
Com a queda do petróleo, Venezuela negocia com banco de fomento brasileiro financiamento de projetos de até US$ 10 bi. Financiamentos do BNDES sob análise se encaixam na modalidade de exportação de bens e serviços de empresas brasileiras
Com dificuldades de caixa após a queda no preço do petróleo, o presidente venezuelano, Hugo Chávez, está negociando com o BNDES o financiamento de projetos em andamento que contam com a participação de empresas brasileiras.
"O BNDES tem uma carteira potencial de projetos com a Venezuela que ascende a US$ 10 bilhões e financiamentos potenciais na escala, por parte do banco, de US$ 4,3 bilhões", disse ontem à Folha o presidente da instituição, Luciano Coutinho, após se reunir com Chávez, em Caracas. A visita é parte dos preparativos para a viagem do presidente venezuelano à Bahia, na terça-feira. Por Fabiano Maisonnave, de Caracas
Os financiamentos sob análise se encaixam na modalidade de exportação de bens e serviços de empresas brasileiras. As negociações mais avançadas envolvem duas linhas de metrô em Caracas, no total de US$ 732 milhões. Ambas as obras estão sob a responsabilidade da Odebrecht, a maior empreiteira em operação na Venezuela. As negociações foram iniciadas em dezembro, e a expectativa da empresa é que o contrato seja assinado nos próximos 60 dias.
Nos últimos meses, a Odebrecht - assim como várias outras empresas prestadoras de serviço ao Estado - vem sofrendo com o atraso no repasse de verbas, provocando a redução no ritmo de algumas obras. Também está em tramitação a concessão de empréstimo de até US$ 300 milhões para a Propilsul, empresa produtora de polipropileno que tem como sócias a Braskem (braço petroquímico da Odebrecht) e a estatal venezuela Pequiven.
Os projetos que podem ter envolvimento do BNDES incluem ainda a construção de um estaleiro e uma siderúrgica, ambos a cargo da construtora Andrade Gutierrez, e outras duas fábricas com participação da Braskem.
Com a receita do petróleo reduzida à metade e num cenário de pouco crédito mundial, o BNDES é visto por Chávez como opção viável de financiamento externo, principalmente pelo bom relacionamento político com o presidente Lula.
De acordo com Coutinho, o encontro com Chávez serviu para discutir mecanismos para que esses financiamentos sejam feitos no âmbito do CCR (Convênio de Pagamentos e Créditos Recíproco), uma câmara de compensação de crédito e débitos da Aladi (Associação Latino Americana de Integração), da qual Brasil e Venezuela fazem parte.
Pelo sistema CCR, os bancos centrais fazem periodicamente um acerto de contas. Se o devedor deixa de pagar, o BC desse país assume o débito - na prática, um seguro de pagamento.
Do lado brasileiro, um dos obstáculos para a ampliação das linhas de financiamento é o aumento do teto atual para o financiamento de exportação de bens e serviços à Venezuela.
A revisão precisa ser aprovada pelo Ministério da Fazenda e pelo Cofig (Comitê de Financiamento e Garantia das Exportações), no qual apenas representantes de ministérios têm direito a voto. - "Mesmo dentro do limite anterior, como a Venezuela hon- rou todas as dívidas, e o saldo devedor é muito baixo, existe limite para fazer mesmo dentro do que estava vigente. Então não há um grande problema imediato", disse Coutinho. Folha de S. Paulo
ARGENTINA COMPRA 20 JATOS DA EMBRAER
Financiados pelo BNDES
Depois de meses de negociações, o governo argentino anunciou a compra de 20 jatos Embraer 190 para renovar a frota da Aerolíneas Argentinas e da Austral. Embora ambas as companhias aéreas ainda estejam em processo de reestatização (o projeto já foi aprovado pelo Congresso, mas a Casa Rosada ainda não chegou a um acordo com o grupo espanhol Marsans), o governo decidiu avançar numa operação estimada em US$ 700 milhões, dos quais 85% serão financiados pelo BNDES.
Em plena campanha eleitoral (em junho será renovada a metade da Câmara e um terço do Senado), a presidente argentina mostrou-se eufórica pela assinatura do acordo com Embraer. A Aerolíneas não adquiria aviões novos desde sua privatização, na década de 90.
