População rejeita fim do Senado, diz pesquisa
Após passar quase todo o ano como palco de uma sucessão de escândalos, o Senado ainda é visto como uma instituição necessária pela maioria da população, segundo pesquisa feita pelo Instituto Análise.
Para Alberto Carlos de Almeida, diretor do Instituto Análise, dificilmente a parcela da população favorável ao fim do Senado ultrapassará a marca dos 35%. A seguir, trechos de entrevista:
Em plena crise, a maioria da população quer manter o Senado como instituição. O que o senhor conclui a partir deste resultado? Por Daniel Bramatti
Minha visão é de que a população tende a separar, quando há uma situação de muitos escândalos recaindo sobre figuras do Senado, a instituição Senado da pessoa física do senador. E preserva a instituição, diz que ela é importante, relevante. Isso fica evidente ao se analisar os resultados de acordo com a escolaridade. Os entrevistados com curso universitário têm uma visão mais institucional do Senado do que os menos escolarizados.
Essa parcela de 35% que vê o Senado como desnecessário não é expressiva?
Eu diria que esse porcentual é o mais alto possível, numa situação muito ruim para o Senado, como a atual. Não consigo imaginar esse porcentual subindo, a não ser que os escândalos fiquem muito piores. Numa situação de normalidade, é de se esperar que esse resultado caia para abaixo de 30%.
A pesquisa revela a força da figura presidencial no Brasil?
Sim. Em termos comparativos, todas as classes sociais atribuem ao governador e ao prefeito um claro papel executivo. No caso do presidente, é diferente. É uma mostra da força do presidente e um certo reconhecimento de que ele tem mesmo um papel legislativo.
Ou seja, não é mera desinformação apontar o presidente como legislador?
Não creio. É um raciocínio na linha de que o presidente faz e acontece. E para isso ele também mexe em leis. Há um padrão de comportamento da Presidência em que a figura do presidente Lula foi importante. É um presidente que chama para si a responsabilidade por quase tudo.
Os vereadores, na pesquisa, são vistos como tão realizadores quanto os prefeitos, como se também tivessem um papel executivo.
Isso é resultado de um certo padrão de comportamento dos próprios vereadores, que, em campanha, dizem "eu trouxe isso para cá, eu construí tal obra". É um discurso recorrente de todos os candidatos a cargos legislativos, com exceção dos senadores. Eles atrelam a atuação na obtenção de verbas à própria realização das obras. O Orçamento prevê determinado recurso para uma ponte, por exemplo. O deputado que é responsável pela inclusão da emenda diz: "Aquela ponte eu fiz, eu consegui os recursos". Execução e legislação orçamentária se confundem na mensagem. O parlamentar acaba fazendo discurso de poder executivo na campanha eleitoral. O Estado de S. Paulo
Após passar quase todo o ano como palco de uma sucessão de escândalos, o Senado ainda é visto como uma instituição necessária pela maioria da população, segundo pesquisa feita pelo Instituto Análise.
Para Alberto Carlos de Almeida, diretor do Instituto Análise, dificilmente a parcela da população favorável ao fim do Senado ultrapassará a marca dos 35%. A seguir, trechos de entrevista:
Em plena crise, a maioria da população quer manter o Senado como instituição. O que o senhor conclui a partir deste resultado? Por Daniel Bramatti
Minha visão é de que a população tende a separar, quando há uma situação de muitos escândalos recaindo sobre figuras do Senado, a instituição Senado da pessoa física do senador. E preserva a instituição, diz que ela é importante, relevante. Isso fica evidente ao se analisar os resultados de acordo com a escolaridade. Os entrevistados com curso universitário têm uma visão mais institucional do Senado do que os menos escolarizados.
Essa parcela de 35% que vê o Senado como desnecessário não é expressiva?
Eu diria que esse porcentual é o mais alto possível, numa situação muito ruim para o Senado, como a atual. Não consigo imaginar esse porcentual subindo, a não ser que os escândalos fiquem muito piores. Numa situação de normalidade, é de se esperar que esse resultado caia para abaixo de 30%.
A pesquisa revela a força da figura presidencial no Brasil?
Sim. Em termos comparativos, todas as classes sociais atribuem ao governador e ao prefeito um claro papel executivo. No caso do presidente, é diferente. É uma mostra da força do presidente e um certo reconhecimento de que ele tem mesmo um papel legislativo.
Ou seja, não é mera desinformação apontar o presidente como legislador?
Não creio. É um raciocínio na linha de que o presidente faz e acontece. E para isso ele também mexe em leis. Há um padrão de comportamento da Presidência em que a figura do presidente Lula foi importante. É um presidente que chama para si a responsabilidade por quase tudo.
Os vereadores, na pesquisa, são vistos como tão realizadores quanto os prefeitos, como se também tivessem um papel executivo.
Isso é resultado de um certo padrão de comportamento dos próprios vereadores, que, em campanha, dizem "eu trouxe isso para cá, eu construí tal obra". É um discurso recorrente de todos os candidatos a cargos legislativos, com exceção dos senadores. Eles atrelam a atuação na obtenção de verbas à própria realização das obras. O Orçamento prevê determinado recurso para uma ponte, por exemplo. O deputado que é responsável pela inclusão da emenda diz: "Aquela ponte eu fiz, eu consegui os recursos". Execução e legislação orçamentária se confundem na mensagem. O parlamentar acaba fazendo discurso de poder executivo na campanha eleitoral. O Estado de S. Paulo
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