O presidente Lula, ao falar sobre as recentes ações violentas do MST, aproveitou para desfiar números da ação do governo na distribuição de terras. As estatísticas impressionam. Lula, porém, fala para o vazio.
Já deveria saber que a questão do MST não tem mais a ver com a reforma agrária. Pode ter sido diferente quando a organização dava os primeiros passos no Sul do país, embalada pelo movimento da Teologia da Libertação, da Igreja Católica, e tripulada por grupos de extrema esquerda. Há algum tempo a reforma agrária desapareceu do horizonte dos grupos sem terra.
Por uma razão objetiva: não há mais terra à disposição da reforma agrária nas regiões em que a agricultura se modernizou, e também não mais existe o "sem-terra". Parte da população que saiu do campo e foi para a cidade - no processo normal de desenvolvimento do país - adestrou-se para trabalhar na indústria e nos serviços, ou foi povoar as favelas. E quem não se converteu em força produtiva, perdeu contato com a prática agrícola. Daí - à parte falhas na rede de assistência técnica dos governos - muitos assentamentos serem favelas rurais, mantidas à custa de cestas básicas.
A agricultura evoluiu, o "latifúndio improdutivo" tornou-se figura de retórica de militante ou apenas termo encontrado em livros de história. O MST passou a mobilizar o lumpesinato de cidades do interior, e, aos poucos, mas irreversivelmente, seu verdadeiro projeto veio à tona: a mudança do regime político, de uma "democracia burguesa" para algo de corte autoritário; e um modelo econômico de administração centralizada, como o deixado para trás pelo mundo na década de 80, sustentado numa agricultura de minifúndios, numa indústria de minifábricas, qualquer coisa no estilo maoísta, cujo resultado foram milhões de mortos pela fome na China. A atuação do MST no Pará e no Maranhão desvenda a amplitude verdadeira das intenções da organização. No primeiro estado, governado pelo aliado PT, o movimento lidera hordas de garimpeiros sem futuro, e os lumpens de sempre, contra a ex-estatal Vale, empresa sem qualquer relação com a reforma agrária. Serve, porém, como alvo sob encomenda de ações contra a privatização e o "grande capital", e para chantagear Brasília: cada dia sem embarque de minério são milhões de dólares a menos na balança comercial.
No Maranhão, o MST está aliado ao governador Jackson Lago (PDT), que ontem teria o mandato julgado pelo Tribunal Superior Eleitoral. O MST ameaça com uma sublevação caso o aliado seja condenado. Independentemente do desfecho do processo, é grave a afronta - mais uma - do MST à Justiça. Tanto no Pará como no Maranhão, o movimento tem fácil acesso a recursos públicos.
Os repasses são engordados, ainda, por dinheiro de Hugo Chávez, o caudilho venezuelano, numa séria ingerência numa questão política brasileira. O enfoque dado ao MST, portanto, precisa ser reciclado. Há muito deixou de ser tema social e passou para a esfera política e de segurança. Editorial O Globo
MST e a segurança
“Os repasses ao Movimento são engordados, ainda, por dinheiro de Hugo Chávez, o caudilho venezuelano, numa séria ingerência numa questão política brasileira.”
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