- Estamos recuperando uma parte de nossa dignidade nacional - declarou a presidente - Janaína Figueiredo – O Estado de São Paulo
Com dificuldades de caixa após a queda no preço do petróleo, o presidente venezuelano, Hugo Chávez, está negociando com o BNDES o financiamento de projetos em andamento que contam com a participação de empresas brasileiras.
"O BNDES tem uma carteira potencial de projetos com a Venezuela que ascende a US$ 10 bilhões e financiamentos potenciais na escala, por parte do banco, de US$ 4,3 bilhões", disse ontem à Folha o presidente da instituição, Luciano Coutinho, após se reunir com Chávez, em Caracas. A visita é parte dos preparativos para a viagem do presidente venezuelano à Bahia, na terça-feira. Por Fabiano Maisonnave, de Caracas
Os financiamentos sob análise se encaixam na modalidade de exportação de bens e serviços de empresas brasileiras. As negociações mais avançadas envolvem duas linhas de metrô em Caracas, no total de US$ 732 milhões. Ambas as obras estão sob a responsabilidade da Odebrecht, a maior empreiteira em operação na Venezuela. As negociações foram iniciadas em dezembro, e a expectativa da empresa é que o contrato seja assinado nos próximos 60 dias.
Nos últimos meses, a Odebrecht - assim como várias outras empresas prestadoras de serviço ao Estado - vem sofrendo com o atraso no repasse de verbas, provocando a redução no ritmo de algumas obras. Também está em tramitação a concessão de empréstimo de até US$ 300 milhões para a Propilsul, empresa produtora de polipropileno que tem como sócias a Braskem (braço petroquímico da Odebrecht) e a estatal venezuela Pequiven.
Os projetos que podem ter envolvimento do BNDES incluem ainda a construção de um estaleiro e uma siderúrgica, ambos a cargo da construtora Andrade Gutierrez, e outras duas fábricas com participação da Braskem.
Com a receita do petróleo reduzida à metade e num cenário de pouco crédito mundial, o BNDES é visto por Chávez como opção viável de financiamento externo, principalmente pelo bom relacionamento político com o presidente Lula.
De acordo com Coutinho, o encontro com Chávez serviu para discutir mecanismos para que esses financiamentos sejam feitos no âmbito do CCR (Convênio de Pagamentos e Créditos Recíproco), uma câmara de compensação de crédito e débitos da Aladi (Associação Latino Americana de Integração), da qual Brasil e Venezuela fazem parte.
Pelo sistema CCR, os bancos centrais fazem periodicamente um acerto de contas. Se o devedor deixa de pagar, o BC desse país assume o débito - na prática, um seguro de pagamento.
Do lado brasileiro, um dos obstáculos para a ampliação das linhas de financiamento é o aumento do teto atual para o financiamento de exportação de bens e serviços à Venezuela.
A revisão precisa ser aprovada pelo Ministério da Fazenda e pelo Cofig (Comitê de Financiamento e Garantia das Exportações), no qual apenas representantes de ministérios têm direito a voto. - "Mesmo dentro do limite anterior, como a Venezuela hon- rou todas as dívidas, e o saldo devedor é muito baixo, existe limite para fazer mesmo dentro do que estava vigente. Então não há um grande problema imediato", disse Coutinho. Folha de S. Paulo
ARGENTINA COMPRA 20 JATOS DA EMBRAER
Financiados pelo BNDES
Depois de meses de negociações, o governo argentino anunciou a compra de 20 jatos Embraer 190 para renovar a frota da Aerolíneas Argentinas e da Austral. Embora ambas as companhias aéreas ainda estejam em processo de reestatização (o projeto já foi aprovado pelo Congresso, mas a Casa Rosada ainda não chegou a um acordo com o grupo espanhol Marsans), o governo decidiu avançar numa operação estimada em US$ 700 milhões, dos quais 85% serão financiados pelo BNDES.
Em plena campanha eleitoral (em junho será renovada a metade da Câmara e um terço do Senado), a presidente argentina mostrou-se eufórica pela assinatura do acordo com Embraer. A Aerolíneas não adquiria aviões novos desde sua privatização, na década de 90.
- Estamos recuperando uma parte de nossa dignidade nacional - declarou a presidente - Janaína Figueiredo – O Estado de São Paulo
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