Um dia após a discussão em plenário, o Collor continuou com a baixaria contra o senador o Pedro Simon (PMDB-RS). O peemedebista estaria disposto a entrar com uma representação na Corregedoria do Senado contra o senador do “aquilo roxo”. Ao ser perguntado sobre o que achava da atitude de Simon, Collor disse à TV Globo sem completar - “Ah, manda ele...” – O Congresso adquiriu a fuça e o bodum de Lula, daí seu elogio e parabéns ao Collor. Por Arthur/Gabriela
Duas semanas depois de elogiar em público o senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL), na inauguração de uma obra em Alagoas, ontem foi a vez de o Lula da Silva afagá-lo numa audiência fechada no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). Segundo relato de integrantes da base governista no Senado, Lula parabenizou o parlamentar, por quem foi derrotado na eleição presidencial de 1989, pela atuação em defesa da permanência de José Sarney (PMDB-AP) no comando do Congresso. Na última segunda-feira, Collor liderou a ofensiva de intimidação deflagrada por aliados de Sarney contra os adversários do peemedebista na Casa. Daniel Pereira e Tiago Pariz
Enérgico como nos velhos tempos de campanha presidencial, Collor chegou a mandar o senador Pedro Simon (PMDB-RS) “engolir” e “digerir” as palavras antes de pronunciar seu nome. Na reunião de ontem, Lula estendeu os elogios ao líder do PMDB Renan Calheiros (PMDB-AL), outro protagonista do bate-boca com o parlamentar gaúcho, e ao senador Wellington Salgado (PMDB-RJ), um dos soldados mais fiéis da tropa de choque aliada ao Planalto. Para Lula, a atuação de segunda-feira deve servir de exemplo, ao mostrar uma bancada disposta a “comprar briga” e a trabalhar pela vitória da coalizão governista na eleição de 2010.
Desde o início da crise, o presidente da República opera para blindar Sarney. Com isso, espera estreitar os laços do PMDB com a candidatura da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. E, ao mesmo tempo, afastar o maior partido do país da corte feita por PSDB e DEM, que estão à frente da operação “fora, Sarney”. Ontem, Lula repetiu a Collor esse raciocínio. Aproveitou ainda para pedir ajuda na CPI da Petrobras. A meta é manter a comissão sob controle, a fim de impedir prejuízos nos investimentos da empresa e na candidatura da “mãe do PAC”. “Neoaliado” de Dilma, Collor está fechado com o Planalto também nessa queda de braço, conforme colegas do PTB. Correio Braziliense –
IMAGENS DO LODAÇAL
Primeira imagem: Lula da Silva abraça Fernando Collor
Ajuda-memória: Fernando Collor de Mello vem a ser aquele cidadão que, além de ter sido o único presidente afastado do cargo por falta de decoro em um país em que o decoro é artigo raríssimo, pagou a uma mulher para dizer na televisão que seu adversário (justamente Lula, naquele momento) quis obrigá-la a abortar da filha que ambos tiveram (Lurian).
Esse tipo de atitude é tão indecente, indecorosa, delinquencial que desqualifica qualquer pessoa para a vida pública (a rigor, também para a vida privada). Não é, portanto, passível de perdão.
Lula até poderia aceitar o apoio de Collor para fazer parte da maioria governista. Aceitou o apoio de tantos outros desqualificados que, um a mais, um a menos, nem se notaria. Daí, no entanto, a abraçá-lo publicamente e a elogiá-lo vai uma distância que, percorrida, desqualifica também a vítima de antes.
Segunda imagem, a de ontem: Fernando Collor de Mello cumprimenta José Sarney.
Ajuda-memória: Fernando Collor de Mello vem a ser aquele cidadão que com maior virulência atacou o governo Sarney, a ponto de chamá-lo de ladrão, pelo que jamais pediu desculpas.
Sarney nunca escondeu o profundo rancor que sentia pelo seu desafeto, que, aliás, só se elegeu porque era o mais vociferante crítico de um presidente que batia recordes de impopularidade. Ao abraçar Collor e aceitá-lo na sua tropa de choque, Sarney implicitamente dá atestado de validade aos ataques do Collor de 1989 e, por extensão, junta-se a ele na lama.
Que Collor, o indecoroso com condenação tramitada em julgado, ressurja com os mesmos tiques e indecências de antes compõe à perfeição o lodaçal putrefato que é a política brasileira. Clóvis Rossi - Folha de S. Paulo –
“SAÍA FOGO DOS OLHOS DE COLLOR"
Simon disse ter lembrado do pai do senador, que matou colega
Um dia após enfrentar a dupla Renan Calheiros (PMDB-AL) e Fernando Collor (PTB-AL), o senador Pedro Simon (PMDB-RS) contou ontem que teve medo do olhar transtornado do ex-presidente da República, que, durante as quase duas horas de embate, ficou logo abaixo da tribuna olhando em sua direção.
Simon disse que em vários momentos lhe passou pela memória a cena da tragédia que abalou Brasília na década de 60, quando o pai de Collor, o então senador Arnon de Mello, assassinou, com um tiro no peito, o senador acreano José Kairala, em plena tribuna.
Segundo registros da época, Arnon disparou três tiros contra seu inimigo político, Silvestre Péricles, a 5 metros de distância. Errou todos, mas atingiu José Kairala, suplente que estava no último dia de mandato. Apesar do flagrante, a imunidade livrou o senador de punição. — É incrível! Me veio a imagem do pai do Collor. O pai dele errou o tiro. Mas ele estava ali (anteontem) bem perto, em linha reta, logo abaixo de mim! Foi assustador, saía fogo dos olhos do senador Fernando Collor. E eu não falei nada demais dele; quando vi, ele entrou correndo, completamente transtornado! - O Globo –
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