Editorial do O Estado de S. Paulo
A escandalosa tentativa do PMDB, na semana passada, de assumir o controle da Fundação Real Grandeza, responsável pelo fundo de pensão dos funcionários de Furnas e da Eletronuclear, o sexto maior do gênero, foi, sem tirar nem pôr, o que dela viria a dizer o senador peemedebista Jarbas Vasconcelos: uma prova "clara e inequívoca" da procedência de suas denúncias sobre o que move o grosso do seu partido quando trata de ocupar espaços estratégicos na área federal.
"Boa parte do PMDB quer mesmo é corrupção", acusou o representante pernambucano em recente entrevista à Veja. Apesar da operação-abafa da cúpula partidária, as suas declarações configuraram um fato político destinado a permanecer em cena por mais tempo do que desejariam os denunciados - e o governo que lhes entrega sossegadamente as chaves da casa.
Ele não exagera ao classificar de "aterrador" o quadro da corrupção na esfera federal, muito menos ao assinalar que o cenário vinha sendo encoberto pelos bons resultados da economia - para o conforto de um presidente que prometera, na primeira campanha ao Planalto, "uma intervenção enérgica pelo fim da impunidade e uma ampla ação cultural educativa pela afirmação dos valores republicanos e democráticos em nossa vida política", lembrou o senador. Mas Lula dirigiu as suas energias para adquirir o apoio, com a devida paga, da ampla banda podre da política nacional. Amargo sinal dos tempos: por "constatar o óbvio, apenas isso", Jarbas Vasconcelos foi afastado da Comissão de Constituição e Justiça do Senado. A decisão foi do líder do PMDB na Casa, ninguém menos do que Renan Calheiros, outro dos amigos do peito do presidente. São políticos dessa, digamos, categoria que dão as cartas no Brasil do lulismo. Leia matéria completa aqui
A REAL GRANDEZA
Editorial da Folha de São Paulo
Profundidade da corrupção no Brasil, em especial na gestão dos fundos de pensão, está para ser dimensionada. O CASTELO de um parlamentar, a mansão de um alto funcionário do Senado, os gastos em cartões de crédito corporativos: não faltam exemplos, no noticiário do dia ou no passado recente, da sem-cerimônia com que a camada política espalha os mais claros indícios de uso do poder para fins de desfrute e enriquecimento pessoal.
A visibilidade desses casos, a que se somam frequentes divulgações de vídeos trazendo cenas de corrupção, naturalmente desperta ondas periódicas de indignação na opinião pública.
É mais raro, contudo, que se consiga ir além do que parece ser apenas a ponta de um gigantesco iceberg. A disputa pelo controle da Fundação Real Grandeza, que concentra recursos dos funcionários da Furnas Centrais Elétricas, propiciou um desses momentos em que se pode intuir com mais nitidez o volume das ambições e dos interesses em jogo na vida política real.
Uma parcela do PMDB, representada pelo ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, viu frustrada, na última semana, sua terceira tentativa de destituir a diretoria do fundo previdenciário, cuja carteira de investimentos detém quantias superiores a R$ 6 bilhões.
O Real Grandeza já esteve no foco de disputas políticas decisivas no passado. O presidente do PTB, Roberto Jefferson, declarou na última semana que o interesse de seu partido em Furnas foi o que desencadeou sua investida contra o então ministro da Casa Civil, José Dirceu, e a denúncia do esquema do mensalão.
Reportagem publicada ontem em "O Estado de S. Paulo" mapeia a situação nos dez principais fundos previdenciários de estatais. Segundo o jornal, o ex-deputado José Dirceu mantém sob sua esfera de influência o Funcef, dos funcionários da Caixa Econômica Federal, com um patrimônio de R$ 33,4 bilhões.
O presidente da Petros (R$ 41 bilhões) foi indicado pelo ex-ministro Luiz Gushiken. No maior fundo de pensão das estatais brasileiras, a Previ, do Banco do Brasil (R$ 136,6 bilhões), o controle está reservado à cúpula do PT.
No Rio Grande do Sul, o fundo de pensão da companhia elétrica estadual tem sob seu comando um nome indicado pelo PSDB. O PMDB faz o mesmo no Paraná e em Minas Gerais.
No Refer, fundo de ferroviários e metroviários, não há consenso quanto aos R$ 2,9 bilhões que se administram. Noticia-se agora que o ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento (PR), pretende conquistar um espaço já loteado entre PT, PMDB e PP.
Não há, na prática, partidos ou lideranças políticas efetivamente interessados em investigar as eventuais irregularidades na gestão dessa massa de recursos, cujo controle se disputa, em geral, às escondidas do público.
Se casos espetaculares e, digamos, "fotografáveis" de corrupção continuam a despertar reações de inconformismo na população, tudo indica que se está longe de conhecer as verdadeiras dimensões do processo. Sua real grandeza, vá lá o termo, ainda está por vir à tona. editoriais@uol.com.br
A escandalosa tentativa do PMDB, na semana passada, de assumir o controle da Fundação Real Grandeza, responsável pelo fundo de pensão dos funcionários de Furnas e da Eletronuclear, o sexto maior do gênero, foi, sem tirar nem pôr, o que dela viria a dizer o senador peemedebista Jarbas Vasconcelos: uma prova "clara e inequívoca" da procedência de suas denúncias sobre o que move o grosso do seu partido quando trata de ocupar espaços estratégicos na área federal.
"Boa parte do PMDB quer mesmo é corrupção", acusou o representante pernambucano em recente entrevista à Veja. Apesar da operação-abafa da cúpula partidária, as suas declarações configuraram um fato político destinado a permanecer em cena por mais tempo do que desejariam os denunciados - e o governo que lhes entrega sossegadamente as chaves da casa.
Ele não exagera ao classificar de "aterrador" o quadro da corrupção na esfera federal, muito menos ao assinalar que o cenário vinha sendo encoberto pelos bons resultados da economia - para o conforto de um presidente que prometera, na primeira campanha ao Planalto, "uma intervenção enérgica pelo fim da impunidade e uma ampla ação cultural educativa pela afirmação dos valores republicanos e democráticos em nossa vida política", lembrou o senador. Mas Lula dirigiu as suas energias para adquirir o apoio, com a devida paga, da ampla banda podre da política nacional. Amargo sinal dos tempos: por "constatar o óbvio, apenas isso", Jarbas Vasconcelos foi afastado da Comissão de Constituição e Justiça do Senado. A decisão foi do líder do PMDB na Casa, ninguém menos do que Renan Calheiros, outro dos amigos do peito do presidente. São políticos dessa, digamos, categoria que dão as cartas no Brasil do lulismo. Leia matéria completa aqui
A REAL GRANDEZA
Editorial da Folha de São Paulo
Profundidade da corrupção no Brasil, em especial na gestão dos fundos de pensão, está para ser dimensionada. O CASTELO de um parlamentar, a mansão de um alto funcionário do Senado, os gastos em cartões de crédito corporativos: não faltam exemplos, no noticiário do dia ou no passado recente, da sem-cerimônia com que a camada política espalha os mais claros indícios de uso do poder para fins de desfrute e enriquecimento pessoal.
A visibilidade desses casos, a que se somam frequentes divulgações de vídeos trazendo cenas de corrupção, naturalmente desperta ondas periódicas de indignação na opinião pública.
É mais raro, contudo, que se consiga ir além do que parece ser apenas a ponta de um gigantesco iceberg. A disputa pelo controle da Fundação Real Grandeza, que concentra recursos dos funcionários da Furnas Centrais Elétricas, propiciou um desses momentos em que se pode intuir com mais nitidez o volume das ambições e dos interesses em jogo na vida política real.
Uma parcela do PMDB, representada pelo ministro das Minas e Energia, Edison Lobão, viu frustrada, na última semana, sua terceira tentativa de destituir a diretoria do fundo previdenciário, cuja carteira de investimentos detém quantias superiores a R$ 6 bilhões.
O Real Grandeza já esteve no foco de disputas políticas decisivas no passado. O presidente do PTB, Roberto Jefferson, declarou na última semana que o interesse de seu partido em Furnas foi o que desencadeou sua investida contra o então ministro da Casa Civil, José Dirceu, e a denúncia do esquema do mensalão.
Reportagem publicada ontem em "O Estado de S. Paulo" mapeia a situação nos dez principais fundos previdenciários de estatais. Segundo o jornal, o ex-deputado José Dirceu mantém sob sua esfera de influência o Funcef, dos funcionários da Caixa Econômica Federal, com um patrimônio de R$ 33,4 bilhões.
O presidente da Petros (R$ 41 bilhões) foi indicado pelo ex-ministro Luiz Gushiken. No maior fundo de pensão das estatais brasileiras, a Previ, do Banco do Brasil (R$ 136,6 bilhões), o controle está reservado à cúpula do PT.
No Rio Grande do Sul, o fundo de pensão da companhia elétrica estadual tem sob seu comando um nome indicado pelo PSDB. O PMDB faz o mesmo no Paraná e em Minas Gerais.
No Refer, fundo de ferroviários e metroviários, não há consenso quanto aos R$ 2,9 bilhões que se administram. Noticia-se agora que o ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento (PR), pretende conquistar um espaço já loteado entre PT, PMDB e PP.
Não há, na prática, partidos ou lideranças políticas efetivamente interessados em investigar as eventuais irregularidades na gestão dessa massa de recursos, cujo controle se disputa, em geral, às escondidas do público.
Se casos espetaculares e, digamos, "fotografáveis" de corrupção continuam a despertar reações de inconformismo na população, tudo indica que se está longe de conhecer as verdadeiras dimensões do processo. Sua real grandeza, vá lá o termo, ainda está por vir à tona. editoriais@uol.com.br
3 comentários:
Os fundos de pensão das empresas estatais têm sido a maior fonte de corrupção para o PT. Dominados por Luis Gushiken, dono de uma consultoria para fundos de pensão, tem sua diretoria nomeada por Gushiken e aplicam seus recursos em fundos indicados por ele
Isso que é "Espúria" Senador Mercadante(PT)!
Mensalão,malas de dinheiros,cuecas e caixa dois para camapanha política de políticos corruptos é pura ESPÚRIA".
ESSE CRIME DOS FUNDOS DO TRABALHADOR DEVE SER MUITO MAIOR QUE O DO MENSALÃO.
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