Polícia de Tarso preparada para mais um show

Mais 50 homens da Força Nacional de Segurança chegam para a "desintrusão".


O primeiro grande reforço da Operação Upatakon 3 da Polícia Federal chegou ontem a Roraima. Cinquenta soldados da Força Nacional de Segurança (FNS) se somam a outros 70 que já se encontram no Estado.

Os policiais desembarcaram ontem à noite na Base Aérea de Boa Vista, vindos de Brasília em um avião Casa, da Força Aérea Brasileira (FAB). Outros 10, oriundos de Mato Grosso, chegaram ao Estado essa semana.

Ainda existe a previsão de que mais homens da FNS desembarquem aqui nos próximos dias. Agentes da Polícia Federal também desembarcarão em breve em reforço à operação.

De acordo com o comandante da Força Nacional, capitão Augusto Torquato, os soldados já vêm para a operação portando equipamento individual completo, que inclui armamento letal e não-letal (capacete, colete, fuzis, granadas) para atuar em possíveis controles de distúrbios.

“Estamos preparados, prontos para agir em qualquer situação. Temos treinado permanentemente assim como os policiais que chegaram de Brasília, que estavam lá em pronto emprego, preparados para agir”, destacou Torquato.

O capitão deixa hoje o comando da Força Nacional em Roraima. Ele retorna ao seu estado de origem, Santa Catarina, para fazer um curso de aperfeiçoamento de oficiais em Florianópolis, onde deve ser promovido ao posto de major.

No lugar dele assumirá o capitão Otemar Maia Bianchini, do Rio Grande do Sul, que chegou ontem a Roraima junto ao efetivo. Se aumentar ainda mais a tropa, existe a possibilidade de que um outro oficial superior, provavelmente um major, assuma o comando.

A FNS está em Roraima há um ano, por decisão do Ministério da Justiça, em apoio à Operação Upatakon 3, da Polícia Federal. A operação consiste na retirada de habitantes não-índios da Terra Indígena Raposa Serra do Sol.

Os policiais atuam em uma base fixa em Placas, na reserva, e na entrada do Passarão, porta de entrada da Raposa Serra do Sol. Nestas regiões são feitos patrulhamentos móveis e revistas em balsas e veículos para coibir a entrada de ilícitos.

Na quinta-feira da semana passada, o Supremo Tribunal Federal (STF) validou a demarcação e tornou a área de 1,7 milhão de hectares exclusiva aos indígenas. Anteontem a Corte estipulou o prazo até 30 de abril para que os habitantes não-índios deixem à terra indígena espontaneamente. Caso contrário, serão retirados pelas tropas federais.

Habitantes não-índios que vão deixar a região estavam lá há décadas.

Com a demarcação contínua da Raposa Serra do Sol validada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e com prazo estipulado pra deixar a região até 30 de abril, os habitantes não-índios que ocupam a área não têm mais a quem recorrer. A desocupação é iminente.

Com a decisão, os não-índios que ainda vivem na área sentem-se perdidos. Alguns deles assistiram juntos ao julgamento que legalizou a demarcação, na vila Surumu, uma das portas de entrada da reserva, no último dia 19.
O acompanhamento do veredicto foi recheado de emoção. Eles se abraçaram e choraram bastante, pois terão que deixar o lugar onde nasceram e onde criam seus filhos para começar a vida em outro lugar.

Emocionaram-se porque não chegaram lá de uma hora para outra nem caíram de paraquedas. Têm histórias, raízes. Muitos estão na Raposa Serra do Sol há décadas. Em alguns casos, seus antepassados chegaram com os primeiros colonizadores.

Parte deles iniciou a vivificação da fronteira, segundo especialistas. Foram incentivados pelo Governo Federal a plantar na área. Outros eram militares das Forças Armadas que se deslocaram às regiões de fronteira – neste caso a tríplice fronteira Brasil, Venezuela e Guiana - quando surgiram os batalhões, na esperança de se estabilizarem na Amazônia.

A estabilidade era mais fácil, havia mais vagas, não era qualquer um que topava trocar a cidade pela selva. Há quem viva lá até hoje, mesmo já tendo ido para a reserva remunerada. Não é difícil encontrar militares nos municípios de Pacaraima e Uiramutã.

