Ação da Petrobras revolta a indústria

ESTATAL PARASITÁRIA COMPROMETE A COMPETITIVIDADE DAS INDÚSTRIAS

"Essa decisão da Petrobras [de aumento do preço do óleo combustível] só vai agravar a queda da atividade e aumentar o desemprego"

A notícia divulgada ontem pela Folha do aumento de 14% no preço do óleo combustível concedido pela Petrobras deixou a indústria revoltada. O óleo combustível é usado principalmente para abastecer caldeiras e fornos industriais e é o insumo concorrente do gás.

O presidente da FIESP, Paulo Skaf, pediu ontem mesmo uma audiência ao ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, para tratar do assunto. Hoje, dois diretores da FIESP, Nelson Pereira dos Reis (da indústria química) e Benedito Ferreira (fertilizantes), vão estar com Lobão e irão reclamar do aumento. O que a indústria argumenta é que a Petrobras, ao aumentar o preço do óleo combustível, está querendo influenciar o consumo e o preço do gás, que é também bastante usado para abastecer a indústria.


Em razão da crise e da queda de preço do óleo combustível, o consumo de gás caiu quase 40% nos últimos 12 meses. O preço também recuou na mesma proporção.

Como a Petrobras detém o monopólio da produção, da importação e da comercialização de gás, a estatal tem interesse em aumentar o consumo e o preço do produto. O preço baixo do óleo combustível era um impeditivo para isso.

Os empresários consideram um absurdo a Petrobras usar o óleo combustível para manipular o preço do gás, já que a estatal detém na prática o monopólio dos dois produtos. O problema é que a principal consequência dessa decisão de reajustar o preço do combustível deverá ser certamente o aumento do preço do gás em um momento em que há sobra do produto.

"Essa decisão da Petrobras só vai agravar a queda da atividade e aumentar o desemprego", diz Carlos Cavalcanti, diretor de Infraestrutura da FIESP. O mais curioso é que a Petrobras tentou encobrir durante quase todo o dia de ontem a notícia do aumento no preço do óleo combustível. Paulo Roberto Costa, diretor da estatal, chegou a negar a notícia em entrevista coletiva no Rio ontem de manhã.

No início da noite de ontem, no entanto, a assessoria de imprensa da Petrobras confirmou à Folha a informação do aumento de cerca de 14% no preço do óleo combustível.

"Essa decisão da Petrobras [de aumento do preço do óleo combustível] só vai agravar a queda da atividade e aumentar o desemprego" - Mercado Aberto - Guilherme Barros Folha de S. Paulo –

CARLOS CAVALCANTI - diretor de infraestrutura da Fiesp




PETROBRÁS VAI AUMENTAR PREÇO DO QUEROSENE
A Petrobras informou ontem que vai aumentar o preço da querosene de aviação a partir de 1o de maio em 6,2%.

Segundo o Sindicato Nacional das Empresas Aéreas (Snea), a decisão reduz a queda de preço acumulada no ano de 29,11% para 24,9% e interrompe uma queda registrada desde novembro do ano passado. "Apesar desse aumento, no ano continua negativo, mas comparando com o preço na Europa e Estados Unidos aqui no Brasil o QAV está mais caro", disse a assessoria do Snea à Reuters aber informar o percentual da diferença.

Mais cedo, o diretor de Abastecimento da estatal, Paulo Roberto Costa, havia antecipado que, ao contrário das sucessivas quedas nos últimos meses, o combustível teria que subir acompanhando os preços do mercado internacional. "O QAV tem como referência o Golfo do México norte-americano e está subindo", disse Costa a jornalistas após palestra em evento da Organização Nacional da Indústria do Petróleo (Onip). O combustível representa 35% ndos custos do setor, segundo o sindicato.Gripe suína

A gripe suína poderá gerar uma brusca retração dos preços do querosene de aviação, reeditando a queda vertical de até 40% ocorrida no início de 2003, quando o tráfego aéreo diminuiu devido à epidemia de Síndrome Respiratória Aguda Grave.O querosene de aviação caiu para US$ 26,15 o barril em abril de 2003, em relação aos US$ 43,35 o barril com que fora negociado em fevereiro daquele ano, segundo dados da Bloomberg. (Gazeta Mercantil)(Reuters e Bloomberg News)

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