Volta ao terror pós-Guantánamo atinge 14%

FBI NÃO QUER PRESOS DE GUATÁNAMO NOS EUA

Levantamento do Pentágono diz que 1 em cada 7 libertados da prisão retomaram militância antiamericana

Poucas horas depois de o Senado americano vetar a liberação de US$ 80 milhões destinados ao fechamento do campo de prisioneiros de Guantánamo (em Cuba), o "New York Times" divulgou dados de um ainda inédito relatório do Pentágono, segundo o qual 1 em cada 7 ex-prisioneiros da base militar "retornaram a atividades de militância ou terrorismo" após terem sido libertados.

De acordo com uma cópia do estudo obtida pelo jornal, "o Pentágono acredita que 74 [de 534] prisioneiros libertados de Guantánamo retornaram ao terrorismo".

O "Times" publicou que o relatório foi disponibilizado por uma autoridade governamental que simpatiza com suas conclusões, para quem a demora em divulgar oficialmente o documento criava desnecessárias teorias conspiratórias.




A publicação oficial do texto estava prevista para janeiro. Mas, de acordo com um porta-voz do Pentágono, suas conclusões ainda seguem "sob revisão". Ele disse ainda esperar a divulgação oficial para breve.

Dois funcionários do governo que falaram ao jornal nova-iorquino na condição de não serem identificados expressaram que o documento ficou travado no Departamento da Defesa, cujos funcionários temem aborrecer a Casa Branca em razão de seu teor.

Derrota por 90 a 6

Em outro revés aos planos do presidente Barack Obama, o Senado vetou, por 90 votos a 6, a liberação de verba pedida pelo governo para o fechamento da prisão. Seus colegas no Partido Democrata condicionaram a aprovação da medida ao anúncio de um plano detalhado sobre o destino dos detentos.

Também foi aprovada a proibição do uso de fundos para transportar os detentos de Guantánamo para solo americano até 30 de setembro. Segundo a Casa Branca, isso não prejudica o cumprimento da promessa, feita por Obama de fechar a prisão até janeiro de 2010. Ele tem previsto para hoje um discurso com detalhes sobre o encerramento das atividades da instituição.

Entretanto, o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, adiantou que o democrata ainda não sabe para onde mandar alguns detentos. A indecisão sobre o destino dos presos é um dos grandes obstáculos para o fechamento da prisão. A quantia vetada pelo Senado seria usada para realocação dos 241 prisioneiros que permanecem na base em Cuba.

Muitos deles não podem ser mandados de volta a seus países sob risco de sofrerem perseguição. E políticos dos dois partidos se opõem a conduzir os detentos para solo americano.

A despeito do efeito que pode causar nos EUA, um funcionário do governo que pediu anonimato disse à agência Associated Press que o governo Obama decidiu julgar em Nova York -perante uma corte criminal da Justiça comum- o tanzaniano Ahmed Ghailani. Ele está detido em Guantánamo, sob acusação de ter participado de ataques a bombas que mataram 224 pessoas em duas Embaixadas dos EUA na África em 1998. Com agências internacionais - Folha de S. Paulo



FBI NÃO QUER PRESOS DE GUATÁNAMO NOS EUA

Presença de detentos em solo americano traria sérios riscos, diz agência. Obama detalha hoje seu plano de ação – Por Gilberto Scofield Jr.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, fará hoje um discurso sobre a segurança nacional em que dará detalhes sobre como pretende, afinal, fechar a prisão de Guantánamo e transferir seus detentos para outros lugares. A estratégia parece ser viabilizar o projeto, que vem sendo bombardeado por todos os lados, inclusive por políticos de seu próprio partido, o Democrata. O diretor do FBI (a polícia federal dos EUA), Robert Mueller, por exemplo, disse ontem em depoimento ao Congresso que trazer prisioneiros de Guantánamo, base localizada em Cuba, para solo americano "implica sérios riscos para o país, ainda que os detentos sejam transferidos para prisões de segurança máxima".

Durante o depoimento na Comissão Judicial da Câmara dos Representantes, Mueller foi perguntado sobre que preocupações o FBI tinha com a transferência, para os EUA, de presos suspeitos de terrorismo.

- As preocupações que temos sobre pessoas que possam apoiar o terrorismo estarem dentro dos EUA derivam de nosso temor de que isso possa afetar outros, seja aumentando o financiamento ou a radicalização de atividades terroristas. Além do potencial disso para ataques dentro dos EUA. São preocupações legítimas - disse Mueller.

Ainda que estes detentos sejam presos em prisões de segurança máxima, Mueller ponderou que a solução vai depender das circunstâncias sob as quais as prisões são administradas: - Sabemos de líderes de gangues que, mesmo de dentro de prisões de segurança máxima, continuam a dar ordens a seus membros fora da prisão - ponderou o chefe do FBI.

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