Senador fala do sentimento de perda das famílias expulsas de Raposa

“EU FUI LÁ, VI E ME SENTI OFENDIDO COM AQUILO”

Ontem, quarta-feira, o senador Augusto Botelho (PT-RR) fez um discurso emocionado na tribuna, ao relatar sobre o que viu em Roraima quando acompanhou a retirada de famílias de brasileiros não-índios da Reserva. O senador foi também autor da uma ação que questionou o processo demarcatório da reserva no STF.

O Senador contou que apesar da promessa do governo de que os não-índios seriam retirados após indenização justa, apenas 60 das 500 famílias foram reassentadas, em terrenos sem água e energia elétrica. Contou que as pessoas simplesmente não sabem para onde ir, não sabem como sobreviver a partir de agora: “o que essas pessoas que viviam na Raposa Serra do Sol há mais de 50 anos – e hoje alguns estão até com mais de 80 – onde criavam seus animais, faziam suas plantações e viviam disso? O que elas vão fazer agora? De que vão viver?"


Enfim, quem assistiu ontem a TV Senado viu que o Senador Augusto Botelho fez um relato muito emocionado, com a voz embargada e com vergonha, como ele mesmo afirmou. Ao final, o Senador encerrou seu discurso com o seguinte parecer: - ”Por isso que acho que a Nação brasileira tem uma dívida com essas pessoas. E eu aqui vou lutar para que essa dívida seja paga”. Você lê o pronunciamento completo do Senador aqui – via Agência do Senado




SENHOR SENADOR,
A que tipo de dívida o senhor se refere, exatamente?

Porque a única dívida do povo brasileiro, e esta, infelizmente, ele não tem mais como honrar, foi a de não ter repudiado e se manifestado contra essa brutalidade cometida contra os próprios brasileiros enxotados feito cachorros de suas casas, de suas terras e de suas vidas.

A maioria dos brasileiros assistiu, desinteressada, o avanço dessa truculência do governo Lula contra os não-índios, em Roraima; assistiu passiva a defesa vergonhosa do Ministro Ayres Britto, pela expulsão dos brasileiros, no que foi acompanhado pelos votos de seus colegas, com exceção do excelentíssimo Ministro Marco Aurélio de Mello, o único que votou com a consciência expandida.

Essa dívida impagável é principalmente dos políticos, Senador, porque tirando meia dúzia que se envolveu no caso - e dentre esses o senhor se encontra - o resto se coçou e bocejou soberbamente, enquanto assistia Lula ferir de morte a nossa soberania, entregando nossas fronteiras para centenas de ONGs estrangeiras no melhor estilo de um “quinta coluna”.

Esse tipo de dívida moral, Senhor Senador, jamais que poderá ser paga: nem pelos brasileiros e muito menos pelos políticos que nos representam, pois o mal já está feito. E o pior: agora já temos uma jurisprudência para impor, sem restrição, essa mesma injustiça contra outros brasileiros, que à exemplo dos não-índios expulsos da Raposa, igualmente serão arrancados de suas casas e de suas terras, engrossando o cordão dos desesperançados, dos vagantes de uma Nação que não os reconhece.

Se a dívida a que o senhor se refere for a de ordem econômica, não se preocupe, pois o povo já está habituado a pagar (e caro) por ela: é a nossa 'eterna dívida', aquela que financia o Lula na distribuição de suas esmolas para as legiões de excluídos que ele mesmo cria e cultiva.

Senador Botelho, sua revolta merece nosso respeito, porém, ela é muito tímida e não vai impedir a futura repetição desses acontecimentos vergonhosos pelo país. Ao cobrar financeiramente da Nação, por uma coisa errada, o verdadeiro credor fica incólume para continuar produzindo vítimas e dívidas morais, acima de quaisquer outras.

Será que também estou cobrando da pessoa errada? Acho que não, afinal, o Senador Botelho se envolveu com Raposa muito mais que a maioria dos políticos, inclusive, que os oposicionistas. Mas é preciso mais do que sentir vergonha, Senador. Certas coisas não se tem como pagar, porque elas não têm preço. Por Arthur/Gabriela

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