É o caso do produtor Belarmino Bello de Araújo, 80. Antes de criar gado e de ter um comércio na reserva indígena, ele serviu à Pátria. Para mostrar que ainda estava em forma, apesar da idade avançada, marchou e bateu continência para a reportagem. Contou histórias de quando foi convocado para uma guerra e do seu amor pela Amazônia.

Dos mais de 40 anos que vive na Raposa Serra do Sol, cerca de 20 anos são só na vila Surumu. Mesmo alegando amor a terra, ele afirma que vai sair de lá, porém quer ser indenizado antes e de forma justa pelas suas posses. Ele quer R$ 300 mil pelas benfeitorias, mas a Fundação Nacional do Índio (Funai) só lhe ofereceu R$ 22 mil.

“Não fiz as malas, não fui reassentado nem o valor oferecido para a indenização é justo. Só saio daqui quando me pagarem o que mereço”, disse, contando que “quem já enfrentou 80 ‘caboclos’ sozinho não teme mais nada”.

Bastante emocionada, a comerciante Luiza Pereira, 69, também conversou com a reportagem. A entrevista precisou ser interrompida por diversas vezes para que enxugasse as lágrimas.

Com a voz embargada, se diz perdida com toda a situação. Aos nove anos de idade ela saiu da Paraíba para morar com os pais na vila Surumu. Lá casou, criou os filhos e hoje cria os netos. Viúva há alguns anos, contou que enterrou o marido próximo de sua casa.

“Toda a minha história está aqui. Estão tirando de mim o meu chão, as minhas referências. Como começar de novo já nessa idade?”, indagou emocionada. Mesmo contrariada, afirma que vai deixar a região, mas quer ser indenizada antes. “A Funai ofereceu R$ 40 mil pelas minhas três casas quando sei que elas valem o dobro. Não saio daqui enquanto não me pagarem, porque se sair, sei que nunca mais verei esse dinheiro”, destacou.

No caso dos não-índios que são casados com as indígenas, a permanência deles na reserva vai ficar condicionada ao entendimento dos indígenas. Se a maioria achar que a convivência será pacífica, eles poderão ficar, caso contrário, terão que deixar a região assim como os demais.

RESERVA - A terra indígena Raposa Serra do Sol fica ao norte de Roraima. A área de 1,7 milhão de hectares – 12 vezes o tamanho da cidade de São Paulo, onde vivem 1 milhão de habitantes - é habitat exclusivo de 19 mil índios, das etnias Macuxi, Wapixana, Ingarikó, Patamona e Taurepang.

Entretanto, conforme decisão da Suprema Corte, índios e Funai não podem impedir que a União entre nas terras para defender as fronteiras ou construir escolas e hospitais, entre outras condições. (AT) –
Folha de Boa Vista



COM RELAÇÃO À COLHEITA DE ARROZ
Com relação à colheita do arroz plantado pelos produtores dentro da área indígena e que só será colhido no mês de maio, Britto não permitirá a finalização do processo. O Governo Federal vai fazer a colheita e que depois indenizará os arrozeiros.


Na foto, os traidores do Brasil se divertem: Carlos Ayres Britto, do Supremo Tribunal Federal, José Antonio Dias Toffoli, advogado-geral da União, e o ministro Tarso Genro, da Justiça.

3 comentários:

Rejane (Mel) disse...

ntra os bandidos do MST nunca usaram essa parafernália policialesca.
Mas claro.. os arrozeiros trabalhadores são mais perigosos.... :/

Anônimo disse...

Rejane,

Ai.. está um ponto desmoralizante dessa PF do PT. A empresária Eliane ( Daslu) que gera empregos e os arrozeiros que alimentam o Brasil - são perigosos. Os bandidos do MST, Campesina, PT/PCC e farc orientando como roubar e matar, não enfrentam essa parafernália de PF.

Joana D'Arc disse...

Claro, com a popularidade do ordinário caindo (ou seria o populacho caindo na 'real'?), as operações pirotécnicas vão continuar para, com sua fumaça, encobrir a sujeira, a incompetência e a imoralidade desse desgoverno do da silva e sua gang.

Prender a Eliane é motivo de júbilo pra essa rataiada aboletada no poder, pensando em mostrar serviço, enquanto outros bandidos e assassinos são tratados com condescendência.

Que país podre!