Consciência e honestidade

Será razoável o ex-metalúrgico e ex-sindicalista, na presidência da República, Luís Inácio Lula da Silva, achar que desempregados jovens e saudáveis se conformam em viver e manter suas famílias, indefinidamente, com a esmola da bolsa-família e não com o salário do trabalho? Ou achar que esses milhões de brasileiros aprovam as escolas públicas sem qualidade, oferecidas aos seus filhos? E hospitais ruins, em cujas filas morrem muitos de seus familiares, que poderiam salvar-se?

O presidente autopromove-se com as benesses eleitoreiras, mas não ignora, em sua consciência, o erro dos cortes e desvios de recursos que deviam construir bons hospitais, escolas e prisões, para prender corruptos ou corruptores e retirar das ruas os que assaltam e matam inocentes.

O que o presidente legará para o futuro? Por Rubem Azevedo Lima Correio Braziliense


Do jeito que está, parece que só pensa num “depois de mim, o dilúvio”. Como se disse, aliás, daquele que era “bem-amado”, no começo do governo, e acabou odiado. Ele estourou o tesouro da França e levou o país à beira da convulsão social, quase falido, como o Brasil talvez possa ficar, mas sem o consolo das estradas francesas, tão elogiadas àqueles tempos.

Desse bem amado ficou a memória das amantes, a principal delas a marquesa Pompadour, que protegeu filósofos e artistas, morreu antes do rei. Esse, Luís XV, transferiu ao sucessor não marolinhas ou dilúvios, mas um tsunami financeiro, político e moral devastador e sangrento.

A marca desse Luís era não saber decidir. Ele exagerou em indecisões e erros, que causam danos políticos, econômicos e sociais a qualquer país. O Brasil que o diga. Como na anedota, as consequências disso vêm depois.

No caso, depois de Lula, para os brasileiros, que, no estridor da propaganda oficial, aplaudiram erros, que pareciam acertos e não eram. Nosso Luís desgastou-se em más alianças, erros de avaliação e éticos, ao achar normal o caixa 2 dos partidos e dizer aos presidentes da Câmara, Senado e STF: “Ninguém aqui é santo ou freira.” Não precisavam ser. “Basta serem honestos” — disse Oswaldo Quinsan, assessor de Geisel, a servidores que lhe indagaram como podiam ajudá-lo. A fala injuriosa de Lula não teve resposta. Noblesse oblige, Mme. la Marquise.

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