Um enfrentamento perigoso que os EUA ajudaram a criar

A DESORDEM EM HONDURAS

Depois de quase três meses no exílio, Manuel Zelaya, o deposto presidente de Honduras, fez um retorno para Tegucigalpa na segunda-feira, tomando refúgio na embaixada brasileira. Ele agora está usando este santuário diplomático para exigir a reintegração e para dar abrigo aos simpatizantes das ruas. Este é um momento perigoso e se estourar a violência, aos EUA não caberá pequena parte da culpa.

Sr. Zelaya foi deposto e deportado depois de agitar protestos nas ruas para apoiar uma reescritura da Constituição de Honduras para que ele pudesse se servir de um segundo mandato. A Constituição proíbe rigorosamente alteração no prazo e nos limites do mandato. Em várias ocasiões ele foi advertido para desistir, e em 28 de junho a Suprema Corte ordenou sua prisão.

Todas as instituições importantes de Honduras apoiaram o movimento, inclusive os membros do Congresso de seu próprio partido político, a Igreja Católica e os direitos humanos do país. Para evitar violência os militares hondurenhos escoltaram o Sr. Zelaya para fora do país. Em outras palavras, seu afastamento do cargo foi legal e constitucional, ainda que sua expulsão do país tenha dado a falsa aparência de um golpe à moda antiga da América Latina. Opinion The Wall Street Journal

Os EUA desde então têm descido solidamente ao lado de Zelaya. Embora tenham apoiado as negociações e pedido calma, o presidente Obama e a secretária de Estado Hillary Clinton insistiram muito que Honduras deveria ignorar as transgressões de Zelaya e seus próprios processos jurídicos, e restaurá-lo como presidente. Os EUA foram tão longe a ponto de cortar a ajuda, pondo em perigo os ativistas de Honduras nos EUA, tirando-lhes os vistos, também impediram membros do sistema judiciário de entrarem no país. Os EUA inclusive ameaçou em não reconhecer as eleições presidenciais previamente agendadas para Novembro a menos que Zelaya seja devolvido ao poder, mesmo que ele não possa concorrer novamente.

Esta pressão diplomática notável contra um pequeno aliado da América Central só reforçou o retorno de Zelaya para o curto compromisso na presidência, com todas as instabilidades e o potencial para a violência que poderia envolver. E também provavelmente o encorajou a apostar no regresso a Honduras sem receio de que a provocação prejudicasse o apoio dos EUA. E até agora não prejudicou mesmo.

Agora que ele está de volta, Zelaya e seus aliados não estão chamando pela calma. Seus simpatizantes reuniram-se na embaixada do Brasil com blocos de concreto, paus e coquetéis Molotov. "A pátria, a restituição ou a morte", gritou aos manifestantes diante da embaixada. Em antecipação aos problemas e com preocupação na segurança pública, o presidente Roberto Micheletti anunciou um toque de recolher. Mas quando a polícia tentou impor o toque de recolher, os zelayistas resistiram e agora há um impasse hondurenho.

Na segunda-feira, Zelaya afirmou que deve seu retorno e a sobrevivência política ao “apoio da comunidade internacional". Ele está recebendo apoio do presidente sandinista da Nicarágua, Daniel Ortega, o ex grupo guerrilheiro FMLN em El Salvador, e especialmente do presidente venezuelano, Hugo Chávez. Mas vamos ser realistas: Nenhum dos que o apóiam significaria muito sem o músculo das sanções diplomáticas dos EUA.

Se os EUA não sabiam sobre o retorno sigiloso de Zelaya ao país, deveriam então sentir-se enganados e parar de apoiá-lo. Agora que ele está de volta em Honduras, a melhor solução para evitar a violência seria os EUA instarem Zelaya a se entregar para as autoridades de Honduras para sua detenção e julgamento.
The Wall Street JournalTradução de Arthur para o MOVCC


COMENTÁRIO
Hillary Clinton declarou ainda hoje, que o melhor a fazer agora é devolverem o poder a Zelaya. Enquanto isto, a embaixada americana em Honduras está levando comida e água para os sitiados na embaixada brasileira, que estão sem luz, sem água e sem comida. Eram mais de 300 pessoas amoitadas lá dentro e, segundo o JN, começaram a ser retiradas em ônibus.


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Um comentário:

Ma. Clara disse...

Deplorável e irresponsável o apoio de Lula ao Chávez, emprestando a Embaixada brasileira para Zelaya fomentar a violência nas ruas de Tegucigalpa. Completamente ilegal no direito internacional. Passível de punição!