TEMPOS DE [OMISSÃO] OBAMA
Integrante do grupo que levou o americano Charles Elbrick há 40 anos tinha tentado outras três vezes sem sucesso
Parece um presente programado pela História. Ou, pelo menos, um sinal de novos tempos com o governo Barack Obama. É o que disse ontem o economista e jornalista Paulo de Tarso Venceslau, um dia após ter conseguido visto para visitar os Estados Unidos — exatos 40 anos depois de participar do sequestro do embaixador americano Charles Elbrick e de, em seguida, escapar da morte na prisão da Oban (Operação Bandeirantes). Ele colecionou, nessas quatro décadas, três negativas do consulado por causa do rótulo de “terrorista”. — Não acreditei. Por Soraya Aggege
Geralmente não chegava nem ao primeiro guichê. Quando passei e o cara do consulado me perguntou por que eu queria ir, disse: “Ouvir um pouco de jazz em Chicago e Nova Orleans e passear pelos centros culturais de Nova York”.
Daí ele consultou o computador, olhou a papelada e disse: “Está concedido”. Pensei: “Não acredito.
Serão novos tempos? Obama mudou mesmo as coisas?” Nenhum dos companheiros de Venceslau na ação, como o ministro Franklin Martins e o deputado Fernando Gabeira (PVRJ), conseguiram até hoje. Sempre que o presidente viaja aos EUA, Franklin é substituído por Nelson Breve, seu assistente.
Gabeira, que teve o visto negado três vezes, comemorou a liberação para Venceslau.
— Fiquei muito feliz por ver os Estados Unidos olhando para a frente e superando velhos ressentimentos. São bons sinais, inclusive com este Nobel para o Obama — disse o deputado.
Paulo de Tarso ou PT Venceslau, como é mais conhecido, começou a programar sua viagem ontem mesmo. Ele pretende ir em janeiro, quando planeja férias do jornal que dirige, “O Contato”, em Taubaté.
Com o caso divulgado ontem pela colunista Sônia Racy, de “O Estado de S. Paulo”, alguns velhos parceiros de militância na ditadura telefonaram para PT Venceslau: — Alguns Ubaldos (personagem de Henfil no antigo “Pasquim“, que sofria de paranoia por causa da ditadura militar) acham que não devo ir, que posso ser preso lá, pois ainda me considerariam um terrorista e tal. Mas não tenho processo lá. Meu único medo é que tenha havido engano, e o consulado casse o meu visto.
Sonho ouvir jazz em Chicago.
Mas também não acredito em Papai Noel.
Além do aniversário de 40 anos do sequestro do embaixador americano, que foi trocado em setembro de 1969 por 15 presos políticos (inclusive o ex-ministro José Dirceu), o ex-guerrilheiro, hoje com 66 anos, comemora outro feito agora em outubro: — São 40 anos certinhos, contados, que vivo como horas extras, desde que deixei a prisão.
Só sobrevivi porque antes mataram Jonas (Virgílio Gomes da Silva, que liderou o sequestro).
E agora recebo um presentão.
Perguntado se repetiria o sequestro, PT Venceslau frisa que os tempos são outros e analisa que Obama iniciou uma transição positiva para o mundo.
Venceslau foi secretário municipal nos governos petistas de Campinas e de São José dos Campos, nos anos 90. Em 98, foi expulso do PT porque fez denúncias contra o hoje presidente Lula e seu compadre Roberto Teixeira. Disse que Teixeira montou uma empresa de consultoria em prefeituras petistas e que recebia elevadas comissões.
Em 2006, foi testemunha do caso mensalão, contra o PT. PT Venceslau se tornou um dos principais desafetos de Dirceu. O Globo
Integrante do grupo que levou o americano Charles Elbrick há 40 anos tinha tentado outras três vezes sem sucesso
Parece um presente programado pela História. Ou, pelo menos, um sinal de novos tempos com o governo Barack Obama. É o que disse ontem o economista e jornalista Paulo de Tarso Venceslau, um dia após ter conseguido visto para visitar os Estados Unidos — exatos 40 anos depois de participar do sequestro do embaixador americano Charles Elbrick e de, em seguida, escapar da morte na prisão da Oban (Operação Bandeirantes). Ele colecionou, nessas quatro décadas, três negativas do consulado por causa do rótulo de “terrorista”. — Não acreditei. Por Soraya Aggege
Geralmente não chegava nem ao primeiro guichê. Quando passei e o cara do consulado me perguntou por que eu queria ir, disse: “Ouvir um pouco de jazz em Chicago e Nova Orleans e passear pelos centros culturais de Nova York”.
Daí ele consultou o computador, olhou a papelada e disse: “Está concedido”. Pensei: “Não acredito.
Serão novos tempos? Obama mudou mesmo as coisas?” Nenhum dos companheiros de Venceslau na ação, como o ministro Franklin Martins e o deputado Fernando Gabeira (PVRJ), conseguiram até hoje. Sempre que o presidente viaja aos EUA, Franklin é substituído por Nelson Breve, seu assistente.
Gabeira, que teve o visto negado três vezes, comemorou a liberação para Venceslau.
— Fiquei muito feliz por ver os Estados Unidos olhando para a frente e superando velhos ressentimentos. São bons sinais, inclusive com este Nobel para o Obama — disse o deputado.
Paulo de Tarso ou PT Venceslau, como é mais conhecido, começou a programar sua viagem ontem mesmo. Ele pretende ir em janeiro, quando planeja férias do jornal que dirige, “O Contato”, em Taubaté.
Com o caso divulgado ontem pela colunista Sônia Racy, de “O Estado de S. Paulo”, alguns velhos parceiros de militância na ditadura telefonaram para PT Venceslau: — Alguns Ubaldos (personagem de Henfil no antigo “Pasquim“, que sofria de paranoia por causa da ditadura militar) acham que não devo ir, que posso ser preso lá, pois ainda me considerariam um terrorista e tal. Mas não tenho processo lá. Meu único medo é que tenha havido engano, e o consulado casse o meu visto.
Sonho ouvir jazz em Chicago.
Mas também não acredito em Papai Noel.
Além do aniversário de 40 anos do sequestro do embaixador americano, que foi trocado em setembro de 1969 por 15 presos políticos (inclusive o ex-ministro José Dirceu), o ex-guerrilheiro, hoje com 66 anos, comemora outro feito agora em outubro: — São 40 anos certinhos, contados, que vivo como horas extras, desde que deixei a prisão.
Só sobrevivi porque antes mataram Jonas (Virgílio Gomes da Silva, que liderou o sequestro).
E agora recebo um presentão.
Perguntado se repetiria o sequestro, PT Venceslau frisa que os tempos são outros e analisa que Obama iniciou uma transição positiva para o mundo.
Venceslau foi secretário municipal nos governos petistas de Campinas e de São José dos Campos, nos anos 90. Em 98, foi expulso do PT porque fez denúncias contra o hoje presidente Lula e seu compadre Roberto Teixeira. Disse que Teixeira montou uma empresa de consultoria em prefeituras petistas e que recebia elevadas comissões.
Em 2006, foi testemunha do caso mensalão, contra o PT. PT Venceslau se tornou um dos principais desafetos de Dirceu. O Globo
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