Gastos com cartões duplicam em dois meses

LULA TORRA O CARTÃO SEM DÓ

A crise financeira quebra bancos e empresas, mas o governo Lula continua sem medo de ser feliz: desde fevereiro o gasto com cartões corporativos dobrou, pulando de R$ 7 milhões para quase R$ 14 milhões. O órgão do governo que mais utiliza os cartões ainda é a Presidência da República, que já torrou pouco mais de R$ 4 milhões, dos quais mais de R$ 3,7 milhões são sigilosos sob alegação de ?segurança nacional?


NA BAIXA
Quase metade (R$ 6,8 milhões) dos gastos do governo com cartões corporativos é classificada como “sigilosa” só para não ser especificada – Por Cláudio Humberto




GASTO DO GOVERNO CRESCEU 23.5%
“Não há dúvidas que o governo é um gastador”

Incluídas despesas com pessoal e Previdência, valor é 40 vezes maior do que os investimentos federais no período. As despesas de custeio do governo federal tiveram crescimento de R$ 3,2 bilhões no primeiro trimestre de 2009. Somando-se aos gastos de pessoal e Previdência a alta foi de R$ 30,8 bilhões em relação a igual período de 2008. Esse crescimento é quase 40 vezes maior que o avanço de apenas R$ 783,7 milhões para os investimentos nos três primeiros meses do ano.

Como aponta o economista Mansueto Almeida, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o custeio cresceu 23,5% no primeiro trimestre, atingindo R$ 16,8 bilhões, comparado com R$ 13,6 bilhões em igual período de 2008. "Foi R$ 1 bilhão a mais por mês do primeiro trimestre", comentou Leia matéria completa
aqui - Agência Estado




UM EXÉRCITO DE VERMELHOS
Número de endividados no país quase dobrará este ano: 20 milhões de pessoas – Por Bruno Rosa – O Globo

Com a piora no mercado de trabalho causada pela crise global, a inadimplência no país vai quase dobrar este ano. Um em cada cinco trabalhadores brasileiros chegará ao fim de 2009 com alguma conta atrasada, enquanto, hoje, o índice é de um entre nove consumidores. Ou seja, até dezembro serão 20 milhões de pessoas com o nome sujo na praça. A constatação é de estudo do especialista Marcos Crivelaro, da Faculdade de Informática e Administração Paulista (Fiap) e doutor pela Universidade de São Paulo (USP). Atualmente, segundo os cálculos do economista, que cruzou dados do Banco Central (BC) e do IBGE, o contingente soma 12 milhões. E o calote não está concentrado em uma faixa de renda: analistas dizem que é generalizado.


Os números impressionam. Em fevereiro, a taxa de inadimplência medida pelo Banco Central (BC) atingiu 8,37%, o pior nível desde 2002. Em março a taxa ficou quase estável, em 8,31%. E, segundo o Indicador Serasa Experian de Cheques Sem Fundos, no mês passado o número de cheques sem fundos bateu recorde no país: foram devolvidos 24,6 a cada mil compensados no mês passado, o maior índice registrado em 18 anos.

A escalada do calote está causando uma segunda onda de restrição ao crédito no país, alertam economistas. No fim do ano passado, conseguir um empréstimo ficou difícil porque o dinheiro não circulava: com o agravamento da crise mundial, quem tinha dinheiro em caixa - sobretudo as fontes internacionais de financiamento - não emprestava, devido ao temor de quebra geral de instituições. Agora, com os sinais de melhora da situação e as medidas dos governos para injetar recursos no mercado, a liquidez voltou, mas o calote entrou no radar de bancos e varejo. Eles aumentaram ainda mais as restrições na hora de conceder crédito, aceitar cheques e evitar longos parcelamentos.

- A inadimplência atual vai dobrar, chegando facilmente a 15%. Há um ano, ninguém acreditava que ela já estaria superior a 8%. Com isso, varejo e bancos têm aumentado ainda mais as restrições, pedindo entradas de, no mínimo, 30% para compras parceladas. É uma nova fase de restrição do crédito - diz Crivelaro.

Segundo cálculos da Mauá Investimentos, a concessão de crédito nos bancos privados cresceu apenas 12% nos últimos 12 meses, terminados em abril. Até o ano passado, o avanço médio era de 30% ao ano. São os bancos públicos que, sob orientação do governo, vêm acelerando o ritmo de empréstimos, com expansão na casa de 30% ao ano.

Bancos aumentarão reserva contra perdas

Para enfrentar o calote, os bancos vão aumentar a provisão para devedores duvidosos - espécie de reserva para cobrir rombos provocados pela inadimplência - já nos balanços do primeiro trimestre, afirma Luis Miguel Santacreu, da consultoria Austin Rating. Em dezembro, o total provisionado chegou a R$ 38,619 bilhões. Segundo ele, as dívidas vencidas há menos de 90 dias, cujo índice de atraso é de 7,2%, não param de subir:

- Quem ainda não apareceu no grupo de inadimplência vai começar a aparecer, pois é grande o número de pessoas com atrasos até 90 dias. É só questão de tempo. Os bancos farão um adicional em sua provisão para se prevenir dos maus pagadores. Quem ainda não fez fará. Não há dúvidas.

Ele prevê que, nos balanços do primeiro trimestre, haverá recuo em diversas carteiras, como imobiliária, consignado e veículos usados. Segundo as empresas de risco de crédito, as instituições financeiras têm avaliado o histórico de inadimplência do cliente. Além disso, é verificado se o cliente trabalha em algum setor que está demitindo, ou seja, se tem maior potencial de ficar desempregado. No varejo, também há restrições. O Ponto Frio, por exemplo, não aceita o carnê como forma de pagamento. Na loja Barra Mix, que vende artigos para casa, a inadimplência aumentou 30% entre janeiro e março. Por isso, segundo a sócia da empresa, Cinthia Takamoto, a empresa não aceita mais cheques e criou sistema de cadastro:

- Só são aceitos cheques de clientes conhecidos.

O maior rigor na concessão de crédito tem atrapalhado a secretária Priscila Andrade dos Reis, de 23 anos, grávida de nove meses, a tentar acertar suas dívidas:

- Perdi o emprego e as dívidas aumentaram. Meu cartão de crédito e o da loja, além do supermercado, estão atrasados. Não consigo dinheiro no banco para reduzir as antigas.

O estudo da inadimplência do professor Marcos Crivelaro considerou a População Economicamente Ativa (PEA, composta pelas pessoas de dez a 65 anos de idade classificadas como ocupadas ou desocupadas) e excluiu trabalhadores na agricultura, menores de idade e aposentados. Ele lembra que o calote vai continuar em alta, já que o mercado de trabalho está cada vez pior. E, ressalta ele, a recolocação neste momento é ainda mais difícil.

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