Drama nacional

SIMPLES ASSIM: MANTEGA ARREDONDA PIB PARA 1%


Previsão de crescimento para este ano, que era de 0,7%, foi alterada por decisão do ministro da Fazenda. O temor do ministro é que, ao ser realista (pessimista, na atual conjuntura), ele induz o mercado a reduzir o ritmo de recuperação econômica. Por isso, desde o ano passado, o governo tem superestimado as projeções do PIB. O Estado de São Paulo



ÀS FAVAS COM A CRISE
Por causa da crise, o quadro fiscal brasileiro, à primeira vista, não é muito diferente do verificado no mundo. As receitas tributárias caem, puxadas pela perda de ritmo da atividade econômica, e despesas sobem, na tentativa dos governos de se contrapor às pressões recessivas. Parte da retração na coleta de tributos se deve a desonerações de impostos concedidas para que empresas reduzam preços, com a finalidade de atrair consumidores arredios, inseguros, mas sem acumular prejuízos. No caso do Brasil, a perda de receita no mês passado foi a sexta consecutiva. Enquanto isso, no primeiro quadrimestre, os gastos primários do governo - excluindo, portanto, juros da dívida - subiram 15,3% acima da inflação. As semelhanças do Brasil com muitos outros países acabam aqui.


A peculiaridade nacional está no perfil desses gastos, nos quais baixíssima prioridade é concedida aos investimentos - ao contrário de tantos países -, apesar do discurso do PAC, e altas cifras de dinheiro público são destinadas às despesas correntes (salários de servidores, previdência, assistencialismo, custeio da máquina burocrática).

É neste contexto que vem a notícia de que o Bolsa Família ampliará o contingente de beneficiários entre a população de rua - já em 20,4 mil bolsistas. O Ministério de Desenvolvimento Social pretende colocar sob as asas do assistencialismo, até o final do ano, mais 1,8 milhão de dependentes, entre, além dos sem teto, assentados de reforma agrária, índios e quilombolas - ou os que se declaram como tal.

Note-se que o Bolsa Família já atinge direta e indiretamente mais de 50 milhões de pessoas, ao custo de aproximadamente R$11 bilhões anuais. Um em cada três brasileiros, este ano, será agraciado de alguma forma por esta esmola estatal. Talvez não haja, no momento, prova mais cabal de que o governo reforça o Bolsa Família para ser um instrumento poderoso de captura de votos em 2010, mais do que em 2006. E às favas com a crise.

Na sessão de terça-feira do XXI Fórum Nacional, Raul Velloso apresentou um trabalho, escrito com Marcos Mendes e Marcelo Caetano, em que está mapeada a rota que o país percorre rumo a um impasse fiscal. Cerca de 85% dos gastos federais se distribuem entre previdência, folha de servidores, assistência social e saúde. Mais grave ainda: 76% da despesa total são em pagamentos a pessoas - benefícios previdenciários, salários e assistencialismo.

Cada vez o Estado brasileiro fica, então, mais distante de poder fazer os investimentos que a nação precisa para desatar nós históricos - como na educação e infraestrutura em geral (em saneamento básico, sem falar no transporte, por exemplo). Este é o drama do país na primeira metade do século XXI, já em andamento, e que ficará mais visível à medida que o tempo passe. Superada a inflação e, espera-se, o longo ciclo de juros na estratosfera, o Brasil se aproxima de um período de constrangimento fiscal. Tudo em nome do "social". O Globo



VENDA DE MATERIAL CONTINUA EM QUEDA
As vendas de material de construção não estão reagindo como esperava o setor. Apesar da redução do IPI de vários produtos, o faturamento da indústria continua em queda. Isso é reflexo direto do recuo no mercado imobiliário que, embora esteja melhorando, registrou uma queda importante de vendas e lançamentos no primeiro trimestre deste ano em comparação com os primeiros três meses de 2008. As vendas de materiais de construção em abril apresentaram queda de 17,5% em relação ao mesmo mês do ano passado, segundo dados deflacionados da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat).

A redução do imposto anunciada pelo governo federal vale até 16 de julho. Apesar de o pacote habitacional do governo ter estimulado as empresas que atuam na baixa renda, o mercado de uma forma geral teve um forte recuo no primeiro trimestre. Daniela D"Ambrosio Valor Econômico –



DEMISSÕES SERÃO INEVITÁVEIS, DIZ MINISTRO
Com a fusão entre a Perdigão e a Sadia para a criação da Brasil Foods, demissões serão inevitáveis, previu ontem o ministro do Desenvolvimento e Indústria, Miguel Jorge. A união criará "sinergia" e redução de custos, mas também tornará muitos cargos redundantes, disse.

"Certamente haverá redução de quadros, não pode haver o mesmo número de diretores e gerentes", disse Miguel Jorge ao desembarcar em Istambul, onde acompanha o presidente Lula e empresários em visita oficial. "É preciso ficar claro o seguinte: não é proibido demitir. O que é proibido é demitir sem pagar os direitos dos trabalhadores", afirmou. Folha de S. Paulo

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