Operações que envolvem o PT caminham em marcha lenta.
Alarde é substituído pela discrição desde as mudanças na cúpula policial após a troca de comando no Ministério da Justiça
Logo após ter deflagrado a Operação Satiagraha, que levou a prisão em julho passado o banqueiro Daniel Dantas, o delegado Protógenes Queiroz confirmou ter investigado o chefe de gabinete da Presidência da República, Gilberto Carvalho. Carvalho foi flagrado num telefonema com Luiz Eduardo Greenhalgh, ex-deputado do PT e advogado contratado pelo Opportunity. O chefe de gabinete teria repassado a Greenhalgh informações privilegiadas sobre uma vigilância contra um aliado de Dantas.
Contudo, a investigação oficial contra Carvalho só começou em dezembro, depois de o Correio ter revelado que uma representação para apurar esses eventuais desvios do chefe de gabinete perambulava pelos corredores da PF havia quatro meses. Carvalho já depôs, mas a investigação é tratada com absoluto sigilo. “Sobre isso, eu não falo nada”, afirmou o delegado Elan Wesley Almeida Souza, responsável pelo inquérito.
O caso envolvendo Carvalho é mais um que ilustra a dificuldade de a PF investigar aliados do governo e políticos influentes.
À exceção de Luiz Eduardo Greenhalgh, desde junho de 2007, as ações da polícia não esbarram em petistas. Naquela ocasião, a polícia deflagrou a Operação Xeque-Mate, que teve como alvos Genival Inácio da Silva, o Vavá, e Dario Morelli Filho, respectivamente,irmão e amigo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O trabalho da PF, que chegou a pedir o indiciamento de Vavá por crime de exploração de prestígio, irritou profundamente o presidente Lula e culminou, três meses depois, na troca da cúpula da corporação, com a saída de Paulo Lacerda para dar lugar a Luiz Fernando Corrêa.
Primeiro mandato
Durante comando de Lacerda, entre 2003 e metade de 2007, o volume de operações da PF aumentou em grande escala e, em vários casos, com envolvimento de aliados do Palácio do Planalto. No início de 2004, apareceu o caso de um dos ocupantes de uma sala próxima à de Lula. Era Waldomiro Diniz, ex-subchefe de Assuntos Legislativos da Casa Civil, que passou a ser investigado depois de ter sido flagrado supostamente pedindo propina quando era presidente da Loteria do Rio de Janeiro (Loterj). Até hoje há inquérito aberto e sem solução.
Em meados de 2005, foi a vez de a PF investigar o mensalão, cujos principais alvos eram ministros e dirigentes do PT. Menos de um ano depois, o procurador-geral da República, ofereceu denúncia, atropelando as apurações da polícia, o que gerou críticas de parte a parte. Na campanha presidencial de 2006, a PF prendeu petistas que tentavam comprar um dossiê fajuto contra tucanos. Até o momento, a apuração, inconclusa, não descobriu a origem dos R$ 1,7 milhão apreendidos em São Paulo.
Discrição
Com a troca por Corrêa, a polícia passou a ser mais discreta, principalmente quando os alvos eram políticos.
Desde a mudança do ministro da Justiça, com a saída de Marcio Thomaz Bastos, que estava a par de todos os passos da PF por Lacerda, por Tarso Genro, que chegou a ser presidente do PT durante a crise do mensalão, a polícia teve poucos alvos políticos e, em alguns casos, parlamentares ou prefeitos de pouco renome. Apenas duas entre 350 grandes operações no período chegaram próximo a aliados do Planalto. Além da Satiagraha, com Greenhalgh e Carvalho, a Santa Tereza, desencadeada em abril do ano passado, apurou desvios de financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e prendeu um assessor do deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP). Por ter foro privilegiado, a PF não pôde investigar o envolvimento do presidente da Força Sindical.
“Seria leviano dizer que há proteção, mas nos preocupa o fato de as investigações contra integrantes do PT nunca serem concluídas”, afirmou o deputado Raul Jungmann (PPS-PE), ao defender, como já acontece com o Ministério Público, uma autonomia funcional da corporação. Por meio de sua assessoria, a Polícia Federal informou que a corporação não investiga pessoas, mas fatos, independente da posição que o indivíduo tenha na sociedade.
Em conversas com jornalistas, Luiz Fernando Corrêa afirmou que o aumento no número das operações da PF mostra que não houve diminuição no trabalho e que no passado não existiam ações envolvendo figuras de destaques e que, nos últimos anos, a PF passou a ter isso como uma rotina. EDSON LUIZ E RICARDO BRITO - Da Equipe do Correio
Alarde é substituído pela discrição desde as mudanças na cúpula policial após a troca de comando no Ministério da Justiça
Logo após ter deflagrado a Operação Satiagraha, que levou a prisão em julho passado o banqueiro Daniel Dantas, o delegado Protógenes Queiroz confirmou ter investigado o chefe de gabinete da Presidência da República, Gilberto Carvalho. Carvalho foi flagrado num telefonema com Luiz Eduardo Greenhalgh, ex-deputado do PT e advogado contratado pelo Opportunity. O chefe de gabinete teria repassado a Greenhalgh informações privilegiadas sobre uma vigilância contra um aliado de Dantas.
Contudo, a investigação oficial contra Carvalho só começou em dezembro, depois de o Correio ter revelado que uma representação para apurar esses eventuais desvios do chefe de gabinete perambulava pelos corredores da PF havia quatro meses. Carvalho já depôs, mas a investigação é tratada com absoluto sigilo. “Sobre isso, eu não falo nada”, afirmou o delegado Elan Wesley Almeida Souza, responsável pelo inquérito.
O caso envolvendo Carvalho é mais um que ilustra a dificuldade de a PF investigar aliados do governo e políticos influentes.
À exceção de Luiz Eduardo Greenhalgh, desde junho de 2007, as ações da polícia não esbarram em petistas. Naquela ocasião, a polícia deflagrou a Operação Xeque-Mate, que teve como alvos Genival Inácio da Silva, o Vavá, e Dario Morelli Filho, respectivamente,irmão e amigo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O trabalho da PF, que chegou a pedir o indiciamento de Vavá por crime de exploração de prestígio, irritou profundamente o presidente Lula e culminou, três meses depois, na troca da cúpula da corporação, com a saída de Paulo Lacerda para dar lugar a Luiz Fernando Corrêa.
Primeiro mandato
Durante comando de Lacerda, entre 2003 e metade de 2007, o volume de operações da PF aumentou em grande escala e, em vários casos, com envolvimento de aliados do Palácio do Planalto. No início de 2004, apareceu o caso de um dos ocupantes de uma sala próxima à de Lula. Era Waldomiro Diniz, ex-subchefe de Assuntos Legislativos da Casa Civil, que passou a ser investigado depois de ter sido flagrado supostamente pedindo propina quando era presidente da Loteria do Rio de Janeiro (Loterj). Até hoje há inquérito aberto e sem solução.
Em meados de 2005, foi a vez de a PF investigar o mensalão, cujos principais alvos eram ministros e dirigentes do PT. Menos de um ano depois, o procurador-geral da República, ofereceu denúncia, atropelando as apurações da polícia, o que gerou críticas de parte a parte. Na campanha presidencial de 2006, a PF prendeu petistas que tentavam comprar um dossiê fajuto contra tucanos. Até o momento, a apuração, inconclusa, não descobriu a origem dos R$ 1,7 milhão apreendidos em São Paulo.
Discrição
Com a troca por Corrêa, a polícia passou a ser mais discreta, principalmente quando os alvos eram políticos.
Desde a mudança do ministro da Justiça, com a saída de Marcio Thomaz Bastos, que estava a par de todos os passos da PF por Lacerda, por Tarso Genro, que chegou a ser presidente do PT durante a crise do mensalão, a polícia teve poucos alvos políticos e, em alguns casos, parlamentares ou prefeitos de pouco renome. Apenas duas entre 350 grandes operações no período chegaram próximo a aliados do Planalto. Além da Satiagraha, com Greenhalgh e Carvalho, a Santa Tereza, desencadeada em abril do ano passado, apurou desvios de financiamentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e prendeu um assessor do deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP). Por ter foro privilegiado, a PF não pôde investigar o envolvimento do presidente da Força Sindical.
“Seria leviano dizer que há proteção, mas nos preocupa o fato de as investigações contra integrantes do PT nunca serem concluídas”, afirmou o deputado Raul Jungmann (PPS-PE), ao defender, como já acontece com o Ministério Público, uma autonomia funcional da corporação. Por meio de sua assessoria, a Polícia Federal informou que a corporação não investiga pessoas, mas fatos, independente da posição que o indivíduo tenha na sociedade.
Em conversas com jornalistas, Luiz Fernando Corrêa afirmou que o aumento no número das operações da PF mostra que não houve diminuição no trabalho e que no passado não existiam ações envolvendo figuras de destaques e que, nos últimos anos, a PF passou a ter isso como uma rotina. EDSON LUIZ E RICARDO BRITO - Da Equipe do Correio
Nenhum comentário:
Postar um comentário