Grande parte dos chineses ainda nem entende do que tratam os conceitos de democracia e liberdade, o que dificulta qualquer movimento de abertura política, na opinião de autores chineses que participam da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), no litoral sul fluminense.
Para ilustrar a questão, a jornalista e escritora chinesa Xinran contou uma conversa que teve com uma camponesa no interior de seu país. "Dei a ela três opções: se ela preferiria terra e dinheiro; um marido e filhos saudáveis; ou democracia e liberdade", contou.
O problema é que em chinês a palavra liberdade (ziyou) é pronunciada quase como 'óleo de cozinha' (you) enquanto o termo democracia e a expressão 'dois porcos' têm exatamente a mesma pronúncia (min zhu).
"Ela respondeu que queria terra, marido, filhos e dinheiro, mas que porcos e óleo iriam depender da quantidade e do preço. Isso me mostrou como para aquela mulher esses conceitos políticos eram extremamente distantes, irreais e nem passavam pela cabeça dela."
Xinran diz que o grosso do povo chinês precisa primeiro atingir níveis básicos de educação, saúde e qualidade de vida para que possa ser apresentado a esses novos conceitos. Embora o discurso não seja distante daquele utilizado pelo Partido Comunista da China, a jornalista diz que, na prática, seu governo não está fazendo um bom trabalho.
"Antiquados"
"Os dirigentes chineses seguem muito antiquados e ainda isolados do resto do mundo. Há conceitos de desenvolvimento social e humano que eles não entendem e não valorizam", critica.
Durante oito anos, Xinran apresentou na China um programa de rádio que ela mesma criou para dar voz às mulheres do país vitimas de violência. Mas ao tentar publicar esses relatos em livro, se sentiu censurada e acabou indo viver em Londres, em 2002, onde lançou a obra As Boas Mulheres da China.
Na Flip, a chinesa apresentou a edição em português de seu mais recente livro, Testemunhas da China, em que idosos contam suas experiências durante os anos de Mao Tse Tung. Ela dividiu a mesa de debates com outro escritor chinês, Ma Jian, cujo mais recente livro ‘Pequim em Coma’ conta a história dos protestos de 1989 na Praça da Paz Celestial, sob a ótica de uma vítima fictícia do massacre. - "Eu mesmo participei do início do protesto, mas tive que sair de Pequim, por problemas pessoais, antes do dia do massacre", conta.
Desconhecimento
Ma Jian diz que não vê a juventude chinesa de hoje com a mesma ânsia por mudanças daquela que, 20 anos atrás, desafiou os tanques na Praça da Paz Celestial.
"Hoje em dia o jovens só sabem o que faz e o que quer o governo. Muita gente nem sabe que a China é signatária da Declaração Universal dos Direitos Humanos e que tem a obrigação de cumpri-la".
Mas Ma Jian observa que mesmo em 1989 não dava para dizer que os jovens manifestantes estivessem contestando o sistema ou a essência ideológica do Partido Comunista Chinês. - "Era um protesto contra o governo, feito por jovens comunistas que achavam que as coisas tinham que ser diferentes", explica. Da BBC – via Portal G1
EIS O COMUNISMO
Bebês tirados de famílias da China foram vendidos, diz jornal
As autoridades do sudoeste da China estão sendo acusadas por um jornal de tirar bebês de famílias que desrespeitaram a política de controle da natalidade e vender as crianças para adoção por famílias estrangeiras.
Uma investigação do Southern Metropolis, publicação de propriedade do governo, descobriu que cerca de 80 meninas da província de Guizhou foram levadas de suas famílias e vendidas por US$ 3 mil (cerca de R$ 5,8 mil) para estrangeiros. Os bebês, que teriam sido levados pelas autoridades locais, seriam de famílias que não puderam ou se recusaram a pagar as altas multas impostas a casais que têm mais filhos do que o permitido.
Na zona rural da China, as famílias têm permissão para ter dois filhos. Nas áreas urbanas, apenas um filho. Se as famílias da zona rural insistem em ter mais que dois filhos, são obrigadas a pagar cerca de US$ 3 mil, equivalente vários anos da renda familiar de muitos fazendeiros chineses. De acordo com o correspondente da BBC em Pequim Quentin Sommerville, esta política é muito impopular entre os moradores da zona rural.
Confiscadas
Segundo o Southern Metropolis, os bebês foram levados para orfanatos e vendidos como se fossem órfãos para casais dos Estados Unidos e países europeus. As autoridades locais podem ter falsificado documentos para completar a transação, e a taxa da adoção foi dividida entre orfanatos e as autoridades locais, diz o jornal.
Sommerville afirma que o tráfico de crianças é muito frequente na China. Uma diretriz do governo chinês de 2006, que tornou as regras de adoção por estrangeiros mais severas, não teria conseguido amenizar o problema, devido à corrupção local. BBC Brasil
Para ilustrar a questão, a jornalista e escritora chinesa Xinran contou uma conversa que teve com uma camponesa no interior de seu país. "Dei a ela três opções: se ela preferiria terra e dinheiro; um marido e filhos saudáveis; ou democracia e liberdade", contou.
O problema é que em chinês a palavra liberdade (ziyou) é pronunciada quase como 'óleo de cozinha' (you) enquanto o termo democracia e a expressão 'dois porcos' têm exatamente a mesma pronúncia (min zhu).
"Ela respondeu que queria terra, marido, filhos e dinheiro, mas que porcos e óleo iriam depender da quantidade e do preço. Isso me mostrou como para aquela mulher esses conceitos políticos eram extremamente distantes, irreais e nem passavam pela cabeça dela."
Xinran diz que o grosso do povo chinês precisa primeiro atingir níveis básicos de educação, saúde e qualidade de vida para que possa ser apresentado a esses novos conceitos. Embora o discurso não seja distante daquele utilizado pelo Partido Comunista da China, a jornalista diz que, na prática, seu governo não está fazendo um bom trabalho.
"Antiquados"
"Os dirigentes chineses seguem muito antiquados e ainda isolados do resto do mundo. Há conceitos de desenvolvimento social e humano que eles não entendem e não valorizam", critica.
Durante oito anos, Xinran apresentou na China um programa de rádio que ela mesma criou para dar voz às mulheres do país vitimas de violência. Mas ao tentar publicar esses relatos em livro, se sentiu censurada e acabou indo viver em Londres, em 2002, onde lançou a obra As Boas Mulheres da China.
Na Flip, a chinesa apresentou a edição em português de seu mais recente livro, Testemunhas da China, em que idosos contam suas experiências durante os anos de Mao Tse Tung. Ela dividiu a mesa de debates com outro escritor chinês, Ma Jian, cujo mais recente livro ‘Pequim em Coma’ conta a história dos protestos de 1989 na Praça da Paz Celestial, sob a ótica de uma vítima fictícia do massacre. - "Eu mesmo participei do início do protesto, mas tive que sair de Pequim, por problemas pessoais, antes do dia do massacre", conta.
Desconhecimento
Ma Jian diz que não vê a juventude chinesa de hoje com a mesma ânsia por mudanças daquela que, 20 anos atrás, desafiou os tanques na Praça da Paz Celestial.
"Hoje em dia o jovens só sabem o que faz e o que quer o governo. Muita gente nem sabe que a China é signatária da Declaração Universal dos Direitos Humanos e que tem a obrigação de cumpri-la".
Mas Ma Jian observa que mesmo em 1989 não dava para dizer que os jovens manifestantes estivessem contestando o sistema ou a essência ideológica do Partido Comunista Chinês. - "Era um protesto contra o governo, feito por jovens comunistas que achavam que as coisas tinham que ser diferentes", explica. Da BBC – via Portal G1
EIS O COMUNISMO
Bebês tirados de famílias da China foram vendidos, diz jornal
As autoridades do sudoeste da China estão sendo acusadas por um jornal de tirar bebês de famílias que desrespeitaram a política de controle da natalidade e vender as crianças para adoção por famílias estrangeiras.
Uma investigação do Southern Metropolis, publicação de propriedade do governo, descobriu que cerca de 80 meninas da província de Guizhou foram levadas de suas famílias e vendidas por US$ 3 mil (cerca de R$ 5,8 mil) para estrangeiros. Os bebês, que teriam sido levados pelas autoridades locais, seriam de famílias que não puderam ou se recusaram a pagar as altas multas impostas a casais que têm mais filhos do que o permitido.
Na zona rural da China, as famílias têm permissão para ter dois filhos. Nas áreas urbanas, apenas um filho. Se as famílias da zona rural insistem em ter mais que dois filhos, são obrigadas a pagar cerca de US$ 3 mil, equivalente vários anos da renda familiar de muitos fazendeiros chineses. De acordo com o correspondente da BBC em Pequim Quentin Sommerville, esta política é muito impopular entre os moradores da zona rural.
Confiscadas
Segundo o Southern Metropolis, os bebês foram levados para orfanatos e vendidos como se fossem órfãos para casais dos Estados Unidos e países europeus. As autoridades locais podem ter falsificado documentos para completar a transação, e a taxa da adoção foi dividida entre orfanatos e as autoridades locais, diz o jornal.
Sommerville afirma que o tráfico de crianças é muito frequente na China. Uma diretriz do governo chinês de 2006, que tornou as regras de adoção por estrangeiros mais severas, não teria conseguido amenizar o problema, devido à corrupção local. BBC Brasil
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