Se o companheiro Manuel Zelaya não for recolocado na presidência da República, advertiu o Lula da segunda-feira, “Honduras ficará numa posição de isolamento no meio de um grande contingente de democracias”.
Enquanto o palanqueiro de segunda continuava lutando pela liberdade na América Central, o Lula da terça-feira baixou na Líbia para a reunião dos 59 países que formam a Unidade Africana ─ meia dúzia de democracias cercadas por todos os lados por um oceano de ditaduras de assustar o mais medonho tirano cucaracha.
Mesmo para uma metamorfose ambulante, não seria uma mudança abrupta demais? “Quando você é convidado, não pergunta quem mais foi convidado, você vai”, desconversou. Alguém deve ter soprado que todo presidente recebe com bastante antecedência a lista dos que lhe farão companhia, sugeriu a guinada do Lula da quarta-feira. Irritado com a cobertura do encontro na Líbia, acusou a imprensa brasileira de tratar com “preconceito premeditado” os vínculos cada vez mais estreitos entre o governo brasileiro e déspotas africanos. Por Augusto Nunes
“Esse golpe militar foi desnecessário”, informou uma frase perdida no meio da discurseira sobre Honduras. Existem na cabeça de Lula, portanto, golpes militares necessários. Figura nessa categoria o que transformou em dono da Líbia, desde 1969, o anfitrião Muammar Khadafi, saudado com especial carinho na abertura do discurso na festa de encerramento. “Meu amigo, meu irmão e líder”, prostrou-se o convidado de honra diante do serial killer que, entre outras anotações no prontuário, ordenou a derrubada de um avião da PanAm em 1988.
Entusiasmado com “a persistência e a visão de ganhos cumulativos que norteia os líderes africanos”, Lula recomendou ao mundo mais paciência com ditaduras vitalícias. “Consolidar a democracia é um processo evolutivo”, ensinou. O companheiro Omar Al-Bashir, por exemplo, é ditador do Sudão há apenas 20 anos. Antes de pensar em eleições diretas, liberdade de expressão e outras miudezas adiáveis, precisa resolver urgências muito mais prementes. É o caso da guerra de extermínio movida contra a província de Darfur. Só não terminou ainda porque as entidades humanitárias que ele acabou de expulsar do país insistiam em reduzir o tamanho do genocídio.
Em março, o tribunal internacional de Haia decretou a prisão, por crimes contra a Humanidade, do sudanês de altíssima periculosidade. Será recebido como estadista amigo caso visite o País do Carnaval. ”O Brasil não se envolve em problemas de outros países”, recitou na Líbia o chanceler Celso Amorim.
Como se Honduras fosse outra praia da Bahia que acabou de ser descoberta por colunáveis paulistas. Direto ao Ponto - Revista Veja
Enquanto o palanqueiro de segunda continuava lutando pela liberdade na América Central, o Lula da terça-feira baixou na Líbia para a reunião dos 59 países que formam a Unidade Africana ─ meia dúzia de democracias cercadas por todos os lados por um oceano de ditaduras de assustar o mais medonho tirano cucaracha.
Mesmo para uma metamorfose ambulante, não seria uma mudança abrupta demais? “Quando você é convidado, não pergunta quem mais foi convidado, você vai”, desconversou. Alguém deve ter soprado que todo presidente recebe com bastante antecedência a lista dos que lhe farão companhia, sugeriu a guinada do Lula da quarta-feira. Irritado com a cobertura do encontro na Líbia, acusou a imprensa brasileira de tratar com “preconceito premeditado” os vínculos cada vez mais estreitos entre o governo brasileiro e déspotas africanos. Por Augusto Nunes
“Esse golpe militar foi desnecessário”, informou uma frase perdida no meio da discurseira sobre Honduras. Existem na cabeça de Lula, portanto, golpes militares necessários. Figura nessa categoria o que transformou em dono da Líbia, desde 1969, o anfitrião Muammar Khadafi, saudado com especial carinho na abertura do discurso na festa de encerramento. “Meu amigo, meu irmão e líder”, prostrou-se o convidado de honra diante do serial killer que, entre outras anotações no prontuário, ordenou a derrubada de um avião da PanAm em 1988.
Entusiasmado com “a persistência e a visão de ganhos cumulativos que norteia os líderes africanos”, Lula recomendou ao mundo mais paciência com ditaduras vitalícias. “Consolidar a democracia é um processo evolutivo”, ensinou. O companheiro Omar Al-Bashir, por exemplo, é ditador do Sudão há apenas 20 anos. Antes de pensar em eleições diretas, liberdade de expressão e outras miudezas adiáveis, precisa resolver urgências muito mais prementes. É o caso da guerra de extermínio movida contra a província de Darfur. Só não terminou ainda porque as entidades humanitárias que ele acabou de expulsar do país insistiam em reduzir o tamanho do genocídio.
Em março, o tribunal internacional de Haia decretou a prisão, por crimes contra a Humanidade, do sudanês de altíssima periculosidade. Será recebido como estadista amigo caso visite o País do Carnaval. ”O Brasil não se envolve em problemas de outros países”, recitou na Líbia o chanceler Celso Amorim.
Como se Honduras fosse outra praia da Bahia que acabou de ser descoberta por colunáveis paulistas. Direto ao Ponto - Revista Veja
Nenhum comentário:
Postar um comentário