O Brasil precisa ampliar seu quadro de diplomatas negros, hoje irrisório. Não apenas para projetar uma imagem mais fiel de si mesmo, mas como interesse estratégico, afirma o ministro da Igualdade Racial, Edson Santos. "Isso facilitaria nossa aproximação com a África", diz Santos, que chefiou a delegação brasileira na conferência contra o racismo.
O ministro comparou o baixo número de negros no Itamaraty à situação da Câmara dos Deputados, onde ele é deputado licenciado (PT-RJ). "São alguns pontinhos negros num universo branco", disse.
Desde 2002 o Itamaraty oferece bolsas para afrodescendentes interessados na carreira diplomática, mas apenas 11 foram admitidos desde então.
Edson Santos, que é negro, contou que muitos delegados na conferência se surpreenderam ao saber que o Brasil tem a segunda maior população negra do mundo, atrás apenas da Nigéria. "É uma espécie de população invisível."
O ministro não é o único que acha que o Itamaraty reflete uma imagem que não corresponde à realidade do país. Ativistas da sociedade civil que integraram a delegação brasileira fizeram cobranças ao governo: "Dissemos ao ministro que queremos viver nesse Brasil que o Itamaraty divulga pelo mundo", disse Iradj Roberto Eghrari, escolhido como um dos relatores da conferência da ONU.
Santos explicou que a crise financeira limita sua ação. A Seppir (Secretaria Especial de Promoção da Igualdade Racial), disse, teve o seu orçamento de 2009 cortado em 65%, para US$ 12 milhões.
Hoje chega ao Brasil o presidente do Conselho de Direitos Humanos da ONU, Martin Ihoeghian Uhomoibhi, da Nigéria. Ele visitará projetos sociais em Manaus, Salvador e Rio de Janeiro. Segundo a ONU, todas as despesas serão pagas pelo governo brasileiro. Folha de São Paulo - Marcelo Ninio, de Genebra
COMENTÁRIO
Estamos vivendo um momento boçal, onde a hipocrisia avaliza as virtudes. Tudo que é falso é muito ruim. Os valores de minha família, por exemplo, são construídos a partir do respeito à hierarquia. Sempre apoiamos 'o Saber', porque quem sabe manda (de fato e com competência), e quem não sabe, trata de ir aprender para depois saber mandar.
No Brasil está ocorrendo um grave erro: estão fazendo a opção pela "cor", sem considerar o critério do preparo e da competência, para se preencher determinados cargos ou vagas em faculdades.
No STF, por exemplo, naquela Corte estão os mais renomados juristas do país, alçados por suas virtudes, principalmente pelo Saber, e não pela emoção barata das cotas. Entretanto, dias atrás, assistimos as "veias abertas” (um arreganhamento ideológico) naquela Casa. Foi um pagode desconcertante.
Qualquer diplomacia obrigatoriamente têm de ter acordos com a elegância, com a inteligência, com o modo de se relacionar com os outros. Ser um diplomata é saber dilatar os anseios e desejos de um país, e alcançar os melhores resultados. De uma liderança diplomática competente podemos esperar uma poderosa combinação entre estratégia e caráter, a capacidade de reconhecer um problema antes que ele se torne uma tragédia, e a competência de corresponder aos interesses do país.
Por isto, para destruirmos os velhos preconceitos sobre a burrice, o melhor é que as virtudes se coloquem na primeira fileira, e que essa história de Cota seja abolida, definitivamente. Querer estabelecer oportunidades usando o critério da Cor não passa de culto ao obsoleto, de um instrumento hipócrita de elogio ao despreparo.
Não será desqualificando nossas competências que conseguiremos aumentar as oportunidades. Por Gabriela/Arthur
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