A política externa brasileira, nos últimos sete anos, foi bastante coerente. Baseada em uma visão de mundo ultrapassada, foi influenciada desde o início pelas prioridades do Partido dos Trabalhadores (PT). Partidarizada, colocou os interesses do governo acima dos do Estado. Com isso, deixou de ser consensual. O presidente Lula disse em uma das solenidades do Dia do Diplomata que sua política externa se diferencia de todas as anteriores porque dispõe de dois canais de comunicação: um oficial, representado pelo Itamaraty, que interage com outros países em nível de governo; e outro oficioso, exercido pela Assessoria Internacional da Presidência da República, que se articula com os partidos políticos de esquerda nos países de nossa região. Dessa forma, a formulação de políticas voltadas para o processo de integração regional passou a ser influenciada por iniciativas defendidas pelo PT. Por Rubens Barbosa
Nos últimos anos, a América do Sul passou por um rápido processo de transformação política, econômica e social com a emergência de movimentos étnicos e sociais que historicamente haviam sido alijados do poder. Algumas dessas lideranças, como na Venezuela, na Bolívia e no Equador estão buscando refundar seus respectivos Estados e propõem uma nova agenda, não só para a integração regional, como para as relações bilaterais com os EUA, o Brasil e demais países.
O Brasil não soube ler adequadamente o real significado dessas transformações e adotou uma atitude reativa. Sem assumir uma atitude de liderança, o que se viu foi o Brasil ser crescentemente confrontado por políticas e decisões adotadas por esses países contrárias a nossos interesses. Em vista das afinidades políticas e ideológicas do PT com os partidos no poder nesses países e da decisão do governo brasileiro de atuar de maneira solidária – no que se transformou na diplomacia da generosidade –, repetiram-se os exemplos de resultados negativos para nossos interesses. A expropriação de duas refinarias da Petrobras na Bolívia, a expulsão de empresas brasileiras no Equador, a demanda de revisão do Tratado de Itaipu pelo Paraguai foram tratados de maneira tíbia pelo Itamaraty.
O fecho de ouro de toda essa ação diplomática, que está fazendo perder uma grande parte do acervo de conquistas acumulado ao longo de um século de cuidadoso equilíbrio de sensibilidades, foi o lamentável episódio de Honduras. A decisão de acompanhar a aventura venezuelana de levar de volta o ex-presidente Zelaya e dar-lhe abrigo e proteção na embaixada brasileira em Tegucigalpa foi um equívoco. O desenrolar dos acontecimentos está deixando o Brasil em uma posição incômoda e vulnerável. Ao não restringir a atividade política de Zelaya dentro da embaixada, o Brasil está contribuindo para desvirtuar o instituto do asilo político. Além disso, quebrou um dos princípios de nossa política externa: o da não intervenção. Do ponto de vista da política externa, no auge da crise de Honduras, a notícia da filiação do ministro Celso Amorim ao PT fecha o círculo e confirma publicamente a partidarização das ações do Itamaraty. Mais uma bomba de efeito retardado para o futuro governo desarmar. - Estado de Minas
Nos últimos anos, a América do Sul passou por um rápido processo de transformação política, econômica e social com a emergência de movimentos étnicos e sociais que historicamente haviam sido alijados do poder. Algumas dessas lideranças, como na Venezuela, na Bolívia e no Equador estão buscando refundar seus respectivos Estados e propõem uma nova agenda, não só para a integração regional, como para as relações bilaterais com os EUA, o Brasil e demais países.
O Brasil não soube ler adequadamente o real significado dessas transformações e adotou uma atitude reativa. Sem assumir uma atitude de liderança, o que se viu foi o Brasil ser crescentemente confrontado por políticas e decisões adotadas por esses países contrárias a nossos interesses. Em vista das afinidades políticas e ideológicas do PT com os partidos no poder nesses países e da decisão do governo brasileiro de atuar de maneira solidária – no que se transformou na diplomacia da generosidade –, repetiram-se os exemplos de resultados negativos para nossos interesses. A expropriação de duas refinarias da Petrobras na Bolívia, a expulsão de empresas brasileiras no Equador, a demanda de revisão do Tratado de Itaipu pelo Paraguai foram tratados de maneira tíbia pelo Itamaraty.
O fecho de ouro de toda essa ação diplomática, que está fazendo perder uma grande parte do acervo de conquistas acumulado ao longo de um século de cuidadoso equilíbrio de sensibilidades, foi o lamentável episódio de Honduras. A decisão de acompanhar a aventura venezuelana de levar de volta o ex-presidente Zelaya e dar-lhe abrigo e proteção na embaixada brasileira em Tegucigalpa foi um equívoco. O desenrolar dos acontecimentos está deixando o Brasil em uma posição incômoda e vulnerável. Ao não restringir a atividade política de Zelaya dentro da embaixada, o Brasil está contribuindo para desvirtuar o instituto do asilo político. Além disso, quebrou um dos princípios de nossa política externa: o da não intervenção. Do ponto de vista da política externa, no auge da crise de Honduras, a notícia da filiação do ministro Celso Amorim ao PT fecha o círculo e confirma publicamente a partidarização das ações do Itamaraty. Mais uma bomba de efeito retardado para o futuro governo desarmar. - Estado de Minas
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