Hugo Chávez: o pária mundial

COM O ESTADO GESTOR, SERÃO SOCIALIZADOS PREJUÍZOS

Os efeitos da crise internacional, destacadamente a queda dos preços do petróleo, deixaram sem combustível o projeto de poder de Hugo Chávez, baseado num populismo assistencialista que lhe garantiria os votos da maioria de baixa renda para sua reeleição indefinida, conforme aprovado em referendo recente. Mas ele não desiste facilmente do “socialismo bolivariano”, nome oficial da eliminação da democracia venezuelana para implantação de um Estado autoritário.

E decidiu radicalizar.

O caixa de seu projeto é a estatal petrolífera PDVSA, mas anos de aparelhamento chavista e desmandos deixaram a grande empresa em frangalhos. Sem dinheiro para pagar a fornecedores da PDVSA, o que fez Chávez? Expropriou 60 empresas do setor petrolífero no Lago de Maracaibo, em nome do avanço do socialismo. Antes, já expropriara dez mil hectares no estado de Barinas (terra natal do caudilho), tomara plantações de arroz da americana Cargill, de eucalipto da irlandesa Smurfit Kappa e propriedades da Coca-Cola. O próximo alvo são as operações locais do Banco Santander.


Este mês, enviará ao Congresso (dominado por ele) projeto que dará ao Executivo o poder de declarar propriedade social bens e serviços “necessários para o desenvolvimento da economia socialista”.

Chávez vem queimando etapas em direção à ditadura e mandou prender os dois principais opositores, general da reserva Isaías Baduel e prefeito Manuel Rosales, enquanto isolava e enfraquecia os governadores e prefeitos da oposição, federalizando taxas de portos, aeroportos e rodovias. Se cada vez há menos espaço para a empresa independente, o que dizer da liberdade? Depois de expandir a mídia oficial e fechar a rede privada RCTV, ele ameaça fazer o mesmo com o canal Globovisión — sempre que ameaçou, cumpriu — e anunciou um processo de inspeção — leia-se intimidação — em emissoras de rádio e TV. O ideal do venezuelano parece ser o jornal do Partido (único) dos Trabalhadores Coreanos (da Coreia do Norte).

Chávez está a todo o vapor antes que os problemas fiscais decorrentes da crise mundial ponham ainda mais em risco, nas eleições legislativas de 2010, sua hegemonia no Congresso. Com isso, torna-se cada vez mais patente a inconveniência de o governo brasileiro apoiar a aprovação, pelo Senado, do ingresso da Venezuela no Mercosul, correndo o risco de transformá-lo em palanque privilegiado do caudilho.

E que país ou bloco gostaria de firmar acordos com uma organização que abriga um pária internacional? Editorial O Globo



A PIADA DO DIA
Venezuela utilizará assessoria do MST em fazenda expropriada

A Venezuela utilizará a assessoria do MST para a produção agrícola em uma fazenda expropriada pelo governo em uma nova etapa da chamada "guerra ao latifúndio", que estabelece o resgate de terras consideradas improdutivas. Expropriada há um mês, a fazenda El Frío, de 63 mil hectares, será um dos polos de produção arrozeira no Estado de Apure (norte da Venezuela), de acordo com o governo. Leia mais
aqui




BOLÍVIA - DEPUTADOS GOVERNISTAS SUSPENDEM PRESIDENTE DA CORTE SUPREMA
A maioria governista da Câmara de Deputados da Bolívia suspendeu ontem à noite de suas funções o presidente da Corte Suprema de Justiça, Eddy Fernández, sob a acusação de não cumprimento de funções e retardamento da justiça.

A suspensão foi aprovada por 62 deputados; 4 rejeitaram a medida ou se abstiveram. Os deputados de oposição abandonaram a sessão, mas os governistas obtiveram a aprovação com quórum restrito.

Segundo a jurista Aida Camacho, advogada de Fernández, o resultado põe em uma difícil situação o tribunal máximo de Justiça da Bolívia. A determinação da Câmara de Deputados deverá ser submetida dentro de 15 dias ao Senado, dominado pela oposição, onde certamente será rejeitada. Segundo Aida, "diante desta circunstância, a situação deverá ser tratada pelo Congresso", que reúne ambas câmaras.

A medida compromete o início, na segunda-feira, do julgamento oral contra o ex-presidente Gonzalo Sánchez de Lozada - que está autoexilado nos EUA desde que renunciou em 2003 - e 11 de seus ex-ministros, acusados da morte de 60 civis durante repressão a um protesto.

CRISE COM PERU
O presidente da Bolívia, Evo Morales, afirmou ontem que o asilo concedido pelo Peru a três ex-ministros acusados de crime de lesa-humanidade "põe em alto risco" as relações diplomáticas entre os dois países. "Estamos analisando seriamente (a questão do asilo)", disse Evo durante entrevista coletiva. O presidente também afirmou que o governo ainda decidirá sobre uma possível ruptura de laços. EFE e AP - Estado de São Paulo

Nenhum comentário: