Sindicalistas montam rede de comunicações em SP

Estratégia: Fundação apresentou pedidos para comandar retransmissoras em 23 cidades do interior paulista. Ponto de partida é concessão de canais de rádio e TV para Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, berço político de Lula

Nem bem o governo federal concedeu canais geradores de TV e rádio para uma fundação do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, líderes sindicais ligados à Central Única dos Trabalhadores (CUT) e ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva já se mobilizam pela criação de uma rede de comunicação em quase todo o Estado de São Paulo.

A Fundação Sociedade Comunicação Cultura e Trabalho deu entrada no Ministério das Comunicações a pedidos para canais retransmissores em pelo menos 23 cidades do interior paulista, numa estratégia que deve fortalecer não só o movimento sindical, mas o próprio PT, já que no comando da entidade figuram nomes de relação estreita do presidente no ABC, seu berço político.


Com a rede, o sindicalismo do ABC paulista pretende se transformar num dos principais pólos geradores de conteúdo em canais UHF. Estima-se que, juntos, esses canais alcancem cerca de dois milhões de domicílios.

Sindicalista admite dar voz ao MST, por exemplo

O presidente do sindicato, dirigente da CUT e conselheiro da fundação, Sérgio Nobre, afirma que as retransmissoras terão programação educativa, como determina a lei, embora não descarte a necessidade de dar voz aos movimentos sociais, como o MST.

- Queremos discutir a visão do movimento sindical, mas também dar espaço para os movimentos que são discriminados neste país. Todos os atores (sociais) têm que ter voz. O MST, por exemplo, está aí e tem que ter o direito de falar. Ninguém vai ouvir o MST para saber sobre o (Barack) Obama. A CUT também está aí, porque só a Fiesp tem voz? - indaga Nobre, assumindo que as concessões só foram possíveis graças ao presidente Lula e que o objetivo, de agora em diante, é "falar para o Brasil" a partir do ABC.

Entre os conselheiros da fundação, além de Nobre, estão o dirigente da CUT e ex-presidente da Confederação Nacional dos Metalúrgicos, Carlos Alberto Grana; o diretor do sindicato, Tsukassa Isawa, e o ex-coordenador geral da campanha de Luiz Marinho (PT) à prefeitura de São Bernardo do Campo, Tarcísio Secol, todos amigos de Lula.

Os primeiros pedidos para concessão de TV para o movimento sindical foram feitos por Lula à época em que ainda era deputado constituinte.

Segundo o sindicalista, não há, por enquanto, novos pedidos para concessão de TV em outros estados, mas, de acordo com ele, basta o processo ser definido em São Paulo para o movimento sindical tentar novos espaços na mídia. O Globo


FUNDAÇÃO NÃO TEM PROGRAMAS DEFINIDOS
TCE investiga contratos de prefeituras do ABC com produtora

Para o fortalecimento do movimento sindical, o governo Lula chegou a cassar uma das concessões de TV vigentes em São Caetano do Sul. O canal 45 é um dos que deverão passar para as mãos da fundação ligada ao Sindicato dos Metalúrgicos, que luta na Justiça para provar que o canal era explorado comercialmente.

- O que eles querem é ganhar todo esse espaço na mídia para fazer política. Dar palanque para vereadores e deputados dessas cidades - acusa o empresário Marcos Tolentino, que deve perder o canal, já que o sindicato entrou com ação na Justiça alegando que ele explorava o canal comercialmente.

O canal 45 só ficará sob a administração da fundação depois de o processo ser aprovado no Senado. Atualmente, uma geradora em Mogi das Cruzes já pertence à fundação, o que permitiu que fossem feitos os pedidos de retransmissoras.

Sérgio Nobre, conselheiro da fundação, admite que não há ainda um projeto de conteúdo para o que vai ser transmitido nas cidades, mas diz que as TVs vão respeitar a lei de concessões, assinada em 1967. Caso contrário, avisa o ministério, a concessão poderá ser cassada.

A intimidade de sindicalistas do ABC com vídeo surgiu com a TV dos Trabalhadores (TVT), produtora também vinculada ao Sindicato dos Metalúrgicos. O hoje presidente Lula foi um de seus fundadores. Nos últimos anos, a TVT tem feito trabalhos principalmente para cidades administradas pelo PT na região. Só na prefeitura de Santo André, a TVT recebeu R$2,294 milhões entre 2000 e 2008.

A produtora prestou serviços sem licitação, já que foi subcontratada por agências de comunicação. O Tribunal de Contas do Estado investiga se a contratação sem licitação foi irregular. O Globo


NO ABC, JORNAL E REVISTA AUMENTAM INFLUÊNCIA
Únicos anúncios da última edição da revista são do governo federal, além de um informe da Petrobras. Ex-assessor de prefeito petista comanda publicação com 30 mil exemplares distribuídos gratuitamente na região.

A rede de comunicação dos sindicalistas do ABC ligados ao Lula da Silva não se limita apenas à mídia eletrônica. Inclui ainda a criação de um jornal impresso que circula duas vezes por semana na região, o ABCD Maior, que também funciona no prédio da TVT. Chefiado por Celso Horta, ex-assessor de Luiz Marinho (PT), atual prefeito de São Bernardo do Campo, o jornal tem tiragem que chega a 30 mil exemplares. Distribuída gratuitamente, a publicação surgiu em 2006.

"O jornal tornou-se realidade a partir da iniciativa de vários sindicatos da CUT no ABC, inclusive o nosso, e de forças políticas da região", diz editorial publicado no site do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, que já foi presidido por Marinho e pelo hoje presidente Lula. Também consta da lista de publicações relacionadas ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC a "Revista do Brasil". Na última edição, ela trazia apenas anúncios pagos pelo governo, incluindo o PAC, e um informe publicitário da Petrobras. Por Flávio Freire – O Globo


OPOSIÇÃO VÊ USO POLÍTICO DE VERBA DE PUBLICIDADE
Os partidos de oposição ao governo Lula começam a reagir ao uso político que veem na estratégia do Palácio do Planalto de pulverizar as verbas federais de publicidade para a mídia regional. O DEM decidiu pedir ao Tribunal de Contas da União (TCU) uma tomada de contas especial da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República para saber quais os critérios utilizados para a distribuição de recursos. O pedido será feito pelo deputado Paulo Bornhausen (DEM-SC).

O deputado catarinense enviou semana passada um requerimento de informação ao ministro Franklin Martins, da Secretaria de Comunicação. Ele pede explicações sobre a adoção do princípio "de mídia técnica" para aplicação de investimentos em publicidade. O principal questionamento feito pela oposição é de como o governo vai aferir a tiragem de jornais que não são inscritos no Instituto Verificador de Circulação (IVC). Outra preocupação é com o repasse de verba publicitária para boletins sindicais, como o jornal da CUT.

- Esse argumento de mídia técnica é mais um tipo de atendimento ao arrepio da lei. Essa é a forma de o PT atuar misturando o público e o privado. O governo reforça a estratégia de gastar milhões de reais no sistema de comunicação regional para o ano próximo da eleição, com claro objetivo político. Aliás, a popularidade do presidente Lula também pode ser explicada por essa estratégia de mídia - diz Paulo Bornhausen.

De 2003 a 2008, a Secom ampliou de 499 para 5.297 o total de órgãos que veiculam propaganda institucional do governo federal - crescimento de 1.061%. Em 2003, esses órgãos se concentravam em 182 municípios; hoje chegam a 1.149 cidades - crescimento de 631%. Por Gerson Camarotti – O Globo


3 comentários:

gabriela disse...

Haja poluição sonora!
Essa gente berrando nessas redes.
Ainda mais agora, que foi extinto o diploma de jornalismo.
Loteando tudo. Será que vai sobrar alguma coisa decente neste país?

A seita satânica montando rede de comunicação. Isto aqui acabou!

Joana D'Arc disse...

Gabi, concordo em gênero, número e grau!

Acabou! já era!

Anônimo disse...

Nossa1! Que ousadia desses sindicalistas (leia-se representante dos trabalhadores), né! Querem ter algo (rádio, tv, jornal e revista) que só pode ser do Roberto Marinho, que ganhou a sua concessão em plena ditadura militar e ficou milionário com isso, ou dos Frias, dos Mesquitas, Abravanel. Ah! Até o Gugu Liberato tem uma concessão de TV. Esqueci que só a elite pode ter acesso aos meios de comunicação, só ela é representada neles. Os movimentos sociais, o trabalhador que se dane, né. Não interessa que ele nunca seja ouvido. Caramba, um perigo dar um canal de tv e rádio para os sindicalistas...os trabalhadores, vai que eles conseguem eleger um presidente da república operário, o que será que acontecerá com este País chamado Brasil. Ah! Já elegemos, né. Então é isso. Mais uma ousadia. Vocês vão ter que nos engolir...demore 20,30 ou 40 anos...os meios de comunicação vão ser, sim, democratizados e deixarão de pertencer a meia-duzia de famílias que poluem os lares brasileiros com suas novelas bregas, suas igrejas para gado, seus choppings digitais, suas Ana Maria Brega e Faustões milionários graças a ignorância e falta de opção do povo. Quem viver verá....e vem ai a primeira conferencia nacional de comunicação. Porque ele é o cara...e os sindicalistas são os caras. Assinado: Amabo Ckarab