Generais criticam plano nacional de defesa

Militares, prestes a entrar para a reserva, também contestam existência de ministério e seu comando por um civil.


Um grupo de generais apresentou ontem documento na reunião do Alto Comando do Exército criticando o plano nacional de defesa anunciado pelo presidente Lula no fim de 2008. Assinado por três generais prestes a seguir para a reserva, o documento acusa o Ministério da Defesa de interferir nos três comandos militares e critica o número de servidores civis na pasta.

Um dos principais pontos de descontentamento seria a criação no Ministério de um Alto Comando da Defesa com poder para decidir sobre as grandes compras de armamentos e equipamentos das três forças.

O documento entregue ontem foi assinado pelos generais Luiz Cezário da Silva, ex-comandante Militar do Leste; Paulo César de Castro, chefe do Departamento de Ensino e Pesquisa; e Maynard Marques de Santa Rosa, chefe do Departamento Geral de Pessoal. Coube ao general Cezário apresentar as críticas ao plano, cujo nome oficial é Estratégia Nacional de Defesa. O militar é um antigo crítico da criação do Ministério da Defesa e se opõe à presença de um civil no comando. Leia mais
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JOBIM OUVE CHEFE DO EXÉRCITO SOBRE CRÍTICA

Informado de resistências à Estratégia Nacional de Defesa na alta cúpula do Exército, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, telefonou ontem ao comandante da Força, general Enzo Martins Peri, que participava da reunião com generais, para saber da extensão das críticas e de seu alcance na caserna. Na conversa, Enzo tranquilizou Jobim e disse que os documentos com críticas apresentados por três generais de Exército, como revelou o Estado, são pessoais.


Segundo ele, as críticas são pontuais e foram apresentadas aos demais generais com objetivo de deixar registrados seus pontos de vista. Dois dos três generais que se manifestaram ontem sobre a Estratégia de Defesa, formulada pelo próprio Jobim, estão deixando o serviço ativo no dia 31.

Algumas das críticas passam pelo que chamam de temor de politização das Forças Armadas. Eles protestam contra o fato de que os militares poderão ser ainda "mais afastados dos círculos decisórios".

Nos documentos, deixam clara ainda a insatisfação com a parte que coube ao Exército no plano de Defesa, que "evidencia uma desproporção no que tange aos objetivos das Forças Armadas". Para os generais, não está previsto para o Exército "nenhum projeto de modernidade, ao contrário do que ocorre em relação à Marinha e à Força Aérea".

Os militares condenam ainda o artigo do plano de Defesa que unifica as compras do ministério. Um dos documentos cita que essa centralização permite "a introdução de idiossincrasias típicas da administração civil, como a corrupção e o tráfico de influência". Por Tânia Monteiro O Estado de S. Paulo

2 comentários:

Anônimo disse...

No Brasil, o Ministro da Defesa deveria, necessariamente, pertecer a um Oficial General de quatro estrelas.

Anônimo disse...

A maioria avassaladora é contra o plano, os generais citados respondem pela ampla maioria. A divisão entre forças armadas e governo está a cada dia mais evidente.