América Central e o Caribe vivem uma das situações mais paradoxais de toda sua historia: enquanto o "kerenskismo político" trata por todos os meios de dobrar a Honduras anticomunista e empurrá-la para o abismo chavista, o "kerenskismo eclesiástico" estende suas mãos a Cuba comunista para perpetuá-la no lamaçal castrista.
Uma importante comissão de eclesiásticos americanos encabeçada pelo "moderado" cardeal Sean O’Malley, arcebispo de Boston, e integrada pelo monsenhor Thomas Wenski, bispo de Orlando, Florida, monsenhor Oscar Cantu, bispo de San Antonio, Texas, padre Andrew Small, encarregado do episcopado americano para as relações com a Igreja latinoamericana e caribenha, e o padre Jonathan Gaspar, acabaram de fazer uma prolongada visita à ilha-cárcere de Cuba, de 17 a 21 de agosto.
Desde sua chegada à ilha-cárcere, os altos prelados cobraram do presidente Obama a promessa que fizera de "um novo começo" nas relações dos Estados Unidos com Cuba comunista; cobraram que Obama está sendo "muito lento" em cumprir essa promessa de reconciliação com o regime e lhe recomendaram "que não desperdice a oportunidade" de levantar o chamado "embargo" econômico americano. Por Armando Valladares
Não em vão o Granma, órgão oficial do PCC cubano, apresentou essas notícias de uma maneira quase eufórica (cf. Granma, Cuba, Agosto 19, 2009). Ao mesmo tempo, a Rádio Vaticano, citando como fonte o secretário da Conferência dos Bispos de Cuba, monsenhor Juan de Dios Hernández, ressaltou o "clima de amizade e cordialidade" que imperou no encontro dos altos prelados com Ricardo Alarcón, presidente do Parlamento comunista, insistindo na "grande cordialidade" e "diálogo fraterno" (cf. Radio Vaticana, Agosto 22, 2009, ed. em italiano, www.oecumene.radiovaticana.org) entre os Pastores e o representante dos Lobos.
O cardeal O’Malley, quem revelou que viaja a Cuba desde os 20 anos, faltou-lhe pouco para ver milagres nas relações entre a hierarquia da Igreja cubana e os ditadores cubanos, dizendo que existe uma "melhoria notável", mas fez silencio sobre a continuidade da perseguição psicológica, política e policialesca contra os fiéis católicos abandonados por seus Pastores, e contra a população em geral. (cf. Associated Press, Agosto 18, 2009).
Monsenhor Wenski, membro do comitê de política internacional da Conferência de Bispos Católicos dos Estados Unidos, pediu explicitamente o levantamento do "embargo" externo americano, sem dizer uma palavra sobre a causa do problema cubano, que é o implacável "embargo" interno, que já passa de meio século, contra a população cubana (cf. Associated Press, idem, ibíd.). O alto prelado invocou também a "liberdade", não precisamente para os fiéis católicos e para o povo escravizado, e sim para o intercâmbio entre Cuba e Estados Unidos, um meio com o qual o regime conta para não sucumbir economicamente. Por fim, monsenhor Wenski desejou também que "ambas as partes", governo americano e regime comunista, cheguem a um entendimento e conciliação, e concluiu que para ele será preciso que "escutem aos seus melhores anjos" (cf. Granma, idem, ibíd.).
¿Quem poderá ser os “anjos” dos tiranos comunistas de Cuba, aos que ingenuamente monsenhor Wenski invocou como mediadores-iluminadores, se consideramos que o Papa Pio XI, em sua célebre Encíclica "Divini Redemptoris", qualificou o comunismo não somente como "intrinsecamente perverso", mas também como "satânico azote"?
De qualquer maneira, estamos na presença de um dos mais lamentáveis episódios de colaboração comuno-católica, com rosto eclesiokerenskiano, que, do lado americano, se remonta às viagens a Cuba dos "conservadores" cardeais Law, de Boston e O’Connor, de Nova York, com suas respectivas entrevistas com o ditador Castro e suas posteriores declarações elogiosas com relação a esse tirano. Tudo forma parte de uma sucessão de acontecimentos que foi narrada cronologicamente e devidamente documentada em um livro editado por exilados cubanos, e que agora alcança sua maior atualidade (cf., "Duas décadas de progressivo acercamento comuno-católico na ilha-presídio do Caribe", Cubanos Desterrados, Miami-Nova York, 1990).
O kerenskismo eclesiástico simula ignorar a causa do problema cubano, que é o implacável "embargo interno" do regime comunista contra toda a população cubana, e dessa maneira desvia a atenção e as críticas para os efeitos da instauração do regime comunista na ilha-cárcere, o chamado "embargo externo". É a triste cena de Pastores que fortalecem os lobos e deixam as ovelhas famintas e indefensas.
Assim também, o kerenskismo político finge ignorar a raiz do problema hondurenho, as reiteradas ações inconstitucionais do destituído presidente Zelaya para chavizar Honduras, com eleições populistas a margem da Constituição, das leis e do sistema eleitoral, que lhe permitiriam perpetuar-se no poder e impor o chamado "socialismo do século XXI", que não é senão um sucedâneo do moribundo regime castro-comunista.
O recente informe da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da OEA sobre Honduras, que acaba de visitar esse país, é o mais recente exemplo de uma larga sucessão de parcialidades, marcadas por dois indignos pesos e medidas que fundem em um desprestigio moral maior ainda à OEA e aos governos dos países que se prestam a essas manobras. Se os membros da CIDH reconhecem o destituído presidente Zelaya como o legítimo presidente, essa é uma razão a mais para analisar com honestidade e imparcialidade não somente as alegadas violações de direitos do atual governo e, sobretudo, para sinalizar a causa do problema que radica nas atitudes inconstitucionais de Zelaya, o verdadeiro e grande responsável pela encruzilhada na qual se encontra Honduras, assim como de similar maneira os ditadores Castro são os maiores responsáveis pela tragédia de Cuba.
Escrevo este artigo em horas previas à chegada a Honduras de uma comissão de chanceleres e em momentos em que a Corte Suprema de Justiça de Honduras emitiu um importante pronunciamento, no qual se afirma, entre outros aspectos, que "a aplicação do plano San José só poderá ser feita com o apego à legislação nacional"; e adverte que os juízos principiados por delitos contra a forma de governo, traição à pátria, abuso de autoridade e usurpação de funções devem realizar-se, porque, em caso contrario, "seria um autêntico contra-senso que a busca e construção de acordos em um estado de direito se realizasse violentando ou deixando de lado a Constituição e as leis" (cf. El Heraldo, Tegucigalpa, Agosto 22, 2009).
O kerenskismo político e o kerenskismo eclesiástico formam neste momento, independentemente das intenções de seus protagonistas, os dois dentes de uma mesma tenaz que se esgrime contra a causa da liberdade em Honduras e Cuba, mas também na Venezuela, Bolívia e Equador. Inclusive, o chamado "eixo do mal" só conseguiu avançar na América Latina pela complacência e o apoio às vezes implícito às vezes explícito do "eixo kerenskista" o "eixo da moderação" dos Obamas, Insulzas, Arias e Lulas.
Alexander Fyodorovich Kerensky (1881-1970), um socialista "moderado", ocupou o cargo de último Presidente da Rússia antes da revolução bolchevique em outubro 1917, tendo preparado a tomada de poder por parte do comunismo com sua política de concessões e, segundo alguns historiadores, até de traições.
O espectro de Alexander Fyodorovich Kerensky parece ter voltado a rondar nas Américas, por onde vaga periodicamente desde que se "encarnou" no presidente chileno Eduardo Frei Montalván, quem pavimentou o caminho ao comunismo allendista e passou para a História com a merecida marca de "o Kerensky chileno" estampada indelevelmente em sua frente. Tive ocasião de escrever um aspecto desse delicado problema no recente artigo "Kerenskismo obamista, Honduras e abismo chavista" (cf. Diário Las Américas, Miami, EUA, Julio 24, 2009; EL HERALDO de Tegucigalpa, Honduras, Julio 23, 2009; Destaque Internacional, Internet, Julio 21, 2009; o texto reproduzido e multiplicado na internet em vários idiomas, inclusive em lituano, com a ajuda de uma rede de voluntários, através de milhares de blogs, twitters, facebooks, orkuts e páginas web de más de 30 países, especialmente, do Brasil).
Mas o espectro de Kerensky rouba em outros importantes governos e chancelarias das Américas, o qual, dependendo das circunstancias, poderá ser motivo dos próximos artigos-denúncia, todos os que sejam necessários, doa a quem doer – se bem que invariavelmente escritos de maneira respeitosa e documentados.
Que a Providência ajude e fortaleça os defensores da liberdade em Honduras, em Cuba e no resto das Américas, mas, neste momento crucial, especialmente aos hondurenhos, dando-lhes o cêntuplo do espírito que deu a David em sua desigual luta contra Golias – El Heraldo
Tradução de Arthur para o MOVCC – Nós traduzimos o texto Kerenskismo obamista, citado pelo autor, em 25 de julho passado
Uma importante comissão de eclesiásticos americanos encabeçada pelo "moderado" cardeal Sean O’Malley, arcebispo de Boston, e integrada pelo monsenhor Thomas Wenski, bispo de Orlando, Florida, monsenhor Oscar Cantu, bispo de San Antonio, Texas, padre Andrew Small, encarregado do episcopado americano para as relações com a Igreja latinoamericana e caribenha, e o padre Jonathan Gaspar, acabaram de fazer uma prolongada visita à ilha-cárcere de Cuba, de 17 a 21 de agosto.
Desde sua chegada à ilha-cárcere, os altos prelados cobraram do presidente Obama a promessa que fizera de "um novo começo" nas relações dos Estados Unidos com Cuba comunista; cobraram que Obama está sendo "muito lento" em cumprir essa promessa de reconciliação com o regime e lhe recomendaram "que não desperdice a oportunidade" de levantar o chamado "embargo" econômico americano. Por Armando Valladares
Não em vão o Granma, órgão oficial do PCC cubano, apresentou essas notícias de uma maneira quase eufórica (cf. Granma, Cuba, Agosto 19, 2009). Ao mesmo tempo, a Rádio Vaticano, citando como fonte o secretário da Conferência dos Bispos de Cuba, monsenhor Juan de Dios Hernández, ressaltou o "clima de amizade e cordialidade" que imperou no encontro dos altos prelados com Ricardo Alarcón, presidente do Parlamento comunista, insistindo na "grande cordialidade" e "diálogo fraterno" (cf. Radio Vaticana, Agosto 22, 2009, ed. em italiano, www.oecumene.radiovaticana.org) entre os Pastores e o representante dos Lobos.
O cardeal O’Malley, quem revelou que viaja a Cuba desde os 20 anos, faltou-lhe pouco para ver milagres nas relações entre a hierarquia da Igreja cubana e os ditadores cubanos, dizendo que existe uma "melhoria notável", mas fez silencio sobre a continuidade da perseguição psicológica, política e policialesca contra os fiéis católicos abandonados por seus Pastores, e contra a população em geral. (cf. Associated Press, Agosto 18, 2009).
Monsenhor Wenski, membro do comitê de política internacional da Conferência de Bispos Católicos dos Estados Unidos, pediu explicitamente o levantamento do "embargo" externo americano, sem dizer uma palavra sobre a causa do problema cubano, que é o implacável "embargo" interno, que já passa de meio século, contra a população cubana (cf. Associated Press, idem, ibíd.). O alto prelado invocou também a "liberdade", não precisamente para os fiéis católicos e para o povo escravizado, e sim para o intercâmbio entre Cuba e Estados Unidos, um meio com o qual o regime conta para não sucumbir economicamente. Por fim, monsenhor Wenski desejou também que "ambas as partes", governo americano e regime comunista, cheguem a um entendimento e conciliação, e concluiu que para ele será preciso que "escutem aos seus melhores anjos" (cf. Granma, idem, ibíd.).
¿Quem poderá ser os “anjos” dos tiranos comunistas de Cuba, aos que ingenuamente monsenhor Wenski invocou como mediadores-iluminadores, se consideramos que o Papa Pio XI, em sua célebre Encíclica "Divini Redemptoris", qualificou o comunismo não somente como "intrinsecamente perverso", mas também como "satânico azote"?
De qualquer maneira, estamos na presença de um dos mais lamentáveis episódios de colaboração comuno-católica, com rosto eclesiokerenskiano, que, do lado americano, se remonta às viagens a Cuba dos "conservadores" cardeais Law, de Boston e O’Connor, de Nova York, com suas respectivas entrevistas com o ditador Castro e suas posteriores declarações elogiosas com relação a esse tirano. Tudo forma parte de uma sucessão de acontecimentos que foi narrada cronologicamente e devidamente documentada em um livro editado por exilados cubanos, e que agora alcança sua maior atualidade (cf., "Duas décadas de progressivo acercamento comuno-católico na ilha-presídio do Caribe", Cubanos Desterrados, Miami-Nova York, 1990).
O kerenskismo eclesiástico simula ignorar a causa do problema cubano, que é o implacável "embargo interno" do regime comunista contra toda a população cubana, e dessa maneira desvia a atenção e as críticas para os efeitos da instauração do regime comunista na ilha-cárcere, o chamado "embargo externo". É a triste cena de Pastores que fortalecem os lobos e deixam as ovelhas famintas e indefensas.
Assim também, o kerenskismo político finge ignorar a raiz do problema hondurenho, as reiteradas ações inconstitucionais do destituído presidente Zelaya para chavizar Honduras, com eleições populistas a margem da Constituição, das leis e do sistema eleitoral, que lhe permitiriam perpetuar-se no poder e impor o chamado "socialismo do século XXI", que não é senão um sucedâneo do moribundo regime castro-comunista.
O recente informe da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da OEA sobre Honduras, que acaba de visitar esse país, é o mais recente exemplo de uma larga sucessão de parcialidades, marcadas por dois indignos pesos e medidas que fundem em um desprestigio moral maior ainda à OEA e aos governos dos países que se prestam a essas manobras. Se os membros da CIDH reconhecem o destituído presidente Zelaya como o legítimo presidente, essa é uma razão a mais para analisar com honestidade e imparcialidade não somente as alegadas violações de direitos do atual governo e, sobretudo, para sinalizar a causa do problema que radica nas atitudes inconstitucionais de Zelaya, o verdadeiro e grande responsável pela encruzilhada na qual se encontra Honduras, assim como de similar maneira os ditadores Castro são os maiores responsáveis pela tragédia de Cuba.
Escrevo este artigo em horas previas à chegada a Honduras de uma comissão de chanceleres e em momentos em que a Corte Suprema de Justiça de Honduras emitiu um importante pronunciamento, no qual se afirma, entre outros aspectos, que "a aplicação do plano San José só poderá ser feita com o apego à legislação nacional"; e adverte que os juízos principiados por delitos contra a forma de governo, traição à pátria, abuso de autoridade e usurpação de funções devem realizar-se, porque, em caso contrario, "seria um autêntico contra-senso que a busca e construção de acordos em um estado de direito se realizasse violentando ou deixando de lado a Constituição e as leis" (cf. El Heraldo, Tegucigalpa, Agosto 22, 2009).
O kerenskismo político e o kerenskismo eclesiástico formam neste momento, independentemente das intenções de seus protagonistas, os dois dentes de uma mesma tenaz que se esgrime contra a causa da liberdade em Honduras e Cuba, mas também na Venezuela, Bolívia e Equador. Inclusive, o chamado "eixo do mal" só conseguiu avançar na América Latina pela complacência e o apoio às vezes implícito às vezes explícito do "eixo kerenskista" o "eixo da moderação" dos Obamas, Insulzas, Arias e Lulas.
Alexander Fyodorovich Kerensky (1881-1970), um socialista "moderado", ocupou o cargo de último Presidente da Rússia antes da revolução bolchevique em outubro 1917, tendo preparado a tomada de poder por parte do comunismo com sua política de concessões e, segundo alguns historiadores, até de traições.
O espectro de Alexander Fyodorovich Kerensky parece ter voltado a rondar nas Américas, por onde vaga periodicamente desde que se "encarnou" no presidente chileno Eduardo Frei Montalván, quem pavimentou o caminho ao comunismo allendista e passou para a História com a merecida marca de "o Kerensky chileno" estampada indelevelmente em sua frente. Tive ocasião de escrever um aspecto desse delicado problema no recente artigo "Kerenskismo obamista, Honduras e abismo chavista" (cf. Diário Las Américas, Miami, EUA, Julio 24, 2009; EL HERALDO de Tegucigalpa, Honduras, Julio 23, 2009; Destaque Internacional, Internet, Julio 21, 2009; o texto reproduzido e multiplicado na internet em vários idiomas, inclusive em lituano, com a ajuda de uma rede de voluntários, através de milhares de blogs, twitters, facebooks, orkuts e páginas web de más de 30 países, especialmente, do Brasil).
Mas o espectro de Kerensky rouba em outros importantes governos e chancelarias das Américas, o qual, dependendo das circunstancias, poderá ser motivo dos próximos artigos-denúncia, todos os que sejam necessários, doa a quem doer – se bem que invariavelmente escritos de maneira respeitosa e documentados.
Que a Providência ajude e fortaleça os defensores da liberdade em Honduras, em Cuba e no resto das Américas, mas, neste momento crucial, especialmente aos hondurenhos, dando-lhes o cêntuplo do espírito que deu a David em sua desigual luta contra Golias – El Heraldo
Tradução de Arthur para o MOVCC – Nós traduzimos o texto Kerenskismo obamista, citado pelo autor, em 25 de julho passado
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