O Ministério do Trabalho informou hoje (18) que foram criados em fevereiro 9.179 novos postos de trabalho com carteira assinada. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Segundo o ministro Carlos Lupi, o saldo é pequeno, mas positivo. Os dados representam a diferença entre as contratações e as demissões. Apesar de as contratações terem sido maiores que as demissões é o pior resultado para fevereiro desde 1999. Leia mais aqui – O Globo
AGORA, VEJA A ANÁLISE DO ECONOMISTA FELIPE OHANA SOBRE OS DADOS DO CAGED
O Ministério do Trabalho procedeu a uma revisão metodológica a respeito da forma de como calcular o número de desligados (demitidos) do mercado de trabalho.
Para explicar, o Ministério exarou uma Nota Técnica (nº MTE 077/2009). Essencialmente, alega-se, os procedimentos visam a "eliminar da base de referência os estoques dos estabelecimentos que encerraram suas atividades durante o ano anterior".
Tecnicamente, há dois procedimentos principais:
a) os estabelecimentos que não declararam a RAIS 2007 e tampouco o CAGED 2008 foram considerados "mortos" e retirados da base de comparação e b) Os estabelecimentos que não declaram a RAIS 2007, mas declaram CAGED 2008 foram incluídos pelo estoque de mão de obra de DEZEMBRO 2008, quando a crise já havia feito seu estrago.
Essa abordagem da técnica metodológica é sempre árida e complexa, mas o item (b) é muito transparente quanto às conseqüências. Se um estabelecimento novo, que possuía 5000 empregados entre janeiro e novembro de 2008, tivesse sido atingido pela crise e forçado a demitir 4990 funcionários, figuraria na base de referência com somente 10 empregados.
Se essa fosse a única empresa existente no País (para efeito de exemplo), qualquer elevação de emprego ocorrida entre janeiro e novembro seria desprezada, pois a empresa seria contabilizada com seu número mínimo de empregados (no caso, 10). Se essa empresa, em janeiro contratar mais um funcionário, indo para 11 empregados, o CAGED apontará elevação de 10% no emprego (1 empregado novo em relação aos 10 antigos já contabilizados).
A comparação entre os registros decorrentes da antiga e da nova metodologia permite as seguintes conclusões:
A soma dos empregos liquidamente gerados em 2008 caiu de 1 452 204 postos para 713 156 postos, como decorrência do procedimento de se registrarem as empresas com o estoque de funcionário de dezembro 2008, mês já afetado pela crise.
As demissões líquidas observadas nos meses de novembro – dezembro – janeiro caíram de 796 767 (pela antiga metodologia) para 426 454. Ou seja, a crise foi suavizada em 370 313 postos de trabalho que teriam deixado, pela mudança de metodologia, de ser eliminados. Assim, a crise ao final do ano foi 50% menor. Quase uma marola.
Dessa maneira, o Ministério do Trabalho "descartou" (ou sacrificou) a estatística que indicava a geração de 739 048 novos postos de trabalho em 2008 (= 1452204 – 713156), para colocar a base de comparação com um valor mínimo histórico de empregados. Se o valor registrado de empregados é mínimo, as chances de se registrarem novas demissões líquidas são menores, ou seja, aumenta a probabilidade de se registrarem novas contratações líquidas, o que marcaria o final da crise. Assim nasce o número favorável de fevereiro. O resultado de uma engenharia dos números, sem ética.
O Ministério do Trabalho aniquilou a credibilidade do banco de dados do CAGED. A partir de agora, não serve para mais nada. Poderia muito bem ser fechado.
Registros de Geração Líquida de Emprego – CAGED
A redução no número de desligados do mercado de trabalho, segundo o Ministério do Trabalho – banco de dados do Cadastro de Empregados e Desempregados (CAGED) - Via Blog do Aleluia
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