de luta na guerra civil de El Salvador, desta vez em plena capital. Até uma ano antes os guerrilheiros se restringiam às zonas rurais, só realizando ataques rápidos a cidades do interior. Os confrontos entre rebeldes e o exército salvadorenho, este último financiado pelos Estados Unidos, começaram em 1980 e se estenderam por 12 anos. O conflito deixou 75 mil mortos, 8 mil desaparecidos, 1 milhão de desabrigados e 1 milhão de exilados.
Comentário: Tragédia pouca é bobagem!
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