A embaixada do Brasil em Honduras abrigou o senhor Manuel Zelaya, presidente daquela República, depois de ter sido afastado do governo e expulso do país por haver tentado introduzir a reeleição, vedada terminantemente por sua Constituição, em cláusula imutável. Nela se instalara de maneira estranha e pouco protocolar. Entrou porque chegou e chegou sem ser esperado. Depois de nela aposentado, a reação do governo local não se fez esperar e a sede da nossa representação ficou ilhada, materialmente cercada, com alguns ingredientes nada diplomáticos. Por Paulo Brossard
O novo morador da casa passou a usar seus recursos para dirigir-se pelo rádio aos seus amigos políticos. O próprio encarregado de negócios brasileiro estaria impedido de entrar e sair da sede da nossa representação que, como é sabido, e enquanto tal, é considerada território nacional. A novela internacional dura alguns dias e está a evidenciar a anomalia da situação e, embora as versões possam ser desencontradas, os fatos centrais são certos e notórios.
Tem havido um pouco de tudo, o governo local marcou prazo para o Brasil evacuar a sua embaixada dos novos hóspedes, e o presidente Luiz Inácio respondeu não aceitar intimações de golpistas... Tudo no mais refinado estilo diplomático. Ainda bem que, agora, parece que surgiram sinais indicativos de tratamento civilizado, e nesse sentido é de ser ressaltado o papel da Organização dos Estados Americanos.
O ministro das Relações Exteriores, no Senado, declarou que o Brasil negara transporte aéreo solicitado pelos atuais moradores da nossa embaixada em Honduras, mas o fato é que eles chegaram até a sua porta e por ela lhe tiveram acesso. E aqui se insere um fato de particular importância. Logo que isto ocorreu, pessoa de outras bandas, por sua iniciativa e sem meias palavras, declarou à imprensa conhecer a trama secreta da acidentada migração e, sem qualquer recato, se disse colaborador do êxito, o coronel Chávez, o mais antigo e chegado hermano do nosso presidente. Suas bufonarias são conhecidas aqui e além-mar. Não tenho elementos para dizer que as assertivas do caudilho venezuelano seriam meras gabolices ou declarações objetivas. O fato é que a caravana do senhor Zelaya, de mais de 20 pessoas, não chegou à embaixada brasileira em Tegucigalpa por inspiração do anjo da guarda, nem seria obra de generoso missionário, mas de alguém que tivesse recursos hábeis para a empresa, que não estariam ao alcance de qualquer mortal.
Não desejo tirar conclusões definitivas a respeito do episódio, mas tudo indica que a bem-sucedida locomoção do senhor Zelaya até a embaixada brasileira em Honduras contou com ajuda conspícua e ninguém contestou a versão do senhor Chávez, que depois ficou recatado. Este o fato que parece plausível, dado que para a empreitada era necessário alguém de alto coturno. De resto, é de lembrar-se que na América Latina há um sota especializado. Pois é essa personagem, que tem o Estado da Venezuela nas mãos, que o honrado presidente Luiz Inácio da Silva quer introduzir no Mercosul, como se fosse o elemento de ponderação e equilíbrio de que estaria a carecer a penosa experiência que vem sendo feita entre países sul-americanos. Com as devidas vênias a tão alta autoridade, a ideia não me parece a mais louvável e oportuna. Aliás, a comissão do Senado opinou contrariamente ao ingresso malfadado, e o líder do governo logo cuidou de obstar o desfecho. Zero Hora
O novo morador da casa passou a usar seus recursos para dirigir-se pelo rádio aos seus amigos políticos. O próprio encarregado de negócios brasileiro estaria impedido de entrar e sair da sede da nossa representação que, como é sabido, e enquanto tal, é considerada território nacional. A novela internacional dura alguns dias e está a evidenciar a anomalia da situação e, embora as versões possam ser desencontradas, os fatos centrais são certos e notórios.
Tem havido um pouco de tudo, o governo local marcou prazo para o Brasil evacuar a sua embaixada dos novos hóspedes, e o presidente Luiz Inácio respondeu não aceitar intimações de golpistas... Tudo no mais refinado estilo diplomático. Ainda bem que, agora, parece que surgiram sinais indicativos de tratamento civilizado, e nesse sentido é de ser ressaltado o papel da Organização dos Estados Americanos.
O ministro das Relações Exteriores, no Senado, declarou que o Brasil negara transporte aéreo solicitado pelos atuais moradores da nossa embaixada em Honduras, mas o fato é que eles chegaram até a sua porta e por ela lhe tiveram acesso. E aqui se insere um fato de particular importância. Logo que isto ocorreu, pessoa de outras bandas, por sua iniciativa e sem meias palavras, declarou à imprensa conhecer a trama secreta da acidentada migração e, sem qualquer recato, se disse colaborador do êxito, o coronel Chávez, o mais antigo e chegado hermano do nosso presidente. Suas bufonarias são conhecidas aqui e além-mar. Não tenho elementos para dizer que as assertivas do caudilho venezuelano seriam meras gabolices ou declarações objetivas. O fato é que a caravana do senhor Zelaya, de mais de 20 pessoas, não chegou à embaixada brasileira em Tegucigalpa por inspiração do anjo da guarda, nem seria obra de generoso missionário, mas de alguém que tivesse recursos hábeis para a empresa, que não estariam ao alcance de qualquer mortal.
Não desejo tirar conclusões definitivas a respeito do episódio, mas tudo indica que a bem-sucedida locomoção do senhor Zelaya até a embaixada brasileira em Honduras contou com ajuda conspícua e ninguém contestou a versão do senhor Chávez, que depois ficou recatado. Este o fato que parece plausível, dado que para a empreitada era necessário alguém de alto coturno. De resto, é de lembrar-se que na América Latina há um sota especializado. Pois é essa personagem, que tem o Estado da Venezuela nas mãos, que o honrado presidente Luiz Inácio da Silva quer introduzir no Mercosul, como se fosse o elemento de ponderação e equilíbrio de que estaria a carecer a penosa experiência que vem sendo feita entre países sul-americanos. Com as devidas vênias a tão alta autoridade, a ideia não me parece a mais louvável e oportuna. Aliás, a comissão do Senado opinou contrariamente ao ingresso malfadado, e o líder do governo logo cuidou de obstar o desfecho. Zero Hora
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