Honduras: O gênio saiu da garrafa!

Após 90 dias de crise regional, provocada pela destituição constitucional do ex-presidente Manuel Zelaya, muitos governos estão começando a arrepender-se de seu comportamento inicial, frente ao que aconteceu em Honduras.

Desde o início, assumiram uma posição partidária, de apoio incondicional a Zelaya, apesar das inúmeras violações constitucionais em que incorreu o presidente deposto. Eles se apressaram em declarar que havia sido um "golpe militar", embora as forças armadas tenham agido sob as ordens do Congresso e do Supremo Tribunal Federal.

Os governos da ALBA procederam a interferir flagrantemente nos assuntos internos de Honduras, ameaçando inclusive em patrocinar uma invasão armada. Como a ALBA fracassou, a OEA - e particularmente Insulza - quis impor sua vontade aos hondurenhos, sem sequer ouvir as outras partes envolvidas no conflito. Por Alejandro Peña Esclusa

Uma vez que a OEA não conseguiu atingir seus objetivos, em seguida, propôs a mediação de Arias, sob forte pressão do Departamento de Estado para restituir Zelaya. Quando esta estratégia tampouco funcionou, a ONU tomou o bastão, e prometeu sanções severas para o povo hondurenho. Por fim, Lula tirou a máscara de mediador, avalizando o retorno clandestino de Zelaya e fornecendo-lhe os meios para patrocinar uma guerra civil.

A crise hondurenha fez com que os encarregados da segurança mundial esquecessem suas prioridades: pouco importava que, graças à ALBA, o fundamentalismo islâmico avançara na região; que o computador de Raul Reyes documentasse os vínculos entre Chávez e as FARC; que os meios de comunicação na Venezuela fossem fechados; que violaram os direitos humanos na Bolívia; e que malas cheias de petrodólares serão usadas para modificar o cenário político regional. A única coisa importante era o regresso de Zelaya.

Os povos latinoamericanos assistiram com assombro como se conformou uma gangue de poderosos contra um pequeno país da América Central, enquanto os governos da ALBA pisoteavam diariamente nas Constituições de seus países.

Como conseqüência de tanta injustiça, um sentimento generalizado de indignação começou a se espalhar por toda América Latina. Centenas de artigos circularam criticando o duplo discurso da OEA. Os estudantes venezuelanos escolheram a sede da OEA em Caracas para fazer sua greve de fome. Setores políticos no Brasil condenaram que sua embaixada em Tegucigalpa se convertesse em um quartel para promover a violência. Um candidato presidencial boliviano viajou a Washington para que a Comissão Interamericana de Direitos Humanos se ocupasse de cumprir sua função, ao invés de cair sobre Honduras. A Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos se levantou contra o Departamento de Estado e declarou que a sucessão Zelaya foi constitucional. Em resumo, o gênio saiu da garrafa!

Agora que a hipocrisia dos organismos multilaterais ficou em descoberto. Agora ficou evidenciado o controle de Chávez sobre a OEA. Agora que os povos estão reagindo frente a tanta injustiça. Alguns governos estão preocupados; sua arrogância e sua intransigência estão desmoronando, e tratam, sem sucesso, de tentar colocar o gênio de volta na garrafa.

Aconteça o que acontecer no futuro, nada será como antes. O corajoso testemunho do povo hondurenho servirá de inspiração para que as vítimas do Foro de São Paulo se animem a defender seus direitos e a libertarem-se da tirania. Sem dúvida, nós latinoamericanos temos muito a agradecer aos hondurenhos.

Alejandro Peña Esclusa – Via
HoyBolívia

Tradução de Arthur para o MOVCC

Um comentário:

Anônimo disse...

Excelente etexto. Esperamos que abram os olhos do povo da AL.