PRESENTE DADO AO PARAGUAI PARA SALVAR O LUGO VAI NOS CUSTAR MEIO BILHÃO
Acostumado a dizer algo que parece mas que nem sempre é a verdade, o governo e o próprio Lula da Silva parecem decididos a martelar ad nauseam a impossibilidade matemática de que o país vai pagar o triplo do que paga hoje pela energia comprada do Paraguai, mas isso não vai custar nada ao consumidor brasileiro. Editorial Estado de Minas
A verdade é que não ficou nada barato o bonito que Lula e seus auxiliares mais comprometidos com a felicidade da vizinhança fizeram com o chapéu dos brasileiros. O acordo firmado no fim de semana, em Assunção, capital do Paraguai, foi além da prometida abertura do mercado brasileiro para que os paraguaios vendam diretamente a sua parte (50%) da energia gerada em Itaipu, pela qual não gastaram nada além da metade da água que move as turbinas de Itaipu e da qual não consomem mais do que 5% do que têm direito. O presente mais expressivo e mais imediato foi a estupenda generosidade de triplicar o valor pago por essa energia, aumento a ser concedido gradualmente até 2023, quando vencem os termos atuais do contrato firmado em 1973 pelos dois países.
Era reveladora a euforia que, ontem, não conseguia esconder o assessor para Assuntos Internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, com os termos do acordo. Como um dos que lideram a pressão para que o governo não meça generosidade com o dinheiro do povo para ajudar os líderes vizinhos, desde que adeptos da onda esquerdizante de seu grupo no Partido dos Trabalhadores (PT) ele passava ao largo do preço que o país vai pagar. O que importa, segundo Garcia, é que a benesse vai estabilizar a situação política no país vizinho, abalada depois que foram revelados os escândalos protagonizados por seu presidente, Fernando Lugo, que teve filhos com mais de uma mulher quando ainda era bispo da Igreja Católica. Lugo chegou ao poder há 11 meses, depois de uma campanha eleitoral marcada por promessas de grandes realizações e por desacatos ao Brasil, a quem atribuiu a maldade de explorar os paraguaios com um tratado injusto.
A realidade jogou no chão suas fantasias e o governo Lula julga caber ao bolso dos brasileiros bancar as trapalhadas de Lugo, a troco de não se perder um hermano de ideias tão parecidas com as de certas alas do próprio partido de Lula. O Brasil gasta atualmente cerca de US$ 120 milhões por ano com a energia que compra do Paraguai. Vai passar a pagar US$ 360 milhões. A diferença – US$ 240 milhões, ou quase R$ 0,5 bilhão, dependendo da taxa de câmbio – é uma quantia razoável para quem está às voltas com a necessidade de investir em obras de infraestrutura, sem contar as filas do Sistema Único de Saúde (SUS) e a urgente necessidade corrigir as históricas injustiças praticadas com os trabalhadores aposentados da iniciativa privada. Seria mais honesto propor ao povo abrir mão de alguma coisa para ajudar os paraguaios do que tentar empurrar a fantasia de que o consumidor brasileiro não vai pagar por isso.
É abusar demais da ingenuidade coletiva achar que se pode separar o consumidor do contribuinte, como se fossem duas pessoas e que não vivessem no mesmo país. Se a despesa da festa paraguaia não será cobrada na conta de luz, pior: vamos, sim, pagar caro, pela via preferida do governo, a dos impostos. Resta aos brasileiros, que, aliás, ainda não foram consultados, a esperança de que o bom senso ilumine o Congresso Nacional quando for votar mais essa facada.
ACORDO PARA ITAIPU ELEVARÁ TARIFA
O acordo estabelecido entre os governos do Brasil e do Paraguai sobre as sobras da energia paraguaia de Itaipu deve elevar as tarifas para os consumidores brasileiros. A afirmação é do economista Walter De Vitto, da consultoria Tendências.
O acerto entre os dois países envolve o aumento do valor pago pelo Brasil pela comercialização da energia excedente do Paraguai de US$ 3,17/MWh para US$ 9,51 o MWh. "Se esses termos forem levados a cabo sem outros ajustes, os consumidores do mercado cativo vão arcar com o custo da elevação do valor adicional pago ao Paraguai", diz De Vitto.
Outro fator que pode impulsionar a alta das tarifas é se parte da energia produzida em Itaipu for destinada ao mercado livre, que atende grandes consumidores. Nesse caso, as distribuidoras do mercado cativo terão que substituir a energia de Itaipu pela de outros geradores, diz a consultoria.
"Dificilmente haverá disponibilidade para contratação de energia hidrelétrica a curto prazo, o que implicará a necessidade de adquirir eletricidade gerada pelas térmicas, que tem custo mais elevado."
Para minimizar a alta dos preços ao consumidor, De Vitto defende que o governo brasileiro associe o cronograma de venda da energia do Paraguai ao mercado livre com a entrada em operação de novas hidrelétricas, como a usina de Belo Monte. A absorção do aumento das tarifas pelo Tesouro Nacional, no entanto, não é bem-vista pelo economista. "Não é uma medida desejável, já que cria distorções de preço não só no mercado de energia mas em outros setores da economia, que teriam de arcar com esse custo via pagamento de impostos." Por Guilherme Barros - Folha de São Paulo
Acostumado a dizer algo que parece mas que nem sempre é a verdade, o governo e o próprio Lula da Silva parecem decididos a martelar ad nauseam a impossibilidade matemática de que o país vai pagar o triplo do que paga hoje pela energia comprada do Paraguai, mas isso não vai custar nada ao consumidor brasileiro. Editorial Estado de Minas
A verdade é que não ficou nada barato o bonito que Lula e seus auxiliares mais comprometidos com a felicidade da vizinhança fizeram com o chapéu dos brasileiros. O acordo firmado no fim de semana, em Assunção, capital do Paraguai, foi além da prometida abertura do mercado brasileiro para que os paraguaios vendam diretamente a sua parte (50%) da energia gerada em Itaipu, pela qual não gastaram nada além da metade da água que move as turbinas de Itaipu e da qual não consomem mais do que 5% do que têm direito. O presente mais expressivo e mais imediato foi a estupenda generosidade de triplicar o valor pago por essa energia, aumento a ser concedido gradualmente até 2023, quando vencem os termos atuais do contrato firmado em 1973 pelos dois países.
Era reveladora a euforia que, ontem, não conseguia esconder o assessor para Assuntos Internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, com os termos do acordo. Como um dos que lideram a pressão para que o governo não meça generosidade com o dinheiro do povo para ajudar os líderes vizinhos, desde que adeptos da onda esquerdizante de seu grupo no Partido dos Trabalhadores (PT) ele passava ao largo do preço que o país vai pagar. O que importa, segundo Garcia, é que a benesse vai estabilizar a situação política no país vizinho, abalada depois que foram revelados os escândalos protagonizados por seu presidente, Fernando Lugo, que teve filhos com mais de uma mulher quando ainda era bispo da Igreja Católica. Lugo chegou ao poder há 11 meses, depois de uma campanha eleitoral marcada por promessas de grandes realizações e por desacatos ao Brasil, a quem atribuiu a maldade de explorar os paraguaios com um tratado injusto.
A realidade jogou no chão suas fantasias e o governo Lula julga caber ao bolso dos brasileiros bancar as trapalhadas de Lugo, a troco de não se perder um hermano de ideias tão parecidas com as de certas alas do próprio partido de Lula. O Brasil gasta atualmente cerca de US$ 120 milhões por ano com a energia que compra do Paraguai. Vai passar a pagar US$ 360 milhões. A diferença – US$ 240 milhões, ou quase R$ 0,5 bilhão, dependendo da taxa de câmbio – é uma quantia razoável para quem está às voltas com a necessidade de investir em obras de infraestrutura, sem contar as filas do Sistema Único de Saúde (SUS) e a urgente necessidade corrigir as históricas injustiças praticadas com os trabalhadores aposentados da iniciativa privada. Seria mais honesto propor ao povo abrir mão de alguma coisa para ajudar os paraguaios do que tentar empurrar a fantasia de que o consumidor brasileiro não vai pagar por isso.
É abusar demais da ingenuidade coletiva achar que se pode separar o consumidor do contribuinte, como se fossem duas pessoas e que não vivessem no mesmo país. Se a despesa da festa paraguaia não será cobrada na conta de luz, pior: vamos, sim, pagar caro, pela via preferida do governo, a dos impostos. Resta aos brasileiros, que, aliás, ainda não foram consultados, a esperança de que o bom senso ilumine o Congresso Nacional quando for votar mais essa facada.
ACORDO PARA ITAIPU ELEVARÁ TARIFA
O acordo estabelecido entre os governos do Brasil e do Paraguai sobre as sobras da energia paraguaia de Itaipu deve elevar as tarifas para os consumidores brasileiros. A afirmação é do economista Walter De Vitto, da consultoria Tendências.
O acerto entre os dois países envolve o aumento do valor pago pelo Brasil pela comercialização da energia excedente do Paraguai de US$ 3,17/MWh para US$ 9,51 o MWh. "Se esses termos forem levados a cabo sem outros ajustes, os consumidores do mercado cativo vão arcar com o custo da elevação do valor adicional pago ao Paraguai", diz De Vitto.
Outro fator que pode impulsionar a alta das tarifas é se parte da energia produzida em Itaipu for destinada ao mercado livre, que atende grandes consumidores. Nesse caso, as distribuidoras do mercado cativo terão que substituir a energia de Itaipu pela de outros geradores, diz a consultoria.
"Dificilmente haverá disponibilidade para contratação de energia hidrelétrica a curto prazo, o que implicará a necessidade de adquirir eletricidade gerada pelas térmicas, que tem custo mais elevado."
Para minimizar a alta dos preços ao consumidor, De Vitto defende que o governo brasileiro associe o cronograma de venda da energia do Paraguai ao mercado livre com a entrada em operação de novas hidrelétricas, como a usina de Belo Monte. A absorção do aumento das tarifas pelo Tesouro Nacional, no entanto, não é bem-vista pelo economista. "Não é uma medida desejável, já que cria distorções de preço não só no mercado de energia mas em outros setores da economia, que teriam de arcar com esse custo via pagamento de impostos." Por Guilherme Barros - Folha de São Paulo
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