Polícia de Caracas prende Cônsul e mais 50 colombianos

CÔNSUL FOI DETIDA ILEGALMENTE JUNTO COM OUTROS 50 COLOMBIANOS

A cônsul colombiana em Caracas, María Elvira Cabello, e outros 50 compatriotas foram agredidos e detidos ontem a tarde pela polícia venezuelana no bairro El Catía, subúrbio da capital, informaram os meios locais e fontes da chancelaria.

A Cônsul e outras pessoas de seu consulado se encontravam nesse bairro realizando trabalhos de documentação com os residentes colombianos quando, segundo a diplomática, os agentes de Chávez chegaram ordenando que o trabalho junto aos residentes colombianos fosse encerrado.

Segundo as denúncias, esses agentes agrediram verbalmente a cônsul e levaram um computador da delegação diplomática, documentos e certificados de nascimento.

Ao menos 50 colombianos e a cônsul foram detidos e levados para uma sede policial em Caracas, em um caminhão da força militar venezuelana. Segundo o Notícias24, mais de 20 desses colombianos continuam detidos, de acordo com as últimas informações. A cônsul já está em liberdade. Ela explicou que todos os detidos foram despojados de seus documentos de identidade.

A cônsul denunciou à emissora colombiana Caracol Radio que a Venezuela violou a imunidade diplomática. "Se violou a imunidade diplomática ao confiscarem nossos computadores, papeis e documentos de identificação”. Tradução de Arthur para o MOVCC - Fontes: Notícias24, El País, El Tiempo



ESCRITOR BRASILEIRO É TORTURADO PSICOLOGICAMENTE NA VENEZUELA
O escritor brasileiro Paulo Sandrini descobriu no último dia 8 de agosto o que passam os intelectuais contrários ao governo de Hugo Chávez, na Venezuela. O autor, que atualmente mora em Curitiba, foi convidado para um ciclo de debates intitulado "Violenta Imaginación", promovido pelo Instituto Cultural Brasil Venezuela.

Durante o evento, tudo correu tranquilamente. O autor, bem como outros participantes do evento, debateram, entre outros assuntos, a violência política e institucional que ocorre na Venezuela. O problema se deu quando o autor se preparava para deixar o país, prestes a embarcar no avião no Aeroporto Internacional Simón Bolivar de Maiquetía.

Sandrini teve sua maleta de viagem de mão solicitada por militares e pelos profissionais da alfândega, para passar pelo scan antidrogas. Como não encontraram nada, os militares, que também apreenderam seu passaporte, passaram sua mala novamente pela máquina. Fizeram este exame ainda uma terceira vez, até perceberem que o autor – colaborador de importantes publicações, como o jornal de crítica literária Rascunho – estava em jejum, num diálogo muito parecido com este.

– Você comeu, cidadão?
– Não.
– Seu estômago está vazio.
– Não me diga. São seis e meia [da manhã]. Saí às cinco do meu hotel. Àquela hora nem o rapaz da recepção estava acordado.
– Aí. Caiu. Pst, epa, guarda, temos aqui uma mula.

Foi a deixa para que o constrangimento tomasse tons de tortura psicológica.

Levado a um local reservado no aeroporto, ficou detido por meia hora até que os militares decidiram levá-lo a um hospital público, para fazer chapas de raio-x no autor e constatar se ele, de fato, não portava drogas em seu corpo. Sandrini contou ao site venezuelano TalCualDigital que os militares, antes de chegar ao hospital, passaram por diversos lugares, sem no entanto responder a qualquer questionamento feito pelo escritor.

"Antes de ir ao hospital, os oficiais paravam a todo instantes em vários lugares, em busca de comida, jogos e bebidas. Ainda paravam de maneira desnecessária no acostamento, com o intuito de atrasar o voo ainda mais do que já estava, e me colocar em uma situação de terror. Era uma violência psicológica contra mim, uma "violência institucional", sobre a qual tínhamos debatido com os alunos da oficina literária. Mas fiquei tranquilo e lia um livro no carro da polícia, o que para eles foi um tanto incômodo", relatou Sandrini.

Durante todo o tempo, o escritor não teve permissão para fazer ligações telefônicas. Após dois exames, que deram negativo, ele ainda passou por uma tentativa de suborno pelo motorista do veículo oficial, que estava em trajes civis, insinuando ser Sandrini um narcotraficante — situação da qual se livrou apenas por confrontar tal insinuação em voz alta, o que calou o motorista. Conformados, os militares levaram Paulo Sandrini de volta ao aeroporto. Após ligações telefônicas, Sandrini precisou assinar um termo antes do embarque, atestando não ter sido fisicamente molestado ou agredido.

Poucos jornais venezuelanos, nenhum deles ligado ao governo Chávez, e alguns blogs noticiaram o ocorrido.

Update: Poucos de vocês talvez conheçam Paulo Sandrini. Ele é editor da Kafka Edições, casa publicadora de Curitiba que, entre outros, tem em seu catálogo Marcelo Benvenutti, Luis Felipe Leprevost e Manoel Carlos Karam. É autor dos livros “O estranho hábito de dormir em pé (2003), Códice d’incríveis objetos & histórias de lebensraum (2005) e Osculum Obscenum (2008)”. Também é colaborador costumaz do jornal de crítica literária Rascunho. Blog Paralelos – O Globo

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