Depois do escândalo das fitas de vídeo do “Mono Joy”, afirmando que as Farc capitalizaram a campanha presidencial de Rafael Correa, as acusações de tráfico de influência que recaiam sobre sua administração, agora ganham um contorno ainda mais crítico com seu irmão Fabrício dando os detalhes, publicamente, sobre os contratos de suas empresas com o Estado. As últimas pesquisas do instituto Cedatos-Gallup, feitas em julho, já apontavam o impacto desses dois escândalos na credibilidade de Correa, cuja aprovação despencou 15%, chegando a 46%, o ponto mais baixo desde que assumiu o cargo. Com essa briga escancarada, expondo as vísceras do governo, provavelmente as coisas piorem ainda mais. Talvez, por isto, Correa tenha ido a Cuba fazer uma providencial cirurgia no joelho, além de tentar amordaçar a imprensa equatoriana. Por Arthur/Gabriela
APÓS ESTADO ROMPER CONTRATOS COM SUAS EMPRESAS, FABRÍCIO ACUSA PUBLICAMENTE CORREA
Após quase três anos à frente da presidência do Equador, o economista Rafael Correa tem de enfrentar agora uma oposição inusitada e capaz de arranhar sua imagem política: seu irmão mais velho, Fabrício. O confronto em família, que estourou com um escândalo de corrupção e favorecimento, desponta como uma antecipação da disputa presidencial de 2013, segundo analistas. Mas até o momento, a rixa entre os irmãos limitou-se a bate-bocas que constrangem a conservadora sociedade equatoriana. Denise Chrispim Marin
O imbróglio começou com a vitória de sete empresas controladas por Fabrício ou vinculadas comercialmente a ele, como a Megamaq e a Quality, em licitações conduzidas pelos ministérios de Transporte e Obras Públicas e de Habitação e por três estatais - a Predesur, a Petroecuador e a Hidrolitoral.
No total, as obras somam US$ 167,4 milhões, segundo a Controladoria-Geral do Estado.
Denunciados pela imprensa equatoriana por favorecer um parente do presidente, os contratos foram unilateralmente rompidos pelos órgãos públicos, por determinação de Rafael Correa.
Anunciada há dez dias, uma decisão da Controladoria-Geral respaldou a decisão do presidente. O órgão constatou que houve irregularidades nos contratos, pois eles desrespeitaram a Lei de Licitações Públicas, que proíbe a participação de parentes de autoridades do Executivo em concorrências do Estado. Mas, então, a guerra judicial estourou.
Até a semana passada, Fabrício havia entrado com cinco processos contra o governo de seu irmão, por quebra de contrato. Fabrício exigia indenização de US$ 37,8 milhões por "prejuízos acumulados".
Na quinta-feira, o procurador Diego Garcia concluiu que o pedido de indenização não tem base legal. Mesmo assim, o advogado Joffre Campana, defensor de Fabrício, sustenta nos tribunais que a Lei de Licitação Pública não proíbe os órgãos públicos de contratar companhias cujos acionistas sejam parentes de autoridades.
Mais agressiva, entretanto, é a defesa feita pelo próprio Fabrício: ele declarou à imprensa que seu irmão sabia da participação de suas empresas nas concorrências públicas.
"Falamos em várias reuniões de família e no Palácio Carondelet (sede do governo) sobre esses temas, e ficou claro. Ele (Rafael) sabia de tudo e até me disse que era legal", afirmou.
O presidente, que não entrou no mérito de seu suposto conhecimento das irregularidades, rebateu publicamente. "Tenho clara a minha responsabilidade histórica, independentemente do custo pessoal que isso implique. Os contratos de meu irmão serão rompidos porque a lei proibia o irmão do presidente de fazer contratos (com empresas públicas)", disse em seu programa de televisão, no dia 12.
Na semana passada, a temperatura aumentou. Fabrício passou a atacar o "círculo rosa" que ele disse ter se formado em torno do presidente, referindo-se a uma definição corrente no Equador sobre políticos brancos por fora e vermelhos por dentro.
O irmão mais velho do presidente também acusou o governo de valer-se de métodos prepotentes, de persegui-lo politicamente e de adotar experiências comunistas fracassadas no país. "Não se votou pelo comunismo do século 21, mas por um presidente bom, com base na doutrina da Igreja e do bem-estar", declarou Fabrício.
Em resposta às acusações, a Promotoria equatoriana convocou o irmão mais velho do presidente para que apontasse quem são as pessoas que o estariam perseguindo e quais seriam seus atos ilegais. Na quarta-feira, dia marcado para o depoimento, Fabrício não apareceu, alegando que não havia sido notificado. O Estado de S. Paulo
APÓS ESTADO ROMPER CONTRATOS COM SUAS EMPRESAS, FABRÍCIO ACUSA PUBLICAMENTE CORREA
Após quase três anos à frente da presidência do Equador, o economista Rafael Correa tem de enfrentar agora uma oposição inusitada e capaz de arranhar sua imagem política: seu irmão mais velho, Fabrício. O confronto em família, que estourou com um escândalo de corrupção e favorecimento, desponta como uma antecipação da disputa presidencial de 2013, segundo analistas. Mas até o momento, a rixa entre os irmãos limitou-se a bate-bocas que constrangem a conservadora sociedade equatoriana. Denise Chrispim Marin
O imbróglio começou com a vitória de sete empresas controladas por Fabrício ou vinculadas comercialmente a ele, como a Megamaq e a Quality, em licitações conduzidas pelos ministérios de Transporte e Obras Públicas e de Habitação e por três estatais - a Predesur, a Petroecuador e a Hidrolitoral.
No total, as obras somam US$ 167,4 milhões, segundo a Controladoria-Geral do Estado.
Denunciados pela imprensa equatoriana por favorecer um parente do presidente, os contratos foram unilateralmente rompidos pelos órgãos públicos, por determinação de Rafael Correa.
Anunciada há dez dias, uma decisão da Controladoria-Geral respaldou a decisão do presidente. O órgão constatou que houve irregularidades nos contratos, pois eles desrespeitaram a Lei de Licitações Públicas, que proíbe a participação de parentes de autoridades do Executivo em concorrências do Estado. Mas, então, a guerra judicial estourou.
Até a semana passada, Fabrício havia entrado com cinco processos contra o governo de seu irmão, por quebra de contrato. Fabrício exigia indenização de US$ 37,8 milhões por "prejuízos acumulados".
Na quinta-feira, o procurador Diego Garcia concluiu que o pedido de indenização não tem base legal. Mesmo assim, o advogado Joffre Campana, defensor de Fabrício, sustenta nos tribunais que a Lei de Licitação Pública não proíbe os órgãos públicos de contratar companhias cujos acionistas sejam parentes de autoridades.
Mais agressiva, entretanto, é a defesa feita pelo próprio Fabrício: ele declarou à imprensa que seu irmão sabia da participação de suas empresas nas concorrências públicas.
"Falamos em várias reuniões de família e no Palácio Carondelet (sede do governo) sobre esses temas, e ficou claro. Ele (Rafael) sabia de tudo e até me disse que era legal", afirmou.
O presidente, que não entrou no mérito de seu suposto conhecimento das irregularidades, rebateu publicamente. "Tenho clara a minha responsabilidade histórica, independentemente do custo pessoal que isso implique. Os contratos de meu irmão serão rompidos porque a lei proibia o irmão do presidente de fazer contratos (com empresas públicas)", disse em seu programa de televisão, no dia 12.
Na semana passada, a temperatura aumentou. Fabrício passou a atacar o "círculo rosa" que ele disse ter se formado em torno do presidente, referindo-se a uma definição corrente no Equador sobre políticos brancos por fora e vermelhos por dentro.
O irmão mais velho do presidente também acusou o governo de valer-se de métodos prepotentes, de persegui-lo politicamente e de adotar experiências comunistas fracassadas no país. "Não se votou pelo comunismo do século 21, mas por um presidente bom, com base na doutrina da Igreja e do bem-estar", declarou Fabrício.
Em resposta às acusações, a Promotoria equatoriana convocou o irmão mais velho do presidente para que apontasse quem são as pessoas que o estariam perseguindo e quais seriam seus atos ilegais. Na quarta-feira, dia marcado para o depoimento, Fabrício não apareceu, alegando que não havia sido notificado. O Estado de S. Paulo
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