Lula e as estrelas

Enquanto surfa nas ondas do pré-sal, Lula, risonho camelô de ilusões, esquece os amigos usineiros da cana-de-açúcar e desgruda-se do etanol. Desde o pré-sal, alguém ouviu Lula falar em etanol? Muita gente acha que o programa do etanol, de energia renovável, morreu.

Lula gosta de fazer visagem para a arquibancada, mesmo sob o risco de fugir à realidade, como a patranha de que fechara a compra de aviões da França, sem tê-lo feito. Logo repetirão que não somos um país sério.

O sucesso popular subiu-lhe à cabeça. Ele deve estar pensando em novo mandato, pois sua candidata, Dilma Rousseff, não emplaca. Mas três presidentes latino-americanos — Uribe (Colômbia), Rafael (Equador) e Chávez (Venezuela) — obtiveram de seus congressos, facilmente, o direito de disputarem nova reeleição. Rubem Azevedo Lima

Em Honduras, onde os congressistas rejeitaram essa tese, a Justiça ratificou tal decisão e o presidente disposto a reeleger-se, na marra, foi exilado. Mas esse desfecho foi julgado golpismo pela OEA, por Lula, que tomou represálias contra aquele país, e pelo presidente Obama, dos EUA, embora Hillary Clinton aliviasse tal acusação.

Depois disso, ninguém diz que Lula, o “cara” de Obama, e papai-noel dos vizinhos pobres antes do pré-sal, não quer candidatar-se a terceiro mandato com as fabulosas riquezas submarinas, apregoadas sem parar pela propaganda oficial, como se os ovos de ouro da galinha já estivessem disponíveis no Tesouro, ao alcance da politicalha.

Tudo parece favorecer Lula. Diferentemente da hondurenha, nossa Justiça, apesar dos valores que a integram, tem a leniência política de Pôncio Pilatos. Como ignora os atuais abusos eleitorais de Lula, teme-se que a Justiça faça o mesmo quanto aos futuros abusos, entre os quais pode estar a ideia da segunda reeleição presidencial. Por que não?

O horóscopo de Lula — instrumento que nutre devaneios, segundo o filósofo Adorno — favorecia o terceiro mandato até seu encontro com Sarkozy. A mentira dos aviões pode tê-lo prejudicado. Para Adorno, estrela alguma comanda a vida humana. Para o repórter, além de não mentirem, as estrelas não gostam de mentiroso. A menos que seja poeta. Político, não. Correio Braziliense

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