Essa não é a grande era da diplomacia

Tenho pensado ultimamente em criar uma nova escola de serviço externo para treinar os diplomatas americanos.


Minha escola, no entanto, seria muito simples. Consistiria de uma única sala de aula com uma mesa e uma cadeira. Na mesa estaria um professor, simulando ser um líder estrangeiro. O aluno entraria na sala e convenceria o líder a executar uma tarefa - a puxar essa ou aquela alavanca. Num certo momento, o líder estrangeiro concordaria vigorosamente, daria alguns passos na direção da alavanca e a puxaria - e no gesto ela sairia da parede. Ou, ele concordaria vigorosamente e diria, "Sim, sim, é claro, eu vou puxar a alavanca", mas então só fingiria fazer isso.

O aluno então teria de pensar o que fazer a seguir. ...
Eu fico pensando se o presidente Obama e a secretária de Estado, Hillary Clinton, não são esses alunos, tentando lidar com os líderes do Paquistão, Afeganistão, Irã e Coréia do Norte. Digo isso não para criticar, mas para demonstrar solidariedade. "Mamãe, não deixe seus filhos se tornarem diplomatas". Thomas L. Friedman - The New York Times via - Gazeta Mercantil





MULHERES AFEGÃS SÃO ATACADAS POR MULTIDÃO

Extremistas jogam pedras contra grupo de 300 mulheres que protestava contra a lei que, segundo elas, 'legaliza o estupro' no Afeganistão.

Um protesto de pelo menos 300 afegãs quase terminou em tragédia ontem em Cabul, quando cerca de mil pessoas atacaram com pedras a manifestação feminista contra uma nova lei que permite aos xiitas do Afeganistão exigir relações sexuais de suas mulheres a cada quatro dias. Organizações de defesa dos direitos humanos afirmam que a lei legaliza o estupro.

Além de não poder rejeitar a relação sexual com o parceiro - exceto quando estiverem doentes -, a legislação também diz que as mulheres só podem procurar trabalho, estudar ou visitar médicos com a autorização dos maridos.

"Cadelas, escravas dos cristãos", gritou a multidão, de homens e mulheres, contra as manifestantes, que foram protegidas pela polícia.

A lei é válida apenas para a minoria xiita do Afeganistão, cerca de 20% dos 30 milhões de afegãos. No entanto, muitos temem que a nova legislação marque o retorno do período em que o Taleban impunha duras regras no país, principalmente para as mulheres.


Durante o regime do Taleban, de 1996 a 2001, as afegãs eram obrigadas a usar a burca, que as cobriam da cabeça aos pés, e eram proibidas de sair de casa sem uma companhia masculina. A dança e a música eram consideradas criações do demônio e não era permitida nenhuma forma de diversão.

Bonecas e animais de pelúcia eram condenados, assim como qualquer representação de seres vivos - até as fotografias entraram na clandestinidade. Sob o Taleban, quem fosse apanhado com CDs ou fitas de vídeo corria o risco de ser condenado à morte.

Governos de vários países ocidentais e organizações de defesa dos direitos humanos em todo o mundo condenaram a nova lei. O presidente dos EUA, Barack Obama, qualificou a legislação de "desprezível".

CRÍTICAS
O presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, teria assinado a medida para obter o apoio dos xiitas a sua reeleição. No entanto, pressionado, ele enviou o texto na semana passada para o Ministério da Justiça para "avaliação" e suspendeu temporariamente os efeitos da nova legislação.

Intelectuais afegãos, políticos e ministros do próprio governo manifestaram-se contra a lei. Contudo, os que se opuseram publicamente à proposta foram duramente criticados pelos clérigos conservadores e xiitas extremistas, como os que participaram da contraofensiva às feministas ontem em Cabul.

O principal alvo da manifestação de ontem era Mohamed Asif Mohseni, clérigo radical xiita que apoia a nova lei. As feministas escolherem um local arriscado para o protesto: em frente da mesquita Khatam Al-Nabi, de Mohseni.

RADICAIS
Os muçulmanos conservadores afirmam que a manifestação feminista é uma forma de pressão para impor valores ocidentais ao Afeganistão. "Você não é uma mulher xiita", berrou um afegão contra uma das manifestantes que cobria a cabeça com um lenço vermelho.

Segurando um cartaz que dizia "Não queremos as leis do Taleban", ela respondeu timidamente: "Esta é minha terra e meu povo", reclamou a manifestante. "Esta lei trata as mulheres como se fossem gado." Reuters, NYT e AP - O Estado de São Paulo